LUCIDEZ, ONDE ANDA VOCÊ? Em tempos sombrios, nos quais as novas barbáries são espetacularizadas, exalto as claridades lunar e solar. Em noite de lua cheia (curta a lua e economize em remédios), registro um toque do calendário: hoje é o “dia do sol”. Pensando na claridade no plano das nossas relações cotidianas, indago: Qual o paradeiro da lucidez? Onde encontrá-la? Não esqueçamos que a linha divisória entre a insanidade e a loucura é muito tênue. Um pensador questiona se estamos rumando para o abismo. Precisamos pronunciar, com vigor, o verbo cuidar. O planeta, as pessoas e a banalizada vida clamam por cuidados. Ao exaltar as luminosidades astrais, penso na escuridão que emana das racionalidades regentes do descuidado mundo em que vivemos. Leio um texto de Paulo Leminski e sou afetado pela urgência de buscarmos luzes que direcionem para caminhos onde encontremos saídas para os graves dramas que nos atingem. Dos parlamentos legislativos às paradas de ônibus das nossas ruas, necessitamos de clarões que nos motivem a reconhecer as quedas, a não desanimar e dar a volta por cima. Nem tudo são trevas. Brasileiro, profissão esperança? Pelas estradas da vida encontramos criaturas faróis que simbolizam e representam o compromisso com mudanças. Uma questão que cada um deveria colocar para si: Estou transmitindo luz nas minhas performances do cotidiano? Um outro poeta expressou a vontade de nutrir o poder de poesia. Romantismo? O importante é a provocação. Viva a energia solar! Salve o encanto gratuito da lua! E a vida continua com as suas variadas colorações. A gente não quer só pão. Na companhia das letras, LUZES Leminskianas:
Acenda a lâmpada
Às seis horas da tarde
Acenda a luz dos lampiões
Inflame a chama dos salões
Fogos de línguas de dragões
Vagalumes
Numa nuvem de poeira de néon
Tudo claro
Tudo claro à noite,
Assim que é bom
A luz
Acesa na janela lá de casa
O fogo
O foco lá no beco e um farol
Essa noite
Essa noite vai ter sol
Essa noite
Essa noite vai ter sol