A pesquisa teve como objetivo extrair, caracterizar bioquimicamente, avaliar a toxicidade e a estabilidade das proteases obtidas da casca do fruto da castanheira-de-gurguéia (Dipteryx lacunifera Ducke), com foco no aproveitamento de suas biomoléculas, especialmente dos resíduos dessa planta. O extrato bruto foi obtido pela moagem da casca do fruto, seguida de diluição em tampão fosfato de sódio. A atividade proteásica, a quantificação de proteínas e as propriedades bioquímicas da enzima foram determinadas, incluindo pH ótimo, temperatura ótima e os efeitos de cofatores. O extrato apresentou uma atividade proteásica de 30,66 U/mL e atividade específica de 66,65 U/mg, com pH ótimo de 11 e temperatura ótima de 50°C, sendo estável por até 90 minutos a essa temperatura. O íon Mg²⁺ aumentou a atividade enzimática em 11%, enquanto os outros íons testados reduziram a atividade. A avaliação de toxicidade, utilizando o teste de Artemia salina, não revelou efeitos tóxicos do extrato, mesmo após 48 horas de exposição. A estabilidade da protease foi mantida tanto em rações peletizadas quanto fareladas, com 100% de atividade enzimática preservada nas duas formas. Além disso, foi realizada uma aplicação in vivo do extrato bruto e do extrato purificado contendo as proteases, com a aprovação do comitê de ética (autorização nº 86385). Os resultados mostraram que o tratamento com o extrato bruto proporcionou um ganho de peso de 61,66 g, enquanto o tratamento com a enzima purificada resultou em 95,74 g de ganho de peso, com viabilidades de 96% e 84%, respectivamente. Esses achados indicam que as proteases extraídas da castanheira-de-gurguéia têm grande potencial para utilização como aditivos enzimáticos na alimentação de frangos de corte, apresentando boa estabilidade e segurança.