francisco ferreira barbosa filho

FIS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA/CCN

PPGS003 - SEMINÁRIO DE PROJETO - Turma: 03 (2015.2)

Visualização de Notícia
  • BENT E O AMOR DE IGUAIS
  • 24/08/2015 12:01
  • Texto:

    BENT EM EXIBIÇÃO NA “TELA SOCIOLÓGICA MOSTRA O AMOR DE IGUAIS”. SESSÕES: DIAS 25 e 26 DE AGOSTO DE 2015, ÀS 16 HORAS, NA SALA DE VÍDEO II (CCHL/UFPI). A TELA SOCIOLÓGICA levanta a bandeira da diversidade e orgulhosamente apresenta uma bela obra artística. BENT é um dos filmes mais tocantes sobre o tema das relações homossexuais. Com roteiro e peça original de Martin Sherman, o filme é dirigido por Sean Mathias. A narrativa mostra como os homossexuais eram tratados nos campos de concentração nazista. As “bichas” ou “libélulas”, vistas como “pervertidas”, sofriam torturas e eram submetidas aos investimentos sádicos dos vigilantes e punidores representantes da Gestapo nazista. Os olhos do poder disciplinavam os corpos com trabalhos forçados e absurdos. Na voz de um dos torturados percebemos a perversidade das tarefas que eram impostas: “Não faz sentido, não tem propósito. Fazem isso para nos deixar loucos”. Carregar pedras de um canto para o outro. Um vai e vem mecânico. Atividade de Sísifo, desprovida de significação para quem a executava. Os prisioneiros eram forçados a uma robotizada resposta: “Sim, Senhor”. Os condenados pelo “amor que não ousa dizer o seu nome” usavam um distintivo em suas vestes, que rebaixava a posição que ocupavam no espaço prisional onde estavam encarcerados. Atentemos para a fala de um deles: “Bicha. Se você é bicha, é isso que você usa. Os judeus, uma estrela amarela. Políticos, um triângulo vermelho. Criminosos, verde. Rosa é o mais baixo de todos”. Em tal contexto violento, rebenta uma relação amorosa entre Max e Horst. Diante da impossibilidade de uma aproximação física entre eles, recorrem a um imaginativo exercício mental que conduz a um gozo e êxtase, ampliadores da visão estreita na qual enquadramos a sexualidade humana em limites genitais. Um drama humano conduzido com delicadeza e sensibilidade. Personagens humanos na aspereza individualista de quem quer salvar a própria pele e que deixam aflorar a ternura dos seus afetos. Do teatro para o cinema, o texto fílmico ganha a música original composta por Philip Glass. As dores e delícias provadas pelos personagens são acompanhadas pelo som de violinos, viola, cello, piano e clarinete. A trilha sonora dá o tom da trágica experiência de sujeitos violentados por protagonizarem uma particular expressão amorosa vista como criminosa, patológica, pecaminosa e desviante. Sodomitas, “anormais”, “desviantes”, “sem-vergonha” e todo tipo de adjetivações estigmatizantes foram imputadas aos perseguidos pelos poderes normatizadores. Polícia neles. Horst relata: “Eu era enfermeiro. Disseram que eu não podia ser enfermeiro. Já pensou tocar no pau de um paciente? Disseram que ao invés de eu ser enfermeiro, deveria ser preso”. BENT é uma fonte documental de um momento sombrio da história da humanidade. Os podres poderes de um momento histórico que negava direitos humanos e desprezava o conceito de diversidade. Obra provocadora e impactante. O artista responsável desvela, descortina, desmascara e denuncia. Ao seu modo, apresenta a sua singular linguagem para ampliar a visibilidade das relevantes questões da subjetividade humana. A sexualidade constitui, de modo visceral, uma das nossas múltiplas dimensões. Somos criaturas desejantes e para chegarmos perto da almejada felicidade, precisamos ouvir os múltiplos desejos que são paridos pela nossa multidimensionalidade. Dos ais dolorosos e gozosos dos gemidos humanos, os criadores de BENT extraem beleza e gravidade. De tal façanha rebenta o orgulho de sermos.

     



Voltar

SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação - STI/UFPI - (86) 3215-1124 | sigjb06.ufpi.br.instancia1 vSIGAA_3.12.1100 25/08/2024 00:28