-

PPGPP101 - ATIVIDADE PROGRAMADA II - Turma: 10 (2016.2)

Visualização de Notícia
  • ...AS RAINHAS DOS MARACATUS SÃO AS CANDACES DOS NOSSOS DIAS
  • 28/02/2017 11:28
  • Texto:

    Na companhia de letras carnavalizadas exalto um rico e belo texto: MARACATUS, AFOXÉS, COROAÇÕES, REZAS E OUTROS BATUQUES. Um livro de Inês Mapurunga. Um documento histórico e sócio-antropológico para ser lido e ouvido. Um barulhinho bom acompanha a pérola literária. Um dos encantos do carnaval fortalezense é ver o desfile dos maracatus. Yes, nós temos maracatu! A avenida vê o cortejo do povo da raça Brasil. O canto das três raças, com destaque para a nossa pretinhosidade. Um bailado de beleza, luta e resistência. Salve Zumbi! É tambor, é reza. Sagrado e profano rompem barreiras na kizomba carnavalesca. Festejo de vários matizes religiosos. De São Benedito a Olorum, tem comes e bebes para todos. Salve Yemanjá! Expressão popular dos que não têm voz e vez. Excluídos e periféricos ganham o centro das atenções. O embalo sonoro é conduzido pelas loas cantadas. Um canto de amor aos Orixás. Poesia e política em tom de profecia. Anúncio de novos tempos e denúncia das opressões nossas de cada dia. Tambores dão o tom da cadência. Com fantasias brilhantes, os oprimidos recontam os seus gemidos históricos. A loa mostra “pérolas de lágrimas”. Ais gozosos e dolorosos. É a celebração das conquistas. A consciência atenta para o muito a ser ainda conquistado. “Enquanto os homens exercem os seus podres poderes, negros e índios fazem o carnaval”, como diz o mestre Caetano. Espetáculo da transgressão. Ifaradá! Uma aula de história na passarela momina. Corpos falantes desfilam um outro olhar para expor o que não foi dito pela “civilização” imposta com a cruz e pela espada. Salve a deusa dos Orixás! A senzala, na caricatura carnavalesca, reina poderosa e dá o seu show. Reis e rainhas por um dia. “Vagalumes dançando” com o requebrado da Calunga. O branco pinta o rosto de preto. O homem vira rainha. Travestismos subvertendo a ordem. As vozes da África montam a sua coroação. Leões são coroados. Batucada que sai dos porões e encanta na pista iluminada. Relicário histórico sob as bênçãos de Xangô. E a pergunta que não quer calar foi pronunciada, no carnaval de 2009, pelo Maracatu Nação Iracema. Na autoria de Inês Mapurunga e com o auxílio luxuoso do solo de Berimbau de bacia por Descartes Gadelha, ecoa a loa: “Áurea, ô Áurea/ O que foi feito de nós/ Onde está nossa vez/ Onde ficou nossa voz”. Gilmar de Carvalho vê “a África dentro de nós”. Também vejo e vou para a rua ver o maracatu jangadeando com o grito do Dragão da terra da luz.



Voltar

SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação - STI/UFPI - (86) 3215-1124 | sigjb06.ufpi.br.instancia1 vSIGAA_3.12.1100 24/08/2024 23:20