A química de alimentos é uma ciência multidisciplinar que
engloba atividades científicas e tecnológicas de aproveitamento total das matérias
primas e de seus resíduos. Nessa abordagem, buscamos caracterizar os teores de ácidos
graxos que compõem a fração lipídica de óleos de castanhas de caju de diferentes clones
de cajueiro desenvolvidos pela Empresa Brasileira de Agropecuária (EMBRAPA).
Além disso, foram determinados os teores totais de macro e micronutrientes minerais
nas amostras de castanha de caju e nas películas que as revestem. E a etapa final,
consistiu na avaliação do potencial antioxidante das películas provenientes dos 11
clones. Como principais resultados, as análises lipidômicas mostram que o ácido oleico
foi o ácido graxo majoritariamente encontrado nos óleos dos diferentes clones (60,0 a
68%) e a maior relação de AGPIs/AGs foi encontrada para o clone BRS 253
caracterizando-o como o óleo mais saudável entre os clones estudados. Os resultados de
macro nutrientes minerais indicaram que os clones BRS 265 e CCP06 foram os que
mais contribuíram para a ingestão diária recomendada de P e Mg, respectivamente.
Entre os micronutrientes minerais, o consumo diário de até 30 g de amêndoa de caju do
clone BRS 265 supre as necessidades diárias de até 93 % de Cu, enquanto que as
amostras CCP 1001 suprem as necessidades diárias de Fe e Zn em 23 e 27%,
respectivamente. As películas mostraram ser boas fontes de K e P e dos micronutrientes
minerais Cu, Fe e Zn. Sugestivamente, podem ser utilizadas como forragem na
alimentação de bovinos de corte. Ainda para as películas, o tratamento quimiométrico
indicou uma mistura de solventes (água-etanol-acetona nas proporções 42:33:26 (v v-1),
que foi capaz de gerar extratos antioxidantes potentes. O extrato mais antioxidantes
frente aos radicais ABTS•+ e DPPḢ foi o EMBRAPA 51 que apresentou valores de
IC50 iguais a 29,62 ± 2,13 μg mL-1 e 26,80 ± 1,74 μg mL-1, respectivamente. Esses
extratos foram considerados mais potentes que extratos antioxidantes de outros resíduos
vegetais (casca de cebola e de kiwi) e que antioxidantes comerciais como ácido
ascórbico e hidroxitolueno butilado. Portanto, esse trabalho trouxe informações
relevantes para o desenvolvimento de novas tecnologias de alimentos e para agregar
valor à resíduos vegetais da cadeia produtiva da castanha de caju.