-

PPGS024 - TEORIA SOCIOLÓGICA I - Turma: 01 (2015.1)

Visualização de Notícia
  • TELA SOCIOLÓGICA
  • 10/03/2015 22:10
  • Texto:

    TELA SOCIOLÓGICA: ANNA KARÊNINA, UM FILME DE JULIEN DUVIVIER, BASEADO NO ROMANCE DE LIEV TOLSTÓI. EXIBIÇÃO: DIA 12 DE MARÇO (2015). SESSÕES: ÀS 16 E 18 HORAS. LOCAL: SALA DE VÍDEO II(CCHL-UFPI). ENTRADA FRANCA.

    Anna Karênina (Inglaterra, 1948), dirigido por Julien Duvivier, é um filme baseado no romance de Liev Tolstói. Um grande livro no cinema. Texto fílmico que possibilita uma reflexão sobre conceitos sociológicos básicos. Na Rússia do século XIX, os trens que fazem o trajeto entre São Petersburgo e Moscou atravessam as geladas paisagens da história de amor entre Anna Arcádievna e o Conde Vronski. Nada dramático se Anna não fosse casada com Alexei Alexandrovitch, funcionário público do alto escalão do Estado russo. Mais uma mulher adúltera a enfrentar as “mãos cheias de pedras” e a “fofoca de línguas maldosas” de uma sociedade voltada para a “preservação das aparências”. Um “escândalo público”, um crime, uma “patologia” social que demanda punição para guardar a honra de “um marido enganado”. Filme exemplar para entendermos a manifestação cotidiana do conceito de coerção social. É lição básica da Sociologia que os fatos sociais são coercitivos. Durkheim encontraria em Anna Karênina, seja no livro escrito ou nas suas adaptações cinematográficas, um exemplo perfeito para ilustrar o como as maneiras de pensar, de agir e de sentir se impõem sobre os indivíduos. A culpa de Anna, ao ferir os “princípios cristãos” e as “convicções religiosas” do seu tempo é atentar contra a moral e os “bons costumes” do momento histórico no qual protagoniza um ato “pecaminoso” a ser julgado pelas “cortes eclesiásticas”.

    Uma fala emitida no filme sintetiza o preço a ser pago por quem ousa desafiar as convenções sociais que ditam o que é “normal”, “certo”: “A regra de ouro é que as hipocrisias não devem ser infringidas”. No decálogo cristão, “não cometerás adultério” é um dos dez mandamentos. Para os “desviantes”, o “olho do poder”, voltado para a normalização e a normatização sociais, vigia e pune. O “inferno” produzido pelos “outros”, os controladores do “bom” funcionamento da sociedade, se instala na vida dos transgressores (“perigosos”) que passam a lidar com os comentários dos fofoqueiros de plantão, ou seja, os agentes do controle social. Os desdobramentos subjetivos da coerção imposta sobre os indivíduos pode levá-los ao desenvolvimento de doenças psicossomáticas e em casos extremos à prática do suicídio. O que é a sociedade? Quais são os seus mecanismos de funcionamento? Tais questionamentos encontram em Anna Karênina, literária e cinematográfica, um “auxílio luxuoso” enquanto fonte de dados para a compreensão das relações sociais. O sentido das nossas ações (afetivas, tradicionais, racionais em relação a fins e ancoradas em valores), em uma sociologia compreensiva weberiana, ganha visibilidade através das motivações que impulsionam os personagens nas suas orientações comportamentais. Uma sociedade camarotizada, de desiguais, conflituosa e elitista são marcas do contexto social mais amplo dentro do qual a narrativa é construída. Uma teoria do conflito, embasada em Karl Marx, também será contemplada com a profundidade de um texto literário e fílmico atento aos sinais dos tempos retratados. O acesso a conceitos sociológicos fundamentais, através da linguagem cinematográfica, alicerça uma metodologia que encontra no filme Anna Karênina um produto que justifica a relevância da escolha de tal recurso metodológico. Coerção e controle sociais, preconceito, moral, suicídio, família e outras noções sociológicas estão contidas em ANNA KARÊNINA, um filme que ajuda no trabalho de desvendamento das máscaras sociais.

     

     

     



Voltar

SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação - STI/UFPI - (86) 3215-1124 | sigjb05.ufpi.br.instancia1 vSIGAA_3.12.1100 25/08/2024 00:25