-

PPGPP100 - ATIVIDADE PROGRAMADA I - Turma: 03 (2015.1)

Visualização de Notícia
  • AVE CIGANA
  • 17/06/2015 00:47
  • Texto:

    AVE CIGANA: Estamos na Semana do Migrante e convém refletirmos sobre as dores e as delícias que atravessam as léguas, por vezes tiranas, dos processos migratórios. Movimentos planetários nas incertezas de um mundo “globarbarizado”. Os veículos midiáticos exibem o escandaloso espetáculo dos africanos que morrem, nas suas travessias marítimas, em direção ao continente europeu visto como um oásis diante da penúria em que vivem nos seus países de origem. No caso brasileiro, temos o exemplo clássico da triste partida do nordestino, expulso pelas históricas secas ( transformadas em uma “indústria” ) em direção ao “Sul maravilha” na busca por melhores condições de vida. Expulsos de suas terras, transportados em paus-de-arara, os “baianos”, em São Paulo e os “paraíbas”, no Rio de Janeiro, não iam à procura só de pão. Não esqueçamos das nossas multidimensionalidades. Emprego, afetos e diversão fazem parte dos múltiplos desejos humanos. Experimentar a sensação de ser estrangeiro, dentro do seu próprio país, gera desconfortos. Alvos de preconceito, protagonizaram tristes partidas e sentiram na pele o incômodo de serem excluídos nos vários “Brasis” da nossa “Belíndia” tropical. Os diversos ais, gozosos e dolorosos, emitidos pelos migrantes, encontraram a companhia das letras de Luiz Gonzaga, Raquel de Queiroz, Patativa do Assaré, Graciliano Ramos, dentre outros, que fizeram uso de suas letras para narrarem as trajetórias sertanejas de Severinas vidas pagadoras de promessas. Vidas secas, com lamentos sertanejos de brasileiros que têm a esperança como profissão. Drama humano que segue sob trilhas sonoras inspiradas no encontro com a natureza e seus símbolos. Na aquarela musical nordestina da Asa Branca, os desejantes “cabras da peste” migram em busca de um lugar ao sol. Em uma viagem musical ao ano de 1983, encontro o disco “Coração Brasileiro”, de Elba Ramalho, e retiro da invisibilidade todos os migrantes com o canto da AVE CIGANA (Zé Américo/ Salgado Maranhão) que dá título a uma das faixas de um barulhinho bom e biscoito fino musical:

    Ave de sertão, eu sei que sou

    A terra me acompanha aonde vou

    Dolente no meu jeito de cantar

    E de viver seguindo

    Ave de arribação

    Asa de beija-flor

     

    Meu coração assim cigano

    É feito esse verão em teu olhar

    Por onde passa o dia e passa a noite

    Passa a canção

    Passa um solar

    Tanto luar sem fim

     

    Pontas de recordações

    Já cantei o sol no cimento

    Da cidade

    Já vivi tão só o lamento

    Da saudade

     

    Mas minha canção é retirante

    É feito vagalume pelo ar

    Brilhando em toda parte,

    Em cada olhar

    Em qualquer sertão,

    Em qualquer coração

    Brilhando em toda parte,

    Em cada olhar

    Em qualquer sertão,

    Em qualquer coração

     

     



Voltar

SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação - STI/UFPI - (86) 3215-1124 | sigjb04.ufpi.br.sigaa vSIGAA_3.12.1089 22/07/2024 14:26