Esta pesquisa visa compreender em que medida a denominada onda política conservadora
ou “virada para nova direita” na política externa brasileira (PEB) influencia na
coordenação e (des)integração política mercosulina. A discussão sobre a participação do
Brasil enquanto potência regional nos leva à seguinte pergunta norteadora: Quais
mudanças na retórica oficial e nas práticas implementadas pela extrema direita no Brasil,
entre 2016 e 2021, representam riscos à (des)integração mercosulina? A hipótese da
pesquisa é que os discursos oficiais e escolhas políticas, a partir da ascensão da extrema
direita no Brasil, inclinam-se ao distanciamento regional do MERCOSUL. Optou-se pela
pesquisa qualitativa, com utilização da análise de discurso enquanto método de pesquisa,
operacionalizado por meio do levantamento de dados (notícias jornalísticas, normativas
do Ministério da Justiça e Segurança Nacional, clipping do sítio virtual do Ministério das
Relações Exteriores) com ênfase nos posicionamentos dos chefes de Estado brasileiros
sobre integração regional entre 2016 e 2021, disponibilizados pelo MRE. Conta ainda com
a análise de dados das trocas comerciais entre o Brasil, China e países-membro do
Mercosul disponibilizados pela plataforma Comex Stat do Ministério da Economia e do
Sistema de Estatíticas de Comércio Exterior do MERCOSUL (SECEM). Constata-se que
a “virada para a nova direita” brasileira adota uma postura de distanciamento regional
na diplomacia presidencial que agrava a paralisia decisória mercosulina e tem, como
demonstrações, as alterações no direcionamento da política migratória e do
gerenciamento de pautas ambientais. Como contrafactual, este cenário de paralisia
decisória do bloco, embora agravado, possui raízes históricas advindas de governos
anteriores e do “modelo de MERCOSUL” da Política Externa Brasileira.