JESUS CRISTO SUPERSTAR DESAFINANDO O CORO DOS CONTENTES: Muitos cristãos insistem em divulgar uma imagem açucarada e despolitizada da figura histórica de Jesus Cristo. Uma liderança carismática que foi morta por enfrentar profeticamente, com anúncio e denúncia, os poderes eclesiásticos e políticos do seu tempo. Os teólogos da libertação apresentam um Jesus comprometido com uma opção preferencial e solidária pelos pobres e excluídos. Tal proposta é negada na sociedade atual ( a brasileira, em particular) que criminaliza a pobreza. No nosso cotidiano, ser pobre é sinônimo de criatura perigosa. Em Teresina, os jovens que chegam no Teresina Shopping, de ônibus, precisam apresentar um documento de identificação para os seguranças de plantão. A criminalização dos pobres é de uma crueldade desumanizante e ela constitui uma violação da dignidade humana. O Cristo bíblico expulsou, indignado e aos gritos, os vendilhões do templo. O que ele faria hoje diante das “pequenas igrejas, grandes negócios” de um próspero mercado religioso? Legitimaria a sociedade dos consumidores ( “compro, logo sou” ) onde as pessoas são transformadas em mercadoria? Daria audiência ao espetáculo televisivo das rondas policiais que fazem sucesso com a dramatização do derramamento de sangue humano? Em tempos quaresmais, faço tais provocações ancorado na visão do filme JESUS CRISTO SUPERSTAR, dirigido por Norman Jewison e baseado na ópera rock de Tim Rice e Andrew Lloyd Webber. O nome de Jesus, assim como o de Deus, é manipulado em função dos mais variados interesses. Não esqueçamos que fomos colonizados por uma “civilização” que se impôs com a cruz e a espada. Os que matam e amam, moldam as imagens de Cristo que melhor se coadunam com os seus investimentos de reprodução da ordem vigente ou de transformação da mesma. Um Cristo, visto como perigoso pelo olho vigilante do poder, desmascara o farisaísmo dos “sepulcros caiados” de um apartheid social que camarotiza, ou seja, de um lado os “Vips” e do outro a “ turma da pipoca”, separada, por cordas, dos “bem nascidos”. Na companhia de Maria Madalena, Jesus rompe com os preconceitos e estigmas produzidos em uma realidade que gera criaturas invisíveis, sem voz e sem  vez. Justiça social, redistribuição de renda, transporte coletivo de qualidade, moradia para os sem teto, saúde e educação públicas de qualidade e outras demandas humanizadoras têm mais a ver com Jesus Cristo do que as pregações quietistas de sermões opiáceos. JESUS CRISTO SUPERSTAR será exibido na TELA SOCIOLÓGICA do dia 26 de março de 2015, na sala de vídeo II (CCHL – UFPI). Sessões às 16 e 18 horas. Entrada franca.