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PPGS005 - METODOLOGIA DA PESQUISA II - Turma: 01 (2018.2)

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  • OS OITENTA ANOS DE BALEIA
  • 21/11/2018 00:22
  • Texto:

    TELA SOCIOLÓGICA: VIDAS SECAS. 22 DE NOVEMBRO DE 2018. 18 HORAS. SALA DE VÍDEO II (CCHL/UFPI). A Tela Sociológica é promotora do diálogo entre literatura e cinema. Duas fontes para a pesquisa sociológica. Poliglotas, possibilitam o acesso aos mais urgentes e relevantes temas da vida cotidiana. A língua portuguesa registrou um clássico encontro entre dois dos seus mais expressivos criadores: o escritor Graciliano Ramos e o cineasta Nelson Pereira dos Santos. Vidas Secas é o título da obra que possibilitou a aproximação entre os talentos do escritor e do diretor cinematográfico. O citado livro, publicado em 1938, comemora, em 2018, o seu aniversário de 80 anos. O filme homônimo é datado de 1963. Preto e branco para as imagens “dos galhos pelados da catinga rala”. Marcha de quem secou os olhos por conta de “nenhuma nuvem bonita pra chover”. Caminhos abrasados e espinhosos percorridos por quem via “o voo negro dos urubus” fazendo “círculos altos em redor de bichos moribundos”. Gente andarilha em um deserto pisado pelas alpercatas de criaturas famintas, cansadas e feridas. Estrada de Canindé a pé ou de pau de arará? Via sacra de penosas estações. Jesus sertanejo e um “viva meu padim”.

     “Condenados” e “excomungados” pelo fazer político dos mandões dos áridos territórios. Fabiano, Sinhá Vitória, o Menino Mais Novo, o Menino Mais Velho e a cachorra Baleia são os protagonistas de uma trágica narrativa brasileira, em especial a nordestina. Um dos brasis, o pobre, é desnudado pelas letras e lentes de dois pensadores brasileiros. Cada um, na sua linguagem textual, lança o seu singular olhar sobre a pobreza construída socialmente. A dupla desnaturaliza um drama social que resulta das injustiças e desigualdades estruturais produzidas ao longo de um secular processo histórico. Narrativas realistas das profundezas de um país de excluídos. Grandes sertões e veredas trilhadas pelos abandonados Fabianos e seus familiares de ontem e os de hoje. Sertanejos continuam sendo mandados “para lá”. “Que iriam fazer?” Migrações romanceadas e filmadas pelas sensibilidades dos artesãos da nossa cultura. Nas páginas e nas telas, secura e beleza rebentam das concepções arteiras dos dois criativos brasileiros. Personalidades faróis em práticas discursivas consistentes, críticas e incômodas. Para ler, ver e pensar. Aplausos para Graciliano Ramos e Nelson Pereira dos Santos.

    Palmas que remetem às linhas textuais do último parágrafo de Vidas Secas. “Fuga” intitula o seu capítulo final e reafirma os brasileiros “do norte” como profissionais da esperança. “Dias melhores virão”. Sonhadores, fogem como aves de arribação. Pernas, para que te quero? No horizonte, uma “Canaã” tropical onde jorra leite e mel. Reencantamento vital depois de terem sentido “... o cheiro de carniças que empestavam o caminho” por eles atravessado: “... Iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida. Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. Repetia docilmente as palavras de sinhá Vitória, as palavras que sinhá Vitória murmurava porque tinha confiança nele. E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. ... Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela”. Em 2018, nos globarbarizados, ambivalentes e incertos tempos em que vivemos, do Ceará à mãe África, Fabianos & companhia seguem sonhando. E assim caminha a humanidade. Dos sertões euclidianos, gracilianos e dos de Guimarães rumam para... .



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