DIA 02 DE JUNHO É O DIA DAS DAMAS DA NOITE: Ontem, dia 02 de junho de 2015, foi o Dia Internacional das Prostitutas. A pagela do “Coração de Jesus”, calendário franciscano que sempre registra a data comemorativa de cada categoria profissional, não fez nenhuma referência a tal celebração. Jesus Cristo não andava acompanhado pelos excluídos do seu tempo? Em Teresina (PI), a APROSPI (Associação de Prostitutas do Piauí) promoveu um ato público reivindicando políticas públicas para as profissionais do sexo. As “damas da noite”, que vivem “fora da roda”, segundo Caio Fernando Abreu, merecem visibilidade. Os direitos humanos dizem respeito a elas e também a eles. Não esqueçamos do negócio do michê, da prostituição viril dos garotos de aluguel. Estigmatizá-los é torná-los invisíveis e esquecer que são sujeitos desejantes, sonhadores e que têm todas as potencialidades humanas. Pessoas multifacetadas e multidimensionais com as ambiguidades e contradições comuns a todos os mortais. Dores e delícias fazem parte dos seus shows cotidianos. Na vida para consumo, as pessoas são transformadas em mercadoria. Qual a carne mais barata do mercado? A elas e eles que trabalham na bolsa do sexo também é direcionada a mensagem do poeta, que diz: “gente nasceu para brilhar e não para morrer de fome”. Enquanto os homens exercem os seus podres poderes, as prostitutas seguem nas suas batalhas. Solidário com as “Genis” e “Marias Madalenas” de todas as zonas e na companhia das letras buarquianas, na sua “Ópera do Malandro”, trago seus nomes para dentro do calendário e ofereço a elas uma composição de Chico Buarque para lembrar que fazem história. Os corpos dão romances e viram “Folhetim”:
Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres
Que só dizem sim
Por uma coisa à toa
Uma noitada boa
Um cinema, um botequim
E se tiveres renda
Aceito uma prenda
Qualquer coisa assim
Como uma pedra falsa
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim
E eu te farei as vontades
Direi meias verdades
Sempre à meia-luz
E te farei vaidoso, supor
Que és o maior
E que me possuis
Mas na manhã seguinte
Não conta até vinte
Te afasta de mim
Pois já não vales nada
És página virada
Descartada do meu folhetim