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PPGPP101 - ATIVIDADE PROGRAMADA II - Turma: 10 (2016.2)

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  • O BÊBADO E A EQUILIBRISTA
  • 30/12/2016 23:22
  • Texto:

    O filme ELIS, de Hugo Prata, focaliza a dimensão política da artista Elis Regina. O fato de ter cantado para os militares (“gorilas”) do regime ditatorial provocou reações negativas no meio artístico daquela sombria conjuntura. A sua magistral gravação de O BÊBADO E A EQUILIBRISTA (João Bosco/Aldir Blanc), bela canção que trilhava o processo da abertura política que estava em construção, esclarece o real posicionamento político de uma cantora humana demais, ou seja, com as contradições e ambiguidades de todos os mortais. Patrulhamentos, rotulações e enquadramentos fazem parte do show de quem assume posições. Elis foi uma cantora antenada com o seu tempo. A visceralidade do seu canto, embasado em um repertório garimpado dos nossos mais vigorosos compositores, credita um peso político a uma intérprete comprometida com a qualidade artística. Tal comprometimento é a maior contribuição política que um artista pode oferecer a um país que não valoriza a arte e a cultura, relegadas a posições periféricas. Ter uma composição gravada por Elis era um prêmio para qualquer compositor. Para Ivan Lins significava mais do que vencer um festival de música. Aldir Blanc exalta a competência da personalíssima e brilhante intérprete: “Fui a um show, por incrível que pareça eu não lembro de quem, e uma figura bateu nas minhas costas, eu virei e o cara estendeu a mão para mim e disse assim: “Eu sou irmão do Henfil, meu nome é Betinho e eu voltei por causa daquela música. Eu nunca vou te perdoar, seu filho da puta, porque voltar deve ter sido uma tremenda mancada”. E a gente se abraçou e virou irmão e tal até o fim. O Bêbado e a Equilibrista com a Elis é muito especial. A Elis, nas suas interpretações, era parceira. E a Elis, quando canta esse samba, ela não canta o samba da gente, ela canta o samba dela. É por isso que esse samba da Elis Regina provocou uma reação assim no Brasil que foi espontânea e instantânea, porque ela cantou cada palavra daquele samba, cada linha melódica, cada silêncio, cada respiração daquele samba ela cantou como se fosse dela, ela se apoderou daquilo como se ela dissesse ‘isso aqui foi eu que fiz’”.



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