Unidade II- Planejamento na Educação Infantil. (05/12/2025 - 05/12/2025)
Infância, Escolarização e a Construção dos Projetos Político-Pedagógicos Locais
Quando falamos de infância e escolarização, não estamos diante de duas caixinhas que se encaixam automaticamente. A escola, muitas vezes, tenta enquadrar a criança em um molde pronto, enquanto a infância é justamente o contrário disso: movimento, curiosidade, imaginação, linguagem do corpo, desejo de experimentar o mundo de maneiras imprevisíveis.
E é aí que entra o pensamento de Maria Cristina Argenti Perez (2012). Ela puxa o freio desse modelo escolar engessado e afirma algo essencial: a escola precisa reconhecer as especificidades da infância para que a escolarização não se torne uma forma de silenciamento, mas um espaço de expansão.
Perez destaca:
1. A criança é sujeito social e cultural
A criança não chega à escola “vazia”. Ela carrega formas de pensar, sentir e expressar o mundo que precisam ser acolhidas; e não domesticadas. Isso exige que o currículo, o planejamento e as interações respeitem seus tempos, ritmos e modos próprios de aprender.
2. A relação família–escola não é detalhe
A autora lembra que a escolarização só ganha sentido quando dialoga com as experiências que a criança traz de casa. Ou seja, o PPP de uma escola de Educação Infantil precisa explicitar como compreende e integra a família no processo pedagógico; não apenas como apoio logístico, mas como parceira formadora.
3. A escolarização da infância deve considerar brincadeiras, afetos e experiências
A tensão entre “ensinar conteúdos” e “respeitar a infância” não precisa existir. A BNCC reforça que interações e brincadeiras são o eixo estruturante. Se o PPP não abraça essa perspectiva, torna-se um documento burocrático, sem alma.
PPP e construção local: o que está em jogo?
Cada escola constrói seu próprio Projeto Político Pedagógico. Isso significa que o PPP deveria expressar a identidade da instituição, seu território, sua visão de infância, suas práticas e seus desafios reais.
Mas nem sempre é assim. Muitas vezes, vemos PPP:
- copiados de outros lugares,
- desconectados da BNCC,
- distantes das práticas da sala,
- ou pouco participativos (professoras, famílias e crianças quase nunca são ouvidas).
Por isso, a análise que a turma fará é uma oportunidade preciosa de:
- ler criticamente o documento da escola,
- identificar coerências e incoerências,
- localizar ausências importantes,
- propor revisões que fortaleçam a prática pedagógica,
- e compreender que planejar para a Educação Infantil é muito mais que “selecionar atividades”.
Primeira Avaliação: Análise do Projeto Político-Pedagógico da Educação Infantil à luz da BNCC
Para a apresentação em grupo (05/12), cada equipe deve analisar seu PPP e preparar slides buscando responder:
Aspectos do PPP a serem observados:
- Como define “infância”.
- Se reconhece a especificidade da criança pequena.
- Como propõe o planejamento.
- Como organiza tempos, espaços e materiais.
- Clareza dos objetivos e metodologias.
- Presença (ou ausência) da avaliação processual.
- A relação família–escola.
- A coerência com a BNCC.
- Identificar os aspectos positivos do PPP.
- Listar os pontos que precisam ser aprimorados.
- Justificar com base na BNCC e em Perez (2012).
Produção do grupo em slides:
Finalização da aula e debate (05/12): Como planejar atividades na Educação Infantil?
O PPP precisa dialogar com o planejamento. O debate deve girar em torno de perguntas como:
- O PPP orienta o planejamento ou é apenas um documento “para cumprir tabela”?
- As professoras conseguem planejar de forma consistente com as necessidades das crianças?
- Há espaço para escuta sensível, registro e documentação?
- As práticas valorizam a brincadeira ou priorizam fichas e rotinas mecânicas?
- O planejamento respeita os campos de experiência?
O objetivo é que cada grupo apresente não apenas uma análise crítica, mas também propostas para melhorar a prática pedagógica a partir do PPP analisado.
Encerramento
- Reforço da importância do PPP como documento vivo.
- Conclusão: pensar a infância exige escuta, sensibilidade e compromisso político.
- Orientações finais e avisos.