Teatro com densidade sociológica. É o que apresenta o coletivo teatral SOCIEDADE LÍQUIDA que, da cena paulistana, parte em excursão artística pelos vários brasis para promover a reflexão sobre os nossos tempos, amores e medos líquidos. Ancorados em Zygmunt Bauman, somos plateia que vê a representação do cotidiano de um “mundo líquido moderno”. Modernidade e vida líquidas. Aprendendo a pensar com a Sociologia e com a dramaturgia teatral. Na companhia do elenco da consistente encenação da SOCIEDADE LÍQUIDA, somos levados a pensar sobre o capitalismo parasitário, o medo na cidade e as consequências humanas da globalização. Vida para consumo onde as pessoas são transformadas em mercadoria. Compro, logo sou. Sou visto, logo existo. Idade mídia com seus confessionários portáteis, eletrônicos e móveis. O mal-estar ganha expressão no espaço dramatúrgico. As nossas ambivalências e paradoxos são encenados com a singularidade da visão tragicômica do dramaturgo. A sociedade individualizada da vida a crédito e em fragmentos. Vidas desperdiçadas e espetacularizadas. Os lobos estão em Wall Street e rondando as esquinas das nossas selvas de pedra. Abutres seguem as rondas policiais, criminalizam a pobreza e batem recordes de audiência. Globarbarização. Artistas com a ética da responsabilidade e atentos aos sinais dos progressos e regressões de uma era de turbulências e incertezas. Arte comprometida, crítica e provocadora. Tais reflexões foram motivadas pela peça MANTENHA FORA DO ALCANCE DO BEBÊ. Texto de Silvia Gomez e direção de Eric Lenate. Viva o teatro e aplausos para todos os que fazem arte que “desafina o coro dos contentes”.