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PPGS005 - METODOLOGIA DA PESQUISA II - Turma: 01 (2018.2)

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  • A MORTE DE ESTEBAN, O FILHO ÚNICO DE MANUELA
  • 03/11/2018 00:12
  • Texto:

    Uma grande amiga minha desabafou sobre a dor de ter perdido a sua filha. A jovem estava caminhando para completar os seus vinte anos de idade. Uma singular experiência, intraduzível segundo o seu visceral relato. Fala rebento das entranhas de uma criatura partida. Coração materno hoje sobrevivente, após o calvário da despedida. O tempo passa mas a ruptura umbilical reaparece em evocativas lembranças. Um processo subjetivo, sem linearidade. Marca inapagável das paredes da memória de quem fica. Tatuagem gravada no miolo do ser. Mais de dez depois, a mãe ainda continua marejando o seu olhar quando evoca a viagem da sua amada cria. Lutos e as suas reticências. Hoje, chorei revendo uma fotografia do meu pai, falecido em 2009. A vida segue com seus altos e baixos. Encontros e despedidas nos seus eternos movimentos. O poeta escreveu que a saudade é “arrumar o quarto do filho que Já morreu”. Pedaço de si que vai. Ai doloroso levado para as telas cinematográficas pela sensibilidade de Pedro Almodóvar. Cineasta amante das mulheres. Um protagonismo feminino é estrelado pelas suas atrizes. Feminismo artístico dirigido por um homem de uterina masculinidade. Diretor grávido de pulsantes criações fílmicas. As dores e as delícias maternais foram por ele traduzidas no belo e profundo TUDO SOBRE MINHA MÃE. Um filme que fala de perdas e dos seus consequentes danos. Manuela perde Estebán, o seu filho único. Em uma cena teatral, a atriz Huma Rojo, em uma homenagem a Lorca, verbaliza o grave significado da perda focalizada: “Tem gente que pensa que os filhos são coisa de um dia. Mas se demora muito, muito. Por isso, é tão terrível ver o sangue de um filho derramado no chão. Uma fonte que corre durante um minuto e que a nós nos custou anos. Quando encontrei o meu filho, estava jogado no meio da rua. Eu molhei as mãos de sangue e as lambi com a língua. Porque era meu sangue. Os animais lambem, não é mesmo? Eu não tenho nojo do meu filho. Você não sabe o que é isso. Em um ostensório de cristal e topázios eu colocaria a terra empapada com o seu sangue”. TELA SOCIOLÓGICA: TUDO SOBRE MINHA MÃE. DIA: 06 DE NOVEMBRO DE 2018. 18 HORAS. SALA DE VÍDEO II (CCHL/UFPI).



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