Noel Rosa é Universidade da Vila Isabel. Poeta que não tem prazo de validade. Poesia, política, filosofia, amor, boemia e crônica do cotidiano. Do pierrô apaixonado a quem está “...coberto de farrapo...”, o olhar sensível da sua sonoridade. Atento aos sinais dos tempos, ele compôs com inteligência, beleza e crítica social. Compositor porta-voz dos nossos sentimentos, desejos, emoções e indignação. “Com que roupa que eu vou... pois o dinheiro não é fácil de ganhar...”. A arte musical assume a sua dimensão de compromisso com o desmascaramento das nossas mazelas. Indiferença não combina com quem ousa dizer que é artista. A corrupção é um dos graves problemas que tem acompanhado a história do Brasil. Desconfiado da gênese de certos patrimônios materiais, Noel compôs canções que poderiam fazer parte da trilha sonora de um filme chamado Brasis. A ópera da colunável malandragem nacional encontra um inspirado tradutor. No espetáculo da operação lava-jato ressurge a interrogação Noelina: ONDE ESTÁ A HONESTIDADE? Na companhia musical de Noel Rosa (barulhinho bom! Biscoito fino!) reproduzo uma d(i)scoberta desveladora do genial músico. Para limpar o Brasil, o alento da poética dos nossos Noeis. Atentemos para ONDE ESTÁ A HONESTIDADE? :

Você tem palacete reluzente

Tem jóias e criados à vontade

Sem ter nenhuma herança ou parente

Só anda de automóvel na cidade...

E o povo já pergunta com maldade:

Onde está a honestidade?

Onde está a honestidade?

O seu dinheiro nasce de repente

E embora não se saiba se é verdade

Você acha nas ruas diariamente

Anéis, dinheiro e felicidade...

E o povo já pergunta com maldade:

Onde está a honestidade?

Onde está a honestidade?

Vassoura dos salões da sociedade

Que varre o que encontrar em sua frente

Promove festivais de caridade

Em nome de qualquer defunto ausente

E o povo já pergunta com maldade:

Onde está a honestidade?

Onde está a honestidade?