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JULIANA LIMA DE CARVALHO
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TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS NA PROTEÇÃO SOCIAL DE MÉDIA COMPLEXIDADE: reestruturação ou manutenção pela falta de novos investimentos -PI
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Orientador : SOLANGE MARIA TEIXEIRA
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Data: 17/12/2025
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O objeto de pesquisa desta tese foi o Trabalho Social com Famílias (TSF) nos Centros de Referência Especializada da Assistência Social (CREAS) de Teresina-PI. Emerge da problematização posta pela propaganda governamental atual de reestruturação do país e consequentemente do SUAS com o retorno do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), e os questionamentos sobre os investimentos reais nos serviços socioassistenciais, especialmente no Serviço de Atendimento Especializado a famílias e indivíduos (PAEFI). A partir de 2016 a política de assistência social entra num ciclo de retrocessos, posto pelo projeto ideopolítico dos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, ancorado no ultaneoliberalismo, com retorno da política de austeridade fiscal e redução de gasto público nas políticas sociais. Em 2023 com a mudança no governo federal renovou-se as expectativas após a retomada do Partido dos Trabalhadores à presidência do país. A reorganização ministerial trouxe as propostas de reestruturação do SUAS, ao trazer reabertura de serviços que atendem a diversidade, os direitos humanos e a retomada dos serviços socioassistenciais pressupondo mudanças na inclusão social e de reconhecimento das diferenças e enfrentamento das desigualdades sociais, raciais e de gênero. O objetivo deste trabalho foi analisar o TSF nos CREAS de Teresina-PI, visando identificar se de fato as expectativas de reestruturação são visibilizadas, com investimentos diversos nos CREAS ou a manutenção dos velhos problemas metodológicos, estruturais e de operacionalização do TSF observando as desigualdades sociais, raciais e de gênero cujos imbricamentos tornam determinados grupos sociais mais vulneráveis às consequências destas desigualdades sociais. A tese confirmada pela pesquisa é que o contexto de reconstrução do SUAS ainda não tem impactos claros sobre o TSF na proteção social especializada, por falta de investimentos diversos em novas unidades, falta de ampliação das equipes e de orientações técnicas quanto aos aspectos metodológicos e técnicos deste trabalho social com famílias. O método adotado foi o do materialismo histórico-dialético que permite superar o imediato, a pseudoconcreticidade e atingir a essência, por meio das particularidades determinantes que os liga a universalidade, numa perspectiva da totalidade social, da realidade como síntese de múltiplas determinações. A metodologia foi a qualitativa, com uso das entrevistas semiestruturadas à equipe dos PAEFI no município de Teresina. Além da pesquisa de campo conjugou-se a pesquisa bibliográfica e a documental. A técnica de análise dos dados foi o núcleo de significação, a aplicação da técnica consiste em três etapas 1) Levantamento de pré- indicadores; 2) Sistematização de indicadores; 3) Sistematização dos núcleos de significação. Os resultados apontam dificuldades pela equipe técnica de fundamentação teórica sobre violência, família e equidade, de operacionalização por falta de orientação técnica, dificuldades materiais, estruturais, recursos humanos, dentre outros. O trabalho social com famílias na proteção social especializada, ainda não extrapolou a dimensão da violência restrita as relações interpessoais, com falta de orientação específica para as vítimas, restrições do trabalho com famílias a encaminhamento para outros serviços e a rede de políticas sociais.
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ELIS REJANE OLIVEIRA VASCONCELOS
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Avaliação dos resultados da implementação da política de ingresso nas Universidades Federais estabelecida pela Lei 12.711/2012
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Orientador : GUIOMAR DE OLIVEIRA PASSOS
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Data: 15/12/2025
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A presente tese analisa os resultados da implementação da política de ingresso nas universidades federais brasileiras, instituída pela Lei no 12.711/2012, conhecida como Lei de Cotas. O estudo investiga como a política foi desenhada, implementada e como as vagas reservadas foram utilizadas, avaliando seus efeitos sobre o ingresso, matrícula, conclusão e escolarização de estudantes oriundos da rede pública de ensino, com renda per capita familiar de até um salário-mínimo e meio, além de estudantes pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência. O trabalho articula análise documental e bibliográfica com análise estatística de dados secundários oficiais. A investigação se concentra em duas frentes principais: a avaliação institucional da implementação da política em oito universidades federais (UFAL, UFC, UFPE, UFPI, UFG, UFSC, UFRJ e UNIFESP) no período de 2017 a 2023, considerando a distribuição e a utilização das vagas reservadas; e a mensuração dos efeitos da política com base em séries temporais construídas a partir de bases como o Censo da Educação Superior, a PNAD Contínua e os Censos Demográficos do IBGE, abrangendo o período de 2009 a 2023. Foi adotado um modelo de avaliação não experimental do tipo “antes e depois”, aplicado a séries temporais, com o objetivo de identificar variações nos percentuais de ingresso, matrícula e conclusão entre os períodos anterior e posterior à implementação da Lei de Cotas. Complementarmente, empregou-se o método de Diferença em Diferença (DiD), com o intuito de refinar a análise dos efeitos observados, ao comparar as variações absolutas entre períodos distintos, permitindo uma estimativa mais robusta das mudanças associadas à política, ainda que sem a constituição de grupo de controle. Os resultados indicam que, embora a maioria das universidades pesquisadas tenha cumprido os dispositivos legais, com algumas superando o mínimo exigido, a efetividade da política variou entre os subgrupos beneficiados. Observou-se maior utilização das vagas nas cotas étnico-raciais e socioeconômicas, enquanto aquelas destinadas a pessoas com deficiência apresentaram menor preenchimento. Houve crescimento na participação desses grupos no ingresso, matrícula e conclusão do ensino superior, com alterações no perfil discente associadas à vigência da política, além de aumento na escolaridade de pretos e pardos com 25 anos ou mais. Conclui-se que a política de cotas instituída pela Lei no 12.711/2012 gerou efeitos mensuráveis sobre essas etapas acadêmicas, com ampliação na presença de estudantes de baixa renda, pretos, pardos e indígenas. Para pessoas com deficiência, a participação também aumentou, mas permanece em níveis baixos. Os resultados apontam avanços no acesso ao ensino superior, ao mesmo tempo em que evidenciam a necessidade de aprimoramento da política para garantir maior equidade entre os grupos beneficiados.
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DEUZILENE PEREIRA DA CUNHA
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GESTÃO ESCOLAR AGREGADORA: APOIANDO E FORTALECENDO A AUTONOMIA DOS ALUNOS POR MEIO DAS OLIMPÍADAS, CONCURSOS E ENEM, EM ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS DO PIAUÍ (2020-2024)
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Orientador : JAIRO DE CARVALHO GUIMARAES
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Data: 11/12/2025
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Esta pesquisa analisou as implicações da Gestão Escolar Agregadora na melhoria da aprendizagem e no desenvolvimento integral dos estudantes de escolas públicas estaduais do Piauí, no período de 2020 a 2024. A seleção das instituições considerou a participação consistente em iniciativas como olimpíadas do conhecimento, concursos escolares e o ENEM, abrangendo realidades urbanas, intermediárias e rurais nos municípios de Teresina, Amarante, Regeneração, Piripiri e Cocal dos Alves. O estudo adotou abordagem mista (qualitativa e quantitativa), de natureza descritiva, analítica, exploratória e explicativa. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, aplicação de questionários com escala Likert, observações in loco e análise documental, envolvendo 150 participantes entre gestores, docentes, agentes da SEDUC/PI, alunos e familiares. Os dados qualitativos foram tratados pela análise de conteúdo e os quantitativos por estatísticas descritivas e Análise de Correspondência (simples e múltipla), permitindo a interpretação integrada e contextualizada dos resultados. Os achados confirmam que a Gestão Escolar Agregadora fortalece a autonomia discente, estimula habilidades de tomada de decisão e autogestão do aprendizado, promove ambientes democráticos e sensíveis, e potencializa o protagonismo estudantil. A participação em competições acadêmicas, incentivada pela gestão, mostrou-se capaz de desenvolver pensamento crítico-reflexivo, ampliar o repertório cultural e favorecer transformações acadêmicas e pessoais. Apesar do predomínio de percepções positivas, identificaram-se discrepâncias entre alunos, professores e pais quanto à efetividade da gestão democrática e da sensibilidade institucional, sugerindo a necessidade de aprimorar a comunicação e o alinhamento entre atores escolares. Verificou-se ainda que a gestão agregadora contribui para a redução da evasão escolar por meio de estratégias como busca ativa, acompanhamento individualizado e oferta de atividades pedagógicas, culturais e esportivas que reforçam o vínculo com a escola. Conclui-se que a Gestão Escolar Agregadora, ao articular liderança democrática, práticas pedagógicas inovadoras e valorização do mérito, constitui um modelo promissor para o fortalecimento da educação pública, a promoção da inclusão e a consolidação de trajetórias educacionais de sucesso. Ressalta-se, contudo, que os resultados estão circunscritos a um recorte geográfico e institucional específico, e que limitações como o tempo de acompanhamento, o número de escolas envolvidas e a ausência de grupos comparativos devem ser considerados na interpretação e na generalização dos achados da pesquisa empírica.
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MARIA RAIMUNDA BELCHIOR DOS SANTOS
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Produção de sentidos de experiências e expectativas por jovens rurais de famílias assentadas pelo PNCF em Caxias - MA: o caso do Assentamento São Jerônimo
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Orientador : MARIA DIONE CARVALHO DE MORAIS
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Data: 05/12/2025
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Esta dissertação analisa os sentidos produzidos por jovens assentados/as da comunidade de São Jerônimo, em Caxias (MA), acerca da condição de serem de famílias usuárias do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF). A pesquisa parte da compreensão de que as juventudes rurais constituem segmentos sociais fundamentais para o entendimento das transformações no campo, especialmente no que diz respeito às disputas por território, identidades e políticas públicas. O estudo foi desenvolvido com abordagem qualitativa, por meio de pesquisa bibliográfica, documental, de campo e estudo de caso, com destaque para entrevistas individuais semiestruturadas, e entrevista com grupo focal. A escolha da comunidade para realização do trabalho de campo considerou fatores como acessibilidade, atuação da associação local de assentados/as e presença de jovens. Os dados empíricos foram analisados à luz da literatura sobre juventudes, questão agrária, políticas de crédito fundiário. Os resultados revelam que os sentidos atribuídos pelos/as jovens às suas vivências no assentamento estão atravessados por marcadores sociais como gênero e geração, evidenciando tensões entre permanência e migração, desafios estruturais e expectativas quanto ao futuro no campo. A pesquisa aponta limites e potencialidades do PNCF na promoção da autonomia juvenil e na construção de pertencimento e identidade como jovem rural. Ao focar nas percepções e trajetórias juvenis, o trabalho contribui para o fortalecimento do debate sobre juventudes rurais e para a reflexão crítica sobre políticas de acesso à terra no Brasil.
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LUCILE DE SOUZA MOURA
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NOVO DESENVOLVIMENTISMO DE MATRIZ KEYNESIANA: IMPACTO DOS INVESTIMENTOS EM REGIÕES NÃO PRODUTORAS.
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Orientador : RAIMUNDO LENILDE DE ARAUJO
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Data: 31/10/2025
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Esta tese analisa a relação entre as políticas novo desenvolvimentistas implementadas pelos governadores do Estado do Piauí, no período de 2010 a 2020, e o desenvolvimento socioeconômico dos municípios que integram o Território de Desenvolvimento do Alto Parnaíba Piauiense (TDAP/PI). E como objetivos específicos: identificar a evolução do PIB e do IDHM dos municípios que participam do TDAP/PI, compreender o papel do Estado como provedor e regulador das condições de mudança social, relacionar a aplicação do modelo de intervenção estatal na economia piauiense e as políticas públicas daí derivadas com a situação social dos 12 municípios do TDAP/PI e analisar as causas e as consequências da adoção de uma política econômica novo desenvolvimentista na região do Cerrado do Piauí. Adotando uma abordagem mista, que combina métodos quantitativos e qualitativos, o estudo revela avanços econômicos significativos, com crescimento de 428% no Produto Interno Bruto (PIB) e melhorias em indicadores sociais, como o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Contudo, esses avanços concentram-se predominantemente em municípios produtores de grãos, evidenciando uma distribuição desigual dos benefícios do modelo econômico adotado. O crescimento de 323,7% no Valor Adicionado Bruto (VAB) agropecuário destaca a centralidade do setor primário na economia regional. No entanto, a limitada industrialização e a escassa produção de alimentos para consumo local apontam para uma dependência de atividades extrativas, revelando fragilidades estruturais no TDAP/PI. A metodologia empregada envolveu a análise quantitativa de investimentos públicos em municípios produtores e seus impactos em municípios não produtores, utilizando estatísticas descritivas e testes estatísticos não paramétricos para comparar o desempenho entre esses grupos. Complementarmente, a abordagem qualitativa examinou os indicadores utilizados pelo Governo do Piauí na execução das políticas novo desenvolvimentistas. Os resultados indicam a existência de um ciclo vicioso, impulsionado pelo setor privado monopolista, que promove crescimento econômico por meio de um modelo produtivo intensivo em tecnologia, mas que diverge do círculo virtuoso proposto por John Maynard Keynes, não se consolidando como sustentável. A pesquisa também identifica uma transformação estrutural na produção de grãos, caracterizada pela monocultura intensiva e pelo uso de tecnologias avançadas, que substitui a mais-valia oriunda da exploração direta da mão de obra por fontes como o fundo público e a exploração ambiental. Adicionalmente, o estudo explora a percepção da população local sobre os investimentos públicos e privados, destacando sua influência na dedicação à formação educacional e nas dinâmicas socioeconômicas da região.
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ALISSON DE ABREU ALMEIDA
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A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA ENQUANTO POLÍTICA PÚBLICA DE EFETIVAÇÃO DO DIREITO FUNDAMENTAL À MORADIA REGULARIZADA SOB A ÓTICA DO GÊNERO FEMININO
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Data: 26/09/2025
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Esta dissertação tem como objeto de estudo a regularização fundiária enquanto política pública de efetivação do direito fundamental à moradia, com especial atenção à perspectiva de gênero feminino. O trabalho parte da constatação de que a moradia, reconhecida constitucionalmente como direito social, ainda é um dos campos mais marcados por desigualdades no Brasil, reproduzindo exclusões históricas, sobretudo entre as mulheres chefes de família em áreas urbanas precárias. Ao longo da pesquisa, buscou-se analisar a evolução do direito à moradia no cenário internacional e nacional, a trajetória legislativa brasileira na construção dos instrumentos de regularização fundiária, os impactos sociais, jurídicos e econômicos dessa política e as especificidades do recorte de gênero na formulação e execução das ações públicas. Metodologicamente, foi realizada uma abordagem qualitativa, ancorada em ampla revisão bibliográfica e documental de 28 obras entre livros, dissertações, artigos científicos e legislações pertinentes, além do estudo de caso centrado na cidade de Teresina (PI). A análise foi estruturada em três eixos: fundamentos teóricos do direito à moradia, desenvolvimento normativo da regularização fundiária no Brasil e a interface entre gênero e regularização fundiária, destacando experiências locais e nacionais. Essa abordagem permitiu cruzar a leitura histórica da legislação com dados empíricos recentes, levantamentos de órgãos oficiais e pesquisas acadêmicas voltadas às transformações urbanas. Os resultados demonstram que a regularização fundiária, quando compreendida de forma integrada e voltada para a função social da propriedade, tem potencial para transformar o território urbano em espaço de cidadania, e não apenas de habitação. No caso de Teresina, constatou-se que os programas implementados nas últimas duas décadas, como o Vila-Bairro e o Lagoas do Norte, associados a políticas de urbanização, conseguiram reduzir a informalidade, elevar indicadores sociais e garantir a titularidade prioritária para mulheres, fortalecendo sua autonomia e rompendo ciclos de vulnerabilidade. A pesquisa também evidenciou que experiências semelhantes no Brasil e no exterior corroboram a centralidade das mulheres na gestão comunitária e na defesa do direito à cidade, razão pela qual a política pública precisa ser desenhada com sensibilidade de gênero. Do ponto de vista normativo, a análise destacou que os avanços mais significativos ocorreram a partir da Constituição de 1988, do Estatuto da Cidade de 2001 e, mais recentemente, da Lei no 13.465/2017 e seu Decreto regulamentador no 9.310/2018. Esses instrumentos, ao consolidarem a preferência da titularidade em nome das mulheres, criaram condições para uma abordagem mais inclusiva. Contudo, a pesquisa confirma que persistem desafios relacionados à efetividade das políticas públicas, à burocracia administrativa e à fragilidade institucional em diversas cidades brasileiras, o que compromete o alcance pleno dos direitos previstos em lei. As conclusões indicam que a regularização fundiária sob a ótica do gênero feminino não deve ser tratada apenas como política de ordenamento urbano, mas como um projeto estruturante de justiça social e equidade, capaz de gerar impacto direto na renda familiar, na proteção contra a violência doméstica, na melhoria da educação e da saúde e no fortalecimento da cidadania. Este estudo contribui, assim, para a compreensão de que a política de regularização, quando sensível às desigualdades históricas, se apresenta como uma das mais promissoras ferramentas para construir cidades mais justas e democráticas, tanto em Teresina e no Brasil, quanto no contexto global.
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CONCEIÇÃO DE MARIA DOS SANTOS MOURA
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ANÁLISE DOS DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA DE PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO TERRITORIAL NO PIAUÍ (2007-2023).
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Orientador : MARIA DALVA MACEDO FERREIRA
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Data: 25/09/2025
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A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, o Brasil passou a incorporar de forma mais explícita a abordagem territorial no campo das políticas públicas, estimulando a descentralização das ações estatais e a institucionalização de mecanismos participativos. Esse processo foi intensificado a partir dos anos 2000, especialmente com programas federais como o Territórios da Cidadania, que adotaram uma lógica de intervenção orientada por recortes espaciais, priorizando áreas marcadas por vulnerabilidades socioeconômicas e valorizando instâncias coletivas de deliberação. Apesar desses avanços, a consolidação da perspectiva territorial como fundamento das ações estatais continua enfrentando entraves significativos, sobretudo no que se refere à fragilidade institucional, à ausência de dispositivos legais vinculantes e à baixa capacidade de integração entre planejamento e orçamento. Nesse contexto, destaca-se a experiência do estado do Piauí com a criação do Sistema de Planejamento Participativo Territorial (SPPT), instituído pela Lei Complementar no 87/2007, que propôs uma reconfiguração da lógica de planejamento estadual por meio de Territórios de Desenvolvimento articulados a conselhos deliberativos e à estrutura orçamentária. Esta tese tem como objetivo analisar os limites e as possibilidades da consolidação do SPPT enquanto política pública regional no período de 2007 a 2023, à luz do contexto de austeridade fiscal, da dinâmica federativa brasileira e das capacidades estatais disponíveis. A investigação adota abordagem qualitativa e quantitativa de natureza descritivo-exploratória, baseada em análise documental de instrumentos legais e de planejamento e relatórios orçamentários, além da construção de um banco de dados com os valores previstos e executados das ações territorializadas. As principais hipóteses que orientaram a pesquisa indicam que a institucionalização do SPPT esteve condicionada à estabilidade normativa e à atuação da Secretaria de Planejamento; que a efetividade da participação social nos conselhos esteve atrelada ao suporte técnico e à mobilização local; e que a limitação orçamentária, agravada pelo Novo Regime Fiscal a partir de 2017, comprometeu a realização das prioridades pactuadas nos territórios. Os resultados revelam importantes contradições entre a retórica institucional e a prática governamental. Embora o SPPT represente um marco normativo relevante, sua implementação foi fragilizada por lacunas operacionais, pela descontinuidade das estruturas de coordenação e pelo baixo grau de institucionalização de muitos conselhos. A ausência de mecanismos legais que assegurem a vinculação entre os planos territoriais e o orçamento estadual comprometeu a efetividade da política, tornando a participação social um mecanismo formal com baixa capacidade de influência real sobre a alocação de recursos. Observou-se ainda uma concentração significativa da despesa pública em programas estruturantes pouco sensíveis à lógica territorial, além de uma execução orçamentária aquém das previsões estabelecidas nos instrumentos participativos. Apesar dessas limitações, a experiência do SPPT oferece aprendizados valiosos, sugerindo a necessidade de fortalecimento das capacidades estatais, da institucionalização de vínculos orçamentários e da valorização da participação social como dimensão estratégica da política territorial. A tese contribui tanto para o debate teórico sobre o papel dos estados subnacionais na formulação de políticas regionais quanto para a construção de instrumentos práticos voltados ao aprimoramento da gestão territorial. Ao revelar os dilemas da implementação de políticas públicas participativas em contextos periféricos, este estudo reforça a importância de transformar iniciativas inovadoras em políticas de Estado com estabilidade, recursos e articulação federativa. Assim, destaca-se a necessidade de um novo ciclo de planejamento público que reconheça a diversidade territorial como princípio estruturante da ação estatal e que integre efetivamente planejamento, orçamento e participação cidadã como pilares de um desenvolvimento mais equânime, sustentável e democrático.
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VOLGANE OLIVEIRA CARVALHO
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POLÍTICAS PÚBLICAS E DIREITOS POLÍTICOS NO BRASIL: ANÁLISE DO PROTAGONISMO DA JUSTIÇA ELEITORAL
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Orientador : NELSON JULIANO CARDOSO MATOS
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Data: 23/09/2025
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A presente tese realiza uma ampla análise sobre as políticas públicas relacionadas com direitos políticos no Brasil, apresentando os fatores sociais que justificaram a sua criação, apontando os órgãos responsáveis pelo seu desenvolvimento e implementação e mensurando resultados alcançados por essas medidas. Para tanto, o trabalho inicialmente realiza uma análise da formação da sociedade brasileira com olhos voltados para os grupos sociais que foram excluídos do acesso pleno aos direitos fundamentais. Nesse cenário, é possível verificar o uso discursivo e simbólico de argumentos fundamentados na religião, na lei, na ciência e no imaginário popular para legitimar processos excludentes. Adiante, é realizado um retrospecto histórico do exercício dos direitos relacionados com a participação política, sendo possível verificar três fases do exercício da cidadania, em que se identificam um eleitor idealista, que está preocupado com os interesses comunitários e disposto a abdicar das próprias necessidades em nome disso; um eleitor egoísta, que busca a realização de seus próprios interesses, independentemente, das necessidades coletivas e um eleitor narcisista, que desistiu de ouvir o outro e coloca-se como peça central em todo o processo político. O modelo de cidadania narcisista combinado com a pós-modernidade, passam a exigir uma compreensão mais fluida dos direitos políticos, uma nova visão acerca da participação política, o que exige, ao mesmo tempo, um aumento do rol de direitos e um acréscimo dos grupos sociais que conseguem exercer tais direitos em toda a sua potência. O alcance desse novo status depende do reconhecimento de que algumas categorias sociais foram excluídas da plenitude do gozo dos direitos políticos, seja por expresso comando legal, seja por outros caminhos. Essa política estatal resultou na formação de uma massa de pessoas indesejáveis no cenário político composta por mulheres, pessoas indígenas, pessoas negras, pessoas judias, pessoas com hanseníase, pessoas LGBTQIAP+ dentre outras. A via mais produtiva para o atendimento dessas demandas é o desenvolvimento de políticas públicas, pois elas são engenhos por excelência destinados a buscar a concretização de direitos fundamentais. No caso dos direitos políticos a tipologia mais adequada para o alcance do objetivo são as ações afirmativas, sejam regulatórias, sejam compensações de natureza político-eleitoral. Analisando as políticas públicas de tal matriz, com olhos para os marcadores de gênero, raça e classe, foi possível concluir que há um protagonismo da Justiça Eleitoral em sua criação. Tais políticas se caracterizam por atender igualmente a pessoas eleitoras e candidatas, por buscarem, principalmente, levar à igualdade formal de oportunidades e produzir apoios compensatórios e que, em regra, não exigem os investimentos extraordinários de recursos para a sua implementação. Os dados empiricamente levantados apontam para o êxito dessas medidas. Tal protagonismo da Justiça Eleitoral deve-se, em grande medida, a atuação de seu corpo funcional que age como verdadeira burocracia na forma como designada por Max Weber. O sucesso dessa atuação, entretanto, não pode ser desvirtuado por ações abusivas ou contrárias aos interesses públicas realizadas pelos servidores. Além disso, ainda persistem entraves para o exercício completo dos direitos políticos no Brasil que seguem exigindo a gênese ou incremento de políticas públicas. A pesquisa valeu-se do método do materialismo histórico-dialético.
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ADRIANA LIMA BARROS
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O TRABALHO DO(A) ASSISTENTE SOCIAL NOS SERVIÇOS DA REDE DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM SAÚDE (RUE) NO TERRITÓRIO DA PLANÍCIE LITORÂNEA-PIAUÍ/BRASIL
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Orientador : SOFIA LAURENTINO BARBOSA PEREIRA
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Data: 02/09/2025
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A Rede de Urgência e Emergência (RUE) integra um sistema de redes de atenção em saúde que objetivam organizar a assistência à saúde em situações de urgência e emergência no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Como as demais redes de atenção, é composta por dispositivos de básica, média e alta complexidade que, em articulação, possam garantir o cuidado em saúde orientados pelos princípios do SUS de universalidade, equidade, integralidade, descentralização, regionalização, hierarquização e participação popular. Nesse contexto, estão inseridos os (as) Assistentes Sociais, a partir da compreensão da saúde em sua perspectiva ampliada e atuando frente aos seus determinantes sociais, contribuir no acesso à saúde como direitos de todos e dever do Estado. Foi a partir dessa compreensão inicial que essa tese tem como objetivo geral analisar as contribuições e desafios do trabalho dos (as) Assistentes Sociais na articulação da RUE da Planície Litorânea. Este é um território de saúde que integra umas das doze (12) macrorregiões do estado do Piauí, composto por XX municípios, distinto da região que abrange a capital piauiense, onde as pesquisas e análises costumam se concentrar. É uma investigação de abordagem qualitativa, realizada a partir de intensa revisão bibliográfica, pesquisa de campo e documental. A pesquisa de campo envolveu os dispositivos de saúde do território inseridos na RUE, com uma amostra de 10 municípios, e tendo como participantes 29 assistentes sociais, entre profissionais da atenção básica, dos hospitais de referência e de retaguarda, secretaria municipal de saúde e demais dispositivos da rede. A coleta de dados ocorreu através realização grupos focais com 07 participantes no total, observação, com registro em diário de campo – tendo em vista que a pesquisadora está inserida como trabalhadora no hospital de referência do território há 11 anos – e aplicação de questionário na modalidade online com 29 profissionais. Os achados do estudo mostram que o território reflete características como a presença de relações clientelistas e colonialistas que impactam no trabalho dos (as) profissionais e são fruto das relações sociais históricas de formação do Piauí. Os (as) assistentes sociais apresentam fragilidades no seu processo de inserção na RUE, sobretudo nas condições de trabalho, com baixos salários e vínculos precários, o que se intensifica com a mudança da gestão pelas Organizações Sociais de Saúde. Essas questões impactam nos desafios para a articulação da rede que, muitas vezes, adquire caraterísticas pessoais, do que necessariamente um fluxo estabelecido entre os serviços. Conclui-se que os (as) profissionais têm dificuldades para garantir o continuo cuidado na RUE, porque há vazios assistenciais e fragilidades regionais que impactam no trabalho, seja pelas próprias características do território, seja reflexo das mudanças no mundo trabalho, ou consequência da ofensiva privatizante na política de saúde.
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ANANDRA VITÓRIO VASCONCELOS
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MULHERES DO PROGRAMA DE EXTENSÃO PARA PESSOAS IDOSAS DA UFPI: questões de gênero, raça e classe na ocupação de espaços universitários
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Orientador : SOLANGE MARIA TEIXEIRA
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Data: 29/08/2025
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A Política Nacional do Idoso e o Estatuto da Pessoa Idosa formam importantes pilares para o reconhecimento de vários direitos e de suas garantias no contexto das políticas sociais setoriais. Dentre estes direitos está o da educação para a vida e não para o mercado de trabalho. Neste contexto surgem as Universidades Abertas da Terceira Idade (UNATIs) enquanto extensão universitária que oferta serviços a essa população, embora o público mobilizado seja majoritariamente de mulheres. O objetivo desta pesquisa foi analisar o perfil e trajetórias de mulheres idosas que participam do Programa de Extensão Universitária para Pessoa Idosa da Universidade Federal do Piauí (PTIA/UFPI) a partir dos indicadores de gênero, classe e raça e seus imbricamentos, como eles interferem na inserção delas na universidade. Desse modo, o problema de pesquisa estabelecido foi quem são as idosas mobilizadas e que aderem a este serviço extensionista na UFPI? Qual o perfil destas mulheres idosas? Como as desigualdades de gênero marcam suas trajetórias de vida e a velhice? Quais as contribuições do PTIA/UFPI no processo de ressignificação da velhice? A pesquisa teve três fontes: a bibliográfica, documental e de campo. Uma pesquisa explicativa/analítica, com abordagem metodológica qualitativa mediante instrumento da entrevista semiestruturada com roteiro. Para tanto, a pesquisa de campo, que foi submetida ao comitê de ética e aprovada, se desenvolveu a partir dos depoimentos de 15 mulheres idosas que participam do PTIA. A amostragem foi não probabilística e a princípio, o critério de seleção seria o de idade maior, e que aceitassem participar do estudo, entretanto, em virtude de uma greve de motoristas de ônibus que ocorreu na cidade de Teresina-PI, as atividades da universidade passassem a acontecer de forma on-line, o que impossibilitou o encontro com uma maior quantidade de público, utilizando-se a técnica de bola de neve, a partir da indicação da primeira entrevistada. Além disso, houve um registro de inclusão das participantes de maneira sigilosa, contendo códigos e nomes fantasias para uso na análise de dados, respeitando o padrão ético da pesquisa. Ressalta-se que os formulários do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foram assinados pelas participantes. O método norteador desta pesquisa foi o Materialismo Histórico-Dialético que busca superar a imediaticidade da realidade apreendendo sua essência histórica e social. Concluiu-se que os espaços de extensão universitária atingem majoritariamente mulheres que ao longo da vida tiveram empregos formais ou vínculos estatutários e hoje têm direito à aposentadoria e facilidade em acessar o espaço das universidades.
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MARTA BRAMUCI DE FREITAS
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ENCARCERAMENTO DE MULHERES SOB A PERSPECTIVA DE RAÇA/COR/ETNIA, GÊNERO E CLASSE NO BRASIL E NO PERU: A COLONIALIDADE DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO NA AMÉRICA LATINA
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Orientador : ROSILENE MARQUES SOBRINHO DE FRANÇA
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Data: 29/08/2025
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Esta tese analisa criticamente a formação, estrutura e função do Estado moderno, com ênfase nas suas implicações na construção da ordem social, nos mecanismos de controle penal na América Latina e nas desigualdades interseccionais que permeiam o encarceramento feminino. A reflexão percorre três grandes eixos: a gênese do Estado e das políticas públicas; as especificidades do Estado-nação latino-americano e seu aparato penal; e a interseccionalidade no encarceramento de mulheres em contexto de neoliberalismo associado à colonialidade do poder. O Capítulo 1 traça as origens históricas e filosóficas do Estado-nação, destacando seu surgimento como estrutura político-jurídica destinada a organizar e controlar a sociedade. Inicialmente, o Estado é compreendido como um ente voltado à proteção da ordem, da propriedade e da segurança coletiva. Estado e Direito são analisados em sua relação em que o poder político se legitima por meio das normas jurídicas, e o direito se configura como instrumento de manutenção das relações sociais vigentes. A partir da teoria do contrato social — com pensadores como Hobbes, Locke e Rousseau — o Estado moderno é concebido como um pacto entre indivíduos para a constituição de uma autoridade legítima que garanta direitos e deveres. Contudo, essa legitimidade é frequentemente questionada quando se observa a atuação do Estado diante das populações subalternizadas. Ao final do capítulo, problematiza-se o ideal do Estado moderno à luz de suas práticas excludentes e seletivas, revelando as tensões entre o discurso de cidadania universal e a realidade das desigualdades sociais. No Capítulo 2, o foco está sobre a formação dos Estados latino-americanos, com destaque para Brasil e Peru, marcados por processos históricos de colonização, dependência econômica e reprodução de estruturas de dominação. A construção desses Estados revela a persistência de modelos autoritários, excludentes e racializados. Neste contexto, o sistema penal surge como um dos principais instrumentos de controle social sobre as populações pobres. As prisões, inicialmente justificadas como espaços de reabilitação, tornam-se verdadeiros aparatos de contenção das populações marginalizadas, sobretudo das classes pobres e racializadas. O capítulo examina os diferentes sistemas penitenciários e traça um panorama das prisões na América Latina, evidenciando a superlotação, a violação de direitos humanos e a ausência de políticas ressocializadoras. As análises dos sistemas prisionais do Peru e do Brasil revelam um padrão comum de encarceramento massivo, seletividade penal e racismo estrutural. O Capítulo 3 aprofunda a discussão a partir da lente da interseccionalidade, demonstrando como gênero, raça, classe e outros marcadores sociais se entrelaçam nas trajetórias de mulheres encarceradas. O capítulo questiona os discursos neutros e universalizantes da política penal, evidenciando que as mulheres presas na América Latina são, majoritariamente, negras, pobres, com baixa escolaridade e submetidas a um ciclo de fragilidades históricas. A interseccionalidade é apresentada como ferramenta teórica potente para compreender como a criminalização da pobreza e o racismo institucional operam sobre os corpos femininos. A partir da análise das condições prisionais no Brasil e no Peru, identifica-se um cenário marcado pela precariedade estrutural, abandono institucional e violação de direitos. Por fim, destaca-se como o encarceramento feminino é atravessado por determinações do capitalismo neoliberal, que não apenas precariza as condições de vida, mas transforma a punição em estratégia de gestão da desigualdade social. O sistema penal, longe de promover justiça, age como mecanismo de manutenção da ordem excludente e racista, legitimando a marginalização das mulheres pretas/indígenas e pobres.
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FRANCISCO MANOEL DE MOURA
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POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UMA ANÁLISE SOBRE A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA CIDADE DE TERESINA/PI
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Orientador : RAIMUNDO LENILDE DE ARAUJO
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Data: 27/08/2025
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A questão dos resíduos sólidos nos centros urbanos do Brasil, apresenta-se como um problema, cada vez mais sério, o que se torna um grande desafio para o Poder Público, porém, a gestão dos resíduos requer a colaboração de todos. Nesse contexto, a temática da pesquisa foi a gestão dos resíduos sólidos na cidade de Teresina/PI, cujo a problemática concentrou-se em investigar: quais as políticas públicas e práticas de gestão de resíduos, com ênfase em resíduos domiciliares, foram implementados em Teresina, fundamentada na Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), Lei Federal 12.305/2010? O estudo decorreu da necessidade de Estados, DF e Municípios de todo o país, adequarem-se às novas responsabilidades, impostas pela PNRS e outras legislações, dentre elas, a disposição final ambientalmente adequada dos resíduos. O objetivo geral consistiu em analisar a efetividade das políticas públicas implementadas pela cidade de Teresina/PI, a fim de identificar avanços, desafios e lacunas em relação às diretrizes da PNRS. Quanto aos procedimentos metodológicos, foi realizada pesquisa bibliográfica em livros, artigos científicos e análise documental, além de consulta a sites oficiais da Prefeitura Municipal de Teresina. Para a obtenção dos dados, foi solicitado relatório de documentos oficiais da PMT, por meio da Empresa Teresinense de Desenvolvimento Urbano (ETURB), em que se realizou a análise das informações; aplicou-se questionários para o gestor da Coordenadoria Especial de Limpeza Pública (CELIP) e do Programa Lixo Zero da ETURB; realizou-se observação in loco com registros fotográficos de áreas contempladas com as políticas públicas efetivadas. Foi uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva. Os resultados demonstram, que em 2010, ano da publicação da PNRS, a gestão dos resíduos sólidos em Teresina era realizada de forma precária, existiam poucas políticas, no que diz respeito à gestão dos resíduos domiciliares. Logo após a instituição da PNRS no Brasil, o município teve um maior comprometimento em implantar políticas, que tivessem de acordo com a PNRS, criou programas como Disk Lixo, Lixo Zero, implantação dos Pontos de Recolhimentos de Resíduos (PRR) e Pontos de Entrega Voluntária (PEV), Drive Thru da Coleta Seletiva, Programa Coleta Seletiva nos Condomínios, entre outros. Dessa forma incentiva a população a descartar os resíduos de forma correta e destinar para a reciclagem. Percebeu-se que houve um avanço no município, em relação a gestão dos resíduos domiciliares; no ano de 2000 a cidade tinha uma cobertura de 90% de coleta domiciliar, logo, atingiu 99% em 2020; em 2010 foram 69.000 toneladas de resíduos removidos de pontos inadequados, enquanto em 2020 foram 118.000 toneladas. Em 2014 foram removidas 229,6 toneladas por meio da coleta seletiva, e em 2020, 1.041 toneladas. No entanto, notou-se que falta a Prefeitura de Teresina divulgar mais esses projetos pelas comunidades, e ter uma fiscalização mais eficiente no que diz respeito à disposição irregular de resíduos, bem como, precisa haver um maior comprometimento da sociedade em colaborar para a melhor gestão dos resíduos sólidos e atender as diretrizes da PNRS.
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GILVANIA DOS SANTOS MATOS
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O SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS PARA PESSOAS IDOSAS EM CASTELO DO PIAUÍ: OS IMBRICAMENTOS DE CLASSE, GÊNERO E RAÇA/ETNIA NA POPULAÇÃO USUÁRIA
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Orientador : SOLANGE MARIA TEIXEIRA
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Data: 26/08/2025
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A presente dissertação tem como objetivo analisar o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) para pessoas idosas no município de Castelo do Piauí, com ênfase nos imbricamentos de classe, gênero e raça/etnia no perfil da população usuária. Fundamentada na Gerontologia Social Crítica, a pesquisa adota uma abordagem qualitativa, ancorada no método materialista histórico-dialético. Além da revisão bibliográfica e análise documental das normativas da assistência social, a investigação também incluiu a pesquisa de campo, por meio de entrevistas com pessoas idosas e profissionais do CRAS, com o intuito de compreender como o SCFV reconhece, ou invisibiliza, as especificidades das mulheres negras idosas em situação de vulnerabilidade. A análise parte da concepção de que o envelhecimento é uma produção histórico-social, atravessada por desigualdades estruturais, e busca compreender como essas desigualdades impactam a participação dos usuários no serviço. Serão ouvidas 10 pessoas idosas atendidas pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Castelo do Piauí, participantes do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). A pesquisa também abrangerá 03 profissionais da equipe técnica da unidade (01 psicólogo(a), 01 assistente social, 01 orientador(a) social) diretamente envolvidos na implementação de ações voltadas à pessoa idosa. Por meio da análise de conteúdo segundo Bardin (2016), foram construídas categorias analíticas capazes de revelar as manifestações do racismo, sexismo e das hierarquias de classe na prática cotidiana do SCFV. Concluindo que apesar da política de assistência social ser uma expressão do trato dos problemas sociais com equidade, a questão étnico/racial ainda é invisibilizada. O estudo contribui, crê-se, para o fortalecimento de uma perspectiva interseccional nas políticas públicas voltadas à população idosa.
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THAIZ SUELEM SOARES DE SOUSA
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CONDIÇÕES ESTRUTURAIS DE MULHERES-MÃES NO ACESSO E PERMANÊNCIA EM PÓS-GRADUAÇÃO NA UFPI
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Orientador : MARIA DO SOCORRO DA SILVA ARANTES
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Data: 25/08/2025
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O presente estudo objetiva investigar as condições estruturais que mulheres-mães enfrentam para garantir o acesso e a permanência em cursos de pós-graduação, discutindo a emergência de ações afirmativas e políticas públicas como o direito à educação e o dever do Estado na constituição de uma rede apoio às mulheres-mães pesquisadoras. A luta pela inclusão da mulher na educação e na ciência tem sido desafiadora ao longo do tempo. Essa luta fica ainda maior quando envolve a maternidade. Na pós-graduação, desafios como falta de rede de apoio, prazos e políticas de assistência a estudante-mãe tornam difícil a conciliação da maternidade e da ciência, levando as discentes que se tornam mães, muitas vezes, a procrastinar o acesso e até a abandonarem seus estudos, sonhos e aspirações profissionais e acadêmicas. Problematizamos sobre as barreiras geradas pelas estruturas patriarcais, que tendem a marginalizar e excluir as mulheres-mães do ambiente acadêmico. A pesquisa envolveu mulheres-mães que são estudantes de pós-graduação da Universidade Federal do Piauí (UFPI) com recorte nos programa de Políticas Públicas, Educação e Sociologia. Optou-se por uma abordagem qualitativa, fundamentada nos princípios da pesquisa participante, orientada por autores (as) como: Quijano (2005); Badinter (1985); Fals Borda (1985), Saffioti (2004); Carneiro (2019); Brandão e Streck (2006); dentre outros (as). A pesquisa prioriza a construção coletiva do conhecimento a partir das experiências compartilhadas pelas mulheres-mães no contexto da pós-graduação. Para assegurar a consistência e a profundidade da análise, adotamos o método dialético para compreender os dilemas existentes na tentativa de conciliar a vida acadêmica e a maternidade, no qual procuramos situar as categorias: mulher-mãe; rede de apoio familiar; rede de apoio institucional; políticas públicas, acesso e permanência. Inicialmente, apontamos que a narrativa patriarcal contribui para a exclusão de mulheres, determinando os lugares de inserção e participação das estudantes-mães afetando seu direito à educação, discutimos a importância do feminismo matricêntrico como uma política centrada nas mães que compartilham a luta pelo direito à formação continuada na pós-graduação; refletimos as narrativas que as mulheres-mães enfrentam no processo de acesso e permanência de suas trajetórias educativas na pós-graduação. A análise dos dados evidencia que mulheres-mães na pós-graduação da UFPI enfrentam múltiplas barreiras estruturais, enraizadas em uma lógica patriarcal que naturaliza a sobrecarga da maternidade e impede suas demandas no ambiente acadêmico. A ausência de políticas institucionais eficazes e de apoio do Estado induz essas mulheres a recorrerem a redes informais de suporte, majoritariamente femininas, para garantir sua permanência. Embora resistam por meio de estratégias próprias, muitas vezes às custas de sua saúde e produção acadêmica, suas trajetórias escancaram a omissão das instituições frente a desigualdade de gênero. A pesquisa aponta a urgência de políticas públicas no âmbito das instituições de ensino e na rede do Estado promovendo ações afirmativas específicas, como cotas no acesso e ampliação de prazos, para garantir a equidade no acesso e na permanência dessas mulheres nos espaços de formação continuada. Por fim, apontamos algumas alternativas de políticas públicas na garantia do direito de acesso e permanência na pós-graduação.
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ALINE BEATRIZ RODRIGUES DA SILVA
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SOBRAM VAGAS, FALTAM ALUNOS? O DESALINHAMENTO ENTRE OFERTA E DEMANDA NA GRADUAÇÃO BRASILEIRA (2014-2023)
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Orientador : GUIOMAR DE OLIVEIRA PASSOS
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Data: 01/08/2025
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Neste estudo da dissertação de Mestrado, aborda-se o não preenchimento de vagas ofertadas na educação superior brasileira entre 2014 e 2023, período de vigência do Plano Nacional de Educação (PNE), cuja Meta 12 previa o aumento da taxa bruta de matrículas da população de 18 a 24 anos, com ampliação da participação do segmento público na educação superior. A intenção é compreender o problema das vagas não preenchidas, verificando se o que é ofertado corresponde ao que os discentes buscam, em que graus acadêmicos, áreas do conhecimento e cursos (rótulos). A hipótese é que há um descompasso entre a oferta de vagas e o interesse dos discentes, o que resulta no não preenchimento de vagas. Tem-se como procedimentos metodológicos a pesquisa bibliográfica, documentos e estatística descritiva com a utilização de média, relação percentual, participação, variação e correlação de Pearson. Os resultados confirmam a hipótese. Embora tenha ocorrido ampliação da oferta, sobretudo, na rede privada do ensino à distância, as vagas não preenchidas cresceram, alcançando no ano de 2023, 13.903.923 vagas excedentes, isto é, 288 vezes maior que as 48.147 registradas em 1980. A maior média de vagas não preenchidas foi identificada no grau Tecnólogo (3.007.935), sobretudo, na rede privada da modalidade à distância. No entanto, a preferência dos estudantes se concentrou na rede pública da modalidade presencial. As áreas gerais com maior quantidade de vagas não preenchidas foram: Negócios, Administração e Direito; Educação; e Saúde e Bem-estar. Pelos rótulos que compõem essa área, constatou-se que existe atratividade diferente entre eles, sendo expressas pela relação entre as vagas ofertadas e as vagas não preenchidas. Ao tempo em que a relação entre as variáveis expressam a manifestação da procura, a correlação evidenciam se há influências entre si. Conclui-se que, mesmo em cursos (rótulos) atrativos, a oferta de vagas sem planejamento, gera vagas não preenchidas, mostrando concluindo que, sozinha, não garante a ocupação. É necessário o planejamento, com o aumento proporcional entre o que se oferta e o que se busca, com fins de que não haja um descompasso entre a oferta e a demanda.
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TANIA VALERIA LUZ DE SOUSA
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ORGULHO E INVISIBILIDADE: A maternidade de mulheres quilombolas e suas vivências de racismo nos serviços de saúde
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Data: 22/07/2025
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O racismo brasileiro está presente e institucionalizado na nossa sociedade como herança do sistema escravista. Os quilombos foram e são resistência a essa forma de opressão. As mulheres quilombolas enfrentam formas específicas de opressão devido às questões interseccionais de raça, de gênero, entre outras. Muitas vezes a saúde dessa mulher é invisibilizada, ainda mais quando elas se tornam mães. Por isso, este estudo tem como objetivo principal compreender a natureza do racismo nos serviços de saúde e a forma como ele pode afetar a identidade e a maternidade de mães quilombolas. Foi realizado um estudo exploratório e descritivo, com abordagem qualitativa, que utilizou o quadro conceitual da interseccionalidade de gênero, raça e classe, bem como o método participativo na produção dos dados, que fez a triangulação de técnicas de entrevistas individuais, Photovoice (Fotovoz) e grupo focal. A pesquisa foi realizada com sete mães quilombolas na comunidade Monteiro, remanescente de quilombos, que se localiza na zona rural de Timon no Maranhão. A coleta de dados foi realizada em cinco etapas: aproximação com a comunidade para a formação de vínculo; convite às mães quilombolas e preenchimento do questionário sociocultural de caracterização; condução das entrevistas individuais; método Fotovoz, que envolveu a produção das fotografias pelas participantes; e a discussão em grupos focais e entrevistas individuais. A análise temática indutiva foi realizada e fotografias foram selecionadas como representação visual para ilustrar os dados assim como trechos dos discursos das participantes para evidenciar os temas descritivos. Está pesquisa foi submetida e aprovada pelo comitê de ética em pesquisa com seres humanos da Universidade Federal do Piauí. A pesquisa revela que as mães quilombolas do Quilombo Monteiro constroem sua identidade na tensão entre o orgulho de sua negritude e a dor da invisibilidade imposta pelo racismo estrutural. Dois temas analíticos foram construídos: (1) “identidade da mulher quilombola marcada por orgulho e resistência”, que descreve como as mulheres assumem papel de guardiãs da família e da comunidade, guardiã dos saberes ancestrais e tradicionais e sentem na pele a dor e o orgulho por ser negra; e (2) “maternidade quilombola atravessada por desafios estruturais”, que descreve a sobrecarga materna, a invisibilidade e racismo nos serviços de saúde e o anseio por direitos fundamentais. Embora nem sempre as mulheres nomeiem explicitamente as discriminações sofridas, suas experiências cotidianas as revelam. Elas mantêm vivos os saberes ancestrais, mesmo sem discurso político formal, comprovando sua resistência silenciosa. Diante da negligência estatal, especialmente na saúde, essas mulheres transformam o cuidado em ato de sobrevivência, enquanto continuam clamando por dignidade e pelos direitos básicos que lhes são negados. Políticas públicas podem ser delineadas com foco na equidade racial na saúde, na melhoria da infraestrutura dos quilombos e acesso aos serviços de saúde, na valorização dos saberes tradicionais e na promoção da educação e conscientização sobre racismo.
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MARIANA ROCHA MENEZES
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A FORMAÇÃO ACADÊMICO-PROFISSIONAL EM SERVIÇO SOCIAL NO PIAUÍ: UMA ANÁLISE DOS CURSOS PRESENCIAIS SOB A LÓGICA DO CAPITAL
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Orientador : SOFIA LAURENTINO BARBOSA PEREIRA
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Data: 10/07/2025
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A educação superior brasileira é uma das esferas atingidas pelas medidas neoliberais noBrasil, implementadas segundo orientações de países imperialistas. Desse modo, várias tendências circundam o campo educacional, dentre elas: o incentivo do Estado à iniciativa privada, o subfinanciamento à educação superior pública, a flexibilização dos processos formativos e o crescimento acelerado da oferta de cursos de graduação na modalidade de Ensino à Distância (EAD). Esse contexto atravessa cada área profissional e região brasileira de maneira particular e, no caso do Serviço Social no Piauí, influi tanto na construção histórica, como na presente realidade da formação e do exercício profissional no estado. O Piauí é o último estado do Nordeste a fundar seu primeiro curso de Serviço Social, o que acontece em 1976, logo após ser implantada a Fundação Universidade Federal do Piauí (FUFPI). No ano de 2024, esse permanece sendo o único em uma instituição pública no estado, o qual somado ao curso existente no interior do Piauí, em uma instituição privada de ensino, corresponde aos únicos cursos de Serviço Social presenciais, existentes na atualidade, em todo território piauiense. Assim, o estudo em tela tem como objetivo geral: analisar as concepções de formação acadêmico-profissional nos cursos de graduação em Serviço Social presenciais no Piauí, em funcionamento em 2024, à luz das Diretrizes Curriculares da ABEPSS de 1996 e os projetos de educação, profissão e sociedade em disputa. É uma pesquisa empírica, de abordagem qualitativa, com coleta de dados realizada de maneira presencial nas duas instituições investigadas, e tem como método o materialismo histórico- dialético, com base em Marx e Engels. Assim, foi possível observar contextos e concepções distintas de formação profissional no cenário piauiense, o que se relaciona com a realidade da cada local, natureza da instituição, condições objetivas de trabalho docente, recursos institucionais disponíveis e perspectiva assumida por cada curso, próxima ou deslocada das Diretrizes Curriculares da ABEPSS. O curso da universidade federal se apresenta consolidado no Piauí, realiza ensino, pesquisa e extensão de forma transversal, ainda que com alguns limites; possui um processo formativo com profunda densidade teórico-crítica, a partir da adoção da teoria social crítica; e incita a organização política de estudantes e docentes, com o Movimento Estudantil como um espaço potente de formação. Já no curso denominado de “Guaribas”, em uma instituição privada do interior do estado, notou-se que se realiza a formação que é possível, considerando os limites da realidade institucional e da localidade. O processo formativo acontece com ênfase no ensino, sem condições concretas para realizar pesquisa e extensão; e busca-se a adoção da teoria social crítica, ainda que com fragilidades. Nesse contexto, observou-se uma disputa mais acirrada no que diz respeito a projetos societários, de educação e formação profissional, de modo que as docentes se inserem nessa dinâmica e tentam atuar em direção contrária à lógica do modo de produção capitalista. O que tem se desenhado no estado é o declínio dos cursos de Serviço Social presenciais, em detrimento da crescente oferta de cursos na modalidade EAD. Isso leva à precarização da formação e do exercício profissional, em um cenário que se intensifica a espoliação da classe trabalhadora pelo capital e se recrudesce o conservadorismo. Faz-se necessário compreender o contexto piauiense e fortalecer os âmbitos de organização política da categoria, a fim de que não se perca a direção por uma educação de qualidade, socialmente referenciada e emancipatória.
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MARCILENE IBIAPINA COELHO DE CARVALHO
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ACESSO À JUSTIÇA E O EXERCÍCIO DA CIDADANIA: UMA ANÁLISE NO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PIAUÍ (2018 A 2022),
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Orientador : JAIRO DE CARVALHO GUIMARAES
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Data: 27/06/2025
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O acesso à justiça é um direito constitucional garantido a todo cidadão e não deve sofrer limitações, pois é um direito fundamental, importante para a efetivação dos demais direitos e, portanto, imprescindível para a promoção da cidadania no contexto do Estado Democrático de Direito. Ocorre que a concretização do acesso à justiça, em regra, perpassa pelo ajuizamento processual o qual necessita do recolhimento de custas cuja fixação dos valores no âmbito do Poder Judiciário estadual é de competência do respectivo estado; doutra parte, como ação pública, há previsão legal de gratuidade da justiça às pessoas com insuficiência de recursos para o pagamento. Nesse contexto, a pesquisa objetiva analisar o acesso à justiça no Poder Judiciário do Estado do Piauí com enfoque na imbricação entre a concessão de assistência judiciária gratuita e o exercício da cidadania, tendo como recorte histórico-temporal o período de 2018 a 2022. Para tanto, trata-se de uma pesquisa descritiva-exploratória, com aspectos que a aproximam de uma pesquisa explicativa, delineada a partir do resgate teórico bibliográfico e documental, com abordagem quantitativa e qualitativa e orientada pelo método comparativo de dados primários e secundários. Constatou-se que o Piauí possuía baixos indicadores socioeconômicos, havia uma concentração de unidades judiciárias em poucos municípios, praticava elevados valores de custas judiciais, computou mediana quantidade de causas ajuizadas por habitantes e um ínfimo número de processos com assistência judiciária gratuita arquivados definitivamente, contudo, no recorte de procedimento comum cível, esteve entre os mais demandados e dentre os que mais causas tramitaram com gratuidade da justiça, e contabilizou um mediano tempo médio de tramitação processual, portanto, não se pode concluir pelo amplo, inclusivo e justo acesso à justiça no âmbito do Poder Judiciário estadual, ainda que em cenários comparativos com as demais justiças estaduais da região Nordeste ou com as categorizadas como de pequeno porte; desse modo, as desigualdades sociais são reproduzidas em desigualdades de acesso à justiça e desconstroem o exercício da cidadania. Espera-se, por fim, despertar uma visão crítico-reflexiva e uma discussão no âmbito das políticas públicas capazes de assegurar um amplo acesso à justiça como meio para consecução de uma sociedade mais justa e igualitária.
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NAYARA COSTA DOS SANTOS
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A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NO CONTEXTO DE AJUSTE FISCAL DO ESTADO BRASILEIRO: UMA ANÁLISE DOS CASOS DO IFPI E DO IFRN (2016-2022)
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Orientador : JULIANO VARGAS
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Data: 20/06/2025
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As políticas de educação especial desempenham um papel fundamental na implementação do compromisso mundial Educação para Todos (UNESCO, 1990). Essa modalidade de ensino busca assegurar a inclusão de pessoas com deficiência (PcDs) no sistema educacional regular, por meio da eliminação de barreiras de acessibilidade e aprendizagem, com recursos e serviços de apoio especializado (Ainscow, 2009). Partindo dessa perspectiva, esta pesquisa teve como objetivo geral analisar a implementação da Política de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva (PEEPI) no contexto do aprofundamento dos ajustes fiscais do Estado brasileiro entre 2016 e 2022, considerando suas repercussões na realidade dos Institutos Federais. Para alcançar esse objetivo, foi descrito como se deu a incorporação do neoliberalismo pelo Estado a partir da década de 1990, enfatizando a promoção de ajustes fiscais e suas implicações nas políticas de educação. Em seguida, foi apontada e discutida a construção histórica da política de educação especial no Brasil e os efeitos dos ajustes fiscais na sua implementação nos anos de 2016-2022. E, para compreender de forma mais específica a realidade, foram identificadas e sistematizadas as medidas implementadas no IFPI e no IFRN referentes à política de educação especial. A estruturação dos objetivos buscou responder à seguinte problemática: como foi implementada a política de educação especial no IFPI e no IFRN, entre 2016 e 2022, em meio aos recentes ajustes fiscais do Estado brasileiro? A hipótese levantada é que os ajustes fiscais desse período foram prejudiciais à implementação da PEEPI nos Institutos Federais do Piauí e do Rio Grande do Norte. Metodologicamente, a pesquisa realizou estudos de natureza bibliográfica e documental, com abordagem quali-quantitativa dos dados e das informações obtidas. Os resultados da pesquisa validaram a hipótese ao demonstrar que a Emenda Constitucional no 95/2016, juntamente com outras medidas, reduziram os investimentos em educação pública, inclusive no IFPI e no IFRN, enquanto as matrículas na educação especial inclusiva cresceram no mesmo período, criando um descompasso entre a demanda e a oferta do serviço. Assim, a diminuição dos gastos públicos, as tentativas de reformulação da política e a precarização na contratação de alguns profissionais da área de educação especial comprometeram a inclusão plena dos estudantes com deficiência no IFPI e no IFRN no período de 2016 a 2022.
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STEPHANIE MARIA PEREIRA SANTOS
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A EVOLUÇÃO DOS PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA MÍNIMA NO BRASIL NO ENFRENTAMENTO A POBREZA: UMA ANÁLISE POLÍTICA E IDEOLÓGICA
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Orientador : IRACILDA ALVES BRAGA
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Data: 17/06/2025
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Este estudo analisou a evolução dos Programas de Transferência de Renda Mínima (PTRM) no Brasil, com ênfase nas dimensões políticas e ideológicas que orientaram sua formulação e implementação ao longo dos diferentes governos. A pesquisa, de natureza bibliográfica e documental, apoiou-se em autores como Silva, Yazbek, Di Giovanni, Potyara Pereira, Behring, entre outros, para compreender os princípios ideológicos subjacentes aos PTRM. Observou-se que esses programas, embora fundamentais para a mitigação da pobreza e a ampliação do acesso a bens de consumo básicos, assumem diferentes sentidos a depender da orientação político-ideológica dos governos. Nos governos FHC e Bolsonaro, prevaleceu uma perspectiva liberal/neoliberal e focalizada, enquanto nos governos Lula e Dilma houve avanços na integração com políticas universais, ainda que mantida a lógica compensatória. A análise demonstrou que os PTRM, em sua maioria, têm limitado potencial transformador, por não enfrentarem as causas estruturais da pobreza e da desigualdade social. Reforça-se a necessidade de políticas públicas pautadas na universalização dos direitos sociais, como propõe a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), e no ideal da Renda Básica de Cidadania, defendido por Eduardo Suplicy e Philippe Van Parijs, que propõe uma abordagem desburocratizada, transparente e de alcance universal. Conclui-se que os PTRM devem ser concebidos como parte de uma estratégia mais ampla de garantia de direitos e cidadania plena, superando a lógica focalizada e assistencialista, e contribuindo efetivamente para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
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TAMIRES NOGUEIRA SANTOS
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REPRESENTATIVIDADE DA SOCIEDADE CIVIL NOS CONSELHOS MUNICIPAIS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DOS MUNICÍPIOS DE GRANDE PORTE DO ESTADO DO PIAUÍ
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Orientador : TERESA CRISTINA MOURA COSTA
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Data: 05/06/2025
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A presente dissertação de mestrado trata da representatividade da sociedade civilnos Conselhos Municipais de Assistência Social dos municípios de grande porte do Estado do Piauí. A pesquisa problematiza a relação existente entre representantes eleitos nestes conselhos e os segmentos representados. O objetivo geral do estudo é analisar a representatividade da sociedade civil nos Conselhos Municipais de Assistência Social dos municípios de grande porte do Estado do Piauí entre 2021 e 2024. Busca também identificar os projetos em disputa no significado de representatividade dos representantes da sociedade; examinar se as pautas discutidas pelos conselheiros estão interligadas ao conjunto de questões das suas respectivas bases; discutir as estratégias das/os representantes da sociedade civil para incorporar as pautas das suas bases e avançar no controle da política de Assistência Social no contexto de capitalismo em crise; investigar como os segmentos representados têm acompanhado as ações dos seus representantes; analisar as ações desenvolvidas pelos conselhos municipais para viabilizar a participação dos representantes da sociedade civil. Para o desenvolvimento da pesquisa e alcance dos referidos objetivos, buscou a abordagem analítica, qualitativa e o método crítico dialético.
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WILLAME CARVALHO E SILVA
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A política de expansão da educação superior pública no Piauí (1995 2020)
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Orientador : RAIMUNDO LENILDE DE ARAUJO
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Data: 08/05/2025
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A tese sobre a expansão da educação superior pública, desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do Piauí, consistiu em uma análise acadêmica e científica das mudanças educacionais e profissionais impulsionadas por intervenções estatais significativas em instituições de formação profissional do ensino superior público no Estado do Piauí, com impacto na interiorização e criação de unidades, diversificação na oferta de cursos e a expansão de vagas. Teve como objetivo geral analisar a expansão da educação superior pública no Piauí no período de 1995– 2020, no contexto da Universidade Federal do Piauí (UFPI), da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e do Instituto Federal do Piauí (IFPI), sendo seus objetivos específicos: identificar as iniciativas de expansão da educação superior e seus impactos na ampliação de vagas e cursos; compreender as estratégias que as IES públicas utilizaram para ampliação do acesso à educação e mapear a estrutura da educação superior pública no Piauí. O trabalho pretendeu responder à seguinte indagação: quais os impactos da expansão da Educação Superior Pública no Piauí entre os anos de 1995 e 2020? A pesquisa foi desenvolvida por meio de referencial teórico e metodológico com ênfase em levantamento bibliográfico, documental e de legislação da educação superior brasileira, complementado por coleta de dados em relatórios e documentos publicados por instituições internacionais e nacionais; realização de entrevistas semiestruturadas com ex-dirigentes e, culminado com a elaboração de discussões e conclusões. O programa de expansão da educação superior pública, a partir de iniciativa do governo federal (REUNI e EXPANDIR), deixou sua marca nos estados periféricos, como é o caso do Piauí, por se constituir numa oportunidade de crescimento de forma significativa. A interiorização da educação superior mostrou-se um projeto viável e exequível, capaz de oportunizar o acesso à educação a milhares de pessoas interessadas em um diploma acadêmico.
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ANA KELMA CUNHA GALLAS
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O ATIVISMO ANTIGÊNERO DO OBSERVATÓRIO INTERAMERICANO DE BIOPOLÍTICA
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Orientador : OLIVIA CRISTINA PEREZ
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Data: 29/04/2025
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Esta pesquisa investiga o ativismo antigênero do Observatório Interamericano de Biopolítica (OIB), uma organização criada em 2014 por membros da Renovação Carismática Católica, que atua no movimento antigênero brasileiro. O objetivo do estudo é investigar os repertórios, discursos e estratégias utilizados pela organização para sustentar a negação do gênero como
construção social, destacando, nesse processo, a sua atuação na esfera política brasileira. Têm- se como hipótese que o OIB atua como um think tank do movimento antigênero, se utilizando
de repertórios discursivos sofisticados, táticas de mobilização e coalizões com grupos conservadores. Como ator político, o OIB tem se dedicado a aumentar sua influência no debate sobre educação, políticas de igualdade de gênero e direitos reprodutivos no Brasil. A pesquisa adota metodologias qualitativas para analisar materiais produzidos pelo grupo, entre os quais, documentos, textos e audiovisuais disseminados na internet. A Advocacy Coalition Framework (ACF) é usada como base teórica e metodológica para entender a dinâmica de ação de atores políticos motivados por suas crenças em contextos religiosos e laicos. A análise de eventos, seminários e alianças políticas realizadas pelo OIB revela um padrão de atuação que se adapta às oportunidades políticas. Suas propostas encontraram ressonância institucional e apoio governamental, configurando um ciclo de retroalimentação entre o OIB e o poder político conservador no período analisado. Os resultados revelam como o OIB passou a exercer um papel central no movimento antigênero no Brasil, especialmente, entre 2014 e 2018, o que interferiu nas políticas públicas do país no período estudado.
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DAVÍ MAGALHÃES CARVALHO
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Gestão Democrática na Política de Assistência Social: uma análise do SUAS em municípios da Serra da Ibiapaba/Ce
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Orientador : JAIRO DE CARVALHO GUIMARAES
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Data: 25/04/2025
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O estudo aqui apresentado surgiu a partir da necessidade de melhor compreensão sobre o nível municipal da gestão do Sistema Único de Assistência Social no Brasil numa perspectiva democrática a partir da realidade de municípios da Região da Serra da Ibiapaba, interior do Estado do Ceará. A escolha pelo objeto e a importância do estudo justificam-se pela lacuna que ainda existe na literatura sobre o nível local de gestão da política de Assistência Social, mesmo sendo nesse âmbito onde os parâmetros gerais da política encontram a realidade territórios, dos sujeitos, das famílias e dos grupos sociais. É nesse nível de gestão onde a política alcança sua última formatação, ganha os últimos ajustes para chegar diretamente no seu público-alvo e, portanto, os processos de gestão democrática tem significativa importância. A pesquisa então traz como objetivo primário analisar a gestão municipal da política de Assistência Social em municípios do Ceará, seus desafios e potencialidades para o fortalecimento de um modelo de gestão democrática à luz das diretrizes do SUAS. Para alcançar essa compreensão o estudo foi feito em três municípios da Região da Serra da Ibiapaba, noroeste do Ceará, onde foram entrevistados três atores da política em cada município: o secretário e dois membros dos conselhos locais, utilizando como instrumento de coleta de dados um roteiro de Entrevista Aberta. O processamento dos dados foi realizado com o software IRAMUTEQ (Interface de R pourles Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires) 0.7, versão alpha 2 e com o software estatístico R versão 4.1.3. Os resultados demonstram que a realidade da gestão do SUAS nos municípios é atravessada por fatores que ainda tensionam fortemente uma efetiva gestão democrática. Fatores históricos da relação Estado-sociedade como o patrimonialismo e o primeiro-damismo marcam esse campo, mas também a pesquisa identificou elementos e amarras culturais e institucionais que minimizam a atuação dos conselhos municipais ao cumprimento de meros trãmites burocráticos/processuais, além do fator da violência objetiva e simbólica exercida por grupos criminosos nos territórios que desafiam a política e a participação da sociedade. Conclui-se que tais elementos são de grande importância analítica, sobretudo no cenário atual onde o mundo e o Brasil tem enfrentado ataques sistêmicos à democracia e a participação dos cidadãos na vida pública tem gerado cada vez menos envolvimento pelos setores da sociedade.
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LAISLA SHIRLEY RODRIGUES MARANHÃO
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Atores e processos de resistência aos desmontes/reconfigurações na política de saúde mental brasileira antimanicomial: entre 2016 e 2022
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Orientador : LUCIA CRISTINA DOS SANTOS ROSA
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Data: 07/04/2025
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A presente tese tem como objetivo analisar os atores e suas estratégias de resistência aos desmontes/reconfiguração na Política de Saúde Mental Antimanicomial brasileira, no período de 2016 a 2022. Sabe-se que, com a Reforma Psiquiátrica, principalmente após a Lei no 10.2016/2001, muitos foram os avanços e conquistas no campo da saúde mental. Passa-se a questionar o modelo asilar de supressão da liberdade e de violação dos direitos humanos e defende-se uma nova forma de assistência à pessoa com transtorno mental, pautado no cuidado comunitário, defesa dos direitos e cidadania desse segmento através da sua inserção na sociedade e ampliação dos serviços substitutivos. No entanto, principalmente no contexto pós golpe de 2016, em especial nos (des) governos de Temer e Bolsonaro, há o aceleramento da contrarreforma psiquiátrica e das medidas neoliberais e neoconservadoras, que revigoram o desfinanciamento do SUS, a remanicomialização e a mercantilização da saúde, aprofundados com a pandemia da Covid-19 e a gestão de enfrentamento negacionista e genocida. Nesse contexto, o presente estudo descreveu os avanços e impasses que ocorreram antes e após a Constituição de 1988, principalmente para a trajetória da Política Nacional de Saúde Mental brasileira, no contexto capitalista de grande avanço da ofensiva neoliberal; analisou os desmontes/reconfiguração instituídos a essa política, e suas implicações nos direitos e na proteção da pessoa com transtorno mental, pós 2016 e mapeou os atores e processos de resistência que estiveram em curso/ação para consolidação do legado da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial. Para atingir os objetivos do presente estudo, realizou-se uma pesquisa qualitativa com base na análise bibliográfica e documental: artigos, livros, dissertações, teses, dentre outros. Para estudar o contexto histórico de cada ator, sua missão, trajetória, relação com a Luta Antimanicomial e processos de resistência implementados, examinou-se suas redes sociais, site, acervos e documentos produzidos como: relatórios de eventos, cartas de repúdio, audiências, moções, nota pública, dossiê, cursos de formação, lives, petição pública, etc.
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LIBNI MILHOMEM SOUSA
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SÃO DIREITOS QUE QUEREMOS: REPERTÓRIO DOS MOVIMENTOS LGBTQIA+ E O PODER JUDICIÁRIO
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Orientador : OLIVIA CRISTINA PEREZ
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Data: 10/03/2025
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Esta tese insere-se no campo das discussões sobre o reconhecimento legal e judicial dos direitos da população LGBTQIA+ no Brasil. Apoiada neste debate, tem como objetivo principal analisar como as demandas por direitos dessa população estão sendo recebidas pelos Três Poderes da República e de que forma os movimentos LGBTQIA+ têm contribuído para a conquista desses direitos, especificamente por meio do Poder Judiciário. De forma geral, a pesquisa examina a recepção dos Poderes Executivo e Legislativo às demandas trazidas pelos movimentos LGBTQIA+ desde o início da (re)democratização brasileira, com a Constituição Federal de 1988, até o término do governo Bolsonaro, em 1.º de janeiro de 2023. Simultaneamente, analisa a estratégia dos movimentos LGBTQIA+ de levar algumas de suas demandas ao Poder Judiciário. A pesquisa, de abordagem quantitativa e qualitativa, utilizou como metodologia o modelo ex post facto, caracterizando-se como um estudo exploratório e descritivo. Inicialmente, buscamos analisar os direitos da população LGBTQIA+ no Poder Executivo, por meio do levantamento das principais ações estatais voltadas para essa população, bem como das diretrizes aprovadas nas três edições das Conferências Nacionais LGBT.
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GERSIANNE MARTINS VIANA DOS SANTOS
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AS POLÍTICAS DE FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DE SALAS REGULARES NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA COM FOCO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL: O QUE TEMOS E ONDE PRETENDEMOS ESTAR?
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Orientador : JAIRO DE CARVALHO GUIMARAES
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Data: 14/01/2025
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A educação inclusiva vem ganhando espaço nos aspectos epistemológicos que viabilizam a educação como direito de aprendizagem, dando a todos os alunos com deficiência as condições de acesso e permanência na educação formal. Neste contexto, fomenta–se as definições legais nos aspectos políticos garantidos por leis que determinam todos os direitos desse aluno na escola. Mediante o exposto, delimitamos como objeto de estudo: discutir como as políticas de formação continuada para professores das salas de regulares na perspectiva da educação inclusiva com foco na educação especial, na educação infantil, têm contribuído para as práticas pedagógicas de modo que haja o direito de aprendizagens por parte dos alunos com deficiências que frequentam a rede municipal de ensino de Teresina, Piauí. Considerando o objeto proposto para essa investigação, elencamos o seguinte problema de pesquisa: Têm as políticas de formação continuada para professores de sala regulares implementadas em Teresina contribuído para a educação inclusiva dos alunos e no avanço das práticas didático-pedagógicas no âmbito da educação especial? O objetivo geral da pesquisa é analisar as políticas de formação continuada para professores de salas regulares na ótica da educação inclusiva, destacando os desafios, as complexidades e as possibilidades que descrevem os professores que atuam na educação infantil na perspectiva da educação especial, visando às suas contribuições na inclusão escolar dos estudantes concernente ao seu agir didático–pedagógico. Para dar substância e consistência ao objetivo geral, foram definidos alguns objetivos específicos: Identificar quais as políticas de formação continuada voltada para a educação especial conhecida pelos docentes; descrever as políticas de formação continuada e suas contribuições para a prática docente; citar as políticas de formação continuada de professores que são desenvolvidas na rede municipal de Teresina (PI), com foco na educação inclusiva que os professores conhecem; identificar e discutir as contribuições das políticas de formação continuada de professores na prática pedagógica para a educação inclusiva na Educação Especial; indagar como a formação continuada possibilita a construção de saberes para a prática pedagógica de educação inclusiva na Educação Especial e elencar os desafios e as complexidades relatados pelos professores que atuam na educação infantil no contexto da educação especial. O percurso metodológico seguido a fim de conferir cientificidade ao trabalho passou por duas fases. A primeira fase consistiu na revisão da literatura, constituído por materiais nacionais, extraídos de artigos científicos e livros, como também pesquisas documentais baseadas em fontes legislativas, dados do Censo-Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP, 2024) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2023). A segunda fase do estudo além do caráter descritivo, a pesquisa possui uma abordagem quali-quantitativa, realizada através de uma pesquisa de campo, nesse contexto, reporta-se as análises e discussões através de entrevistas semiestruturadas, realizada com 20 professoras que atuam em sala de aula da educação infantil no contexto da educação especial e seu agir pedagógico, reportando suas dificuldades e desafios. No entanto, o problema que foi levantado na pesquisa, foi respondido, não de forma positiva, ao analisar os problemas levantados pelas professoras, observou-se que as políticas de formação continuada para professores de sala regulares implementadas em Teresina não têm contribuído de forma satisfatória para a educação inclusiva, dificultando o avanço dos alunos com deficiências e desafiando as professoras nas práticas didático-pedagógicas. Por tanto, consistem no processo de inserção dos alunos e não de inclusão.
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CRISTIANE OSÓRIO DOS SANTOS
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A PARTICIPAÇÃO, A REPRESENTAÇÃO NÃO-ELEITORAL E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NO ORÇAMENTO POPULAR DE TERESINA (PI): A DEMOCRACIA SE SUSTENTA?
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Orientador : JAIRO DE CARVALHO GUIMARAES
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Data: 14/01/2025
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A pesquisa trata temas que, por duas décadas (1991-2010), permaneceram em campos de análise opostos na literatura brasileira: os efeitos que as instituições participativas (IPs) provocaram para o aprofundamento da democracia e o que a institucionalização dos movimentos sociais provocou nas relações socioestatais. Contribui com a agenda de Almeida e Dowbor (2021), e a sugestão de estudos amparados na mútua fertilização entre: (i) as categorias em evidência na literatura brasileira dos anos 2000, como a representação não-eleitoral nas IPs; e, (ii) as categorias que analisam a institucionalização dos movimentos sociais, os contornos de sua atuação e os efeitos sobre os seus repertórios de interação com o Estado, tônica na literatura brasileira a partir dos anos de 2010, como a categoria encaixe institucional. Estudou o Orçamento Popular (OP) da cidade de Teresina (PI), analisando a representação não-eleitoral na IP a partir do trabalho de Fossheim (2022), e analisou também o encaixe institucional (Gurza Lavalle et al., 2018) nas relações socioestatais daquela IP. A pesquisa investigou as dinâmicas da representação não-eleitoral para identificar mecanismos que envolveriam autorização e accountability consubstanciando as ações dos atores sociais a fim de analisar o cumprimento das promessas das teorias democráticas acerca das IPs e os efeitos que elas proporcionam para qualificar a representação não-eleitoral como legítima e democrática; mas, também, para identificar quais mecanismos no repertório de interação permitiram o acesso permanente à IP e alongaram no tempo a capacidade dos atores sociais de influenciar as decisões públicas na distribuição dos recursos orçamentários, classificando a pesquisa como descritiva e explicativa. Coletou dados em leis, registros administrativos e entrevistas semiestruturadas a presidentes de entidades civis e delegados do OP escolhidos entre aqueles atores sociais mais relevantes. Observou-se que a autorização e accountability não-eleitoral na representação dos atores sociais é apreendida através da pactuação pública, do diálogo face a face e comunicação bidirecional entre representantes e representados; entretanto, não se pode qualificar a representação não eleitoral no OP de Teresina como democrática; posto que a distribuição dos recursos orçamentários não foi igualitária nas regiões da cidade, observando-se a concentração de recursos em determinadas regiões. Por sua vez, nas relações socioestatais analisadas, estão configurados alguns mecanismos que permitiram aos representantes a capacidade de ação e de influência; a saber: a rede de apoio e coalizões que os atores sociais formaram entre si, a permeabilidade do Estado em não proibir a reeleição para os mandatos de delegado durante a maior parte da existência da IP, e a gênese relacional dos atores nos movimentos sociais que permitiu o aprendizado necessário para que pudessem interagir e operar políticas. Estas configurações causaram efeitos na própria organização dos atores sociais em busca do atendimento de seus interesses e reivindicações; bem como efeitos discursivos no padrão de ação coletiva, percebendo-se, neste estudo, a mudança do padrão contestatório dos movimentos sociais, característico das décadas de 60/70 conforme a literatura brasileira, para o padrão cooperativo-dependente nas relações socioestatais construídas no OP de Teresina.
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