TELA SOCIOLÓGICA: O ANJO EMBRIAGADO. DIA 17 DE NOVEMBRO DE 2015. SESSÕES: 16 E 18 HORAS. LOCAL: SALA DE VÍDEO II (CCHL/UFPI). Com maestria, Akira Kurosawa revela ter sido um profundo conhecedor da nossa humanidade. Sem reducionismos e maniqueísmos, constrói personagens multifacetados e com as potencialidades humanas para a prática de gestos nobres e vilanias. O anjo embriagado é um médico dedicado aos seus pacientes mas estigmatizado por exceder no uso de bebidas alcoólicas. Um cuidador humanizado que atua em uma região marcada pela falta de saneamento básico e a violência manifestada pelas disputas entre gangues. Um contexto favorável para a proliferação de mosquitos e tensões  nos relacionamentos entre indivíduos complexos nas suas capacidades de provocarem fascínio e terror. Na tela, “como qualquer experiência do mundo, o cinema nos faz ficar cara a cara com nós mesmos”. Assim escreveu Jean-Claude Carrière em seu livro “A Linguagem Secreta do Cinema”. Akira Kurosawa poderia ser apresentado como um cineasta filósofo. Ele se encaixaria nas seguintes palavras, escritas pelo autor antes citado: “Alguns realizadores se preocuparam com assuntos além do cotidiano, para perscrutar não apenas um modo de vida, mas uma razão de viver. Unir uma história contada em filme com um questionamento profundo da vida – esse tem sido o sonho permanente dos mestres japoneses. ...Eles nos mostram o seu tempo, que é também o nosso, e o espelho que eles nos exibem sempre contém algumas surpresas sobre nós mesmos”. Profundidade, sutileza e delicadeza são palavras - chave na obra cinematográfica de Kurosawa. O ANJO EMBRIAGADO inebria a quem tem sede do belo artístico.