No carnaval de 2011, a G. R. E. S. Imperatriz Leopoldinense trouxe a seguinte advertência: “Sambar faz bem à saúde”. “Quem não gosta de samba, bom sujeito não é”. Revivendo carnavais, suas histórias e suas glórias, celebramos a festa, a brincadeira, o lúdico. O homo ludens entra na batalha de confetes e serpentinas. A gente quer diversão. Somos multidimensionais. Em frenéticos movimentos, abramos nossas asas, soltemos nossas feras e caiamos na gandaia. Um dancing days com pierrôs e colombinas. O sagrado e o profano invadem as nossas avenidas sob o império da diversão. Em 1977, no seu eletrizante “Muitos Carnavais”, Caetano Veloso cantou uma inspirada sacada antropológica: “O carnaval é invenção do diabo que Deus abençoou”. As cruzes dos nossos cotidianos dão uma trégua. Entretenimento, leveza, gozo, êxtase e alegria pedem passagem. Abram alas para o desfile dos brincantes. Tarja branca para eles. E por falar em vida saudável, o carnavalesco tira o pé do chão mas não perde a chance de fazer a sua crônica da realidade, com o tempero irreverente do humor. Carnavalizar a vida remete a uma crítica, não sisuda, do ambivalente mundo em que vivemos. Um baile de máscaras da divina tragicomédia humana. É para uma sociedade medicalizada e mercantilizada como a nossa que evoco o samba OBRIGADO DOUTOR (Nassára – Roberto Martins), lançado em 1950, mas preservando o seu frescor. Com um toque humanizador, os compositores foliões lembram da existência de múltiplas receita(s) para os diversos males nossos do dia a dia. Somos biopsicossociais e existem diversos modelos médicos. Não esqueçamos que saúde é uma mercadoria. A gratidão do sambista é dirigida a um sensível médico que não se limita a prescrever cápsulas, comprimidos e xaropes. Canta, Silvio Caldas com Severino Araujo e sua Orquestra Tabajara!
Obrigado doutor!
Minha vida eu devo ao senhor
Ao senhor por me haver receitado
Muito vinho, dinheiro e amor
Minha vida hoje em dia tem mais sabor
Obrigado, obrigado doutor!
Ai, doutor!
Penicilina não resolve o mal de amor
Nem vitamina dava jeito à minha dor
A medicina não me ajudou...
Ai, doutor!
Sua receita foi a minha salvação
Eu precisava alegrar meu coração
E felizmente o senhor acertou
Obrigado doutor!
