A ascensão ideológica e eleitoral da Nova Direita na América Latina, enquanto movimento antiestablishment transnacional não homogêneo, estabeleceu-se de forma paradigmática no Brasil, provocando cientistas políticos e internacionalistas a pensar sobre os novos contornos da política externa brasileira. Assim, na temática dos 30 anos de existência do Mercado Comum do Sul, fazse necessário revisitar o tema da integração regional pelos países do bloco com novas abordagens. O presente trabalho objetiva, portanto, estudar os impactos da denominada onda política conservadora ou “virada para a nova direita” para coordenação e integração política latino-americana. Fomentar-se-á a discussão sobre a participação do Brasil enquanto relevante player e potência regional, que leva à seguinte pergunta norteadora: “Quais mudanças políticas e econômicas na retórica e prática neoconservadoras, implementadas pela extrema direita no Brasil (2016-2021), representam riscos à integração mercosulina?”. Em termos metodológicos, optou-se pelo método dedutivo, com pesquisa qualitativa e exploratória, operacionalizando-se através do levantamento de dados enquanto técnica de pesquisa (notícias jornalísticas, normativas da Secretaria do Mercosul e do Ministério da Justiça e Segurança Nacional, clipping do sítio virtual do Ministério das Relações Exteriores). Ato contínuo, perpassa ainda a análise dos posicionamentos dos chefes de Estado e do Ministério das Relações Exteriores do Brasil em termos de integração regional, no período de 2016 a 2021 e dos dados estatísticos das trocas comerciais entre o Brasil, China e países-membro do Mercosul disponibilizados pela plataforma Comex Stat do Ministério da Economia e do Sistema de Estatísticas de Comércio Exterior do MERCOSUL (SECEM). Em síntese, constata-se que a retórica da diplomacia presidencial a partir da “virada para a nova direita” em termos de stardarts em matéria ambiental e política migratória implica em riscos de retomada da postura de distanciamento regional, potencializados pela reestruturação da economia mundial pós-crise de 2008 e a nova relação centro-periferia da América Latina com a China.