A transformação na realidade do ensino médio brasileiro deve passar, necessariamente, por mudanças na formação de professores, e deve possibilitar a implementação de novas abordagens na busca de, entre outros propósitos, tornar os alunos protagonistas de sua aprendizagem. O método de estudo de caso investigativo é uma metodologia ativa, o qual permite trabalhar conteúdos de química a partir de narrativas fictícias com uma problemática a ser resolvida, e proporciona o desenvolvimento de diversas habilidades, como argumentação, leitura e escrita, tomada de decisões e resolução de problemas. Nessa perspectiva, no presente trabalho foi investigada uma proposta de ensino pautada na construção de casos investigativos por estudantes de Licenciatura em Química para a educação básica, com base nas diretrizes propostas por Herreid (1998) para a produção do que se considera um bom caso. Tomou-se a hipótese de que os licenciandos, a partir do contato com os preceitos e métodos da abordagem de casos investigativos em um processo formativo, tornem-se mais capazes de elaborar e implementar alternativas metodológicas durante seu trabalho docente com vistas a levarem seus alunos ao desenvolvimento de habilidades relevantes à sua formação. A pesquisa, de natureza qualitativa, foi aplicada junto a alunos de uma disciplina de Metodologia do Ensino de Química, ofertada no curso de Licenciatura em Química da Universidade Federal do Piauí. A intervenção envolveu a coleta de características, impressões e conhecimentos prévios dos sujeitos e ações formativas sobre o método de estudo de casos, culminando na produção de casos associada a uma proposta didática. O presente manuscrito traz um recorte desta pesquisa, no qual apresenta-se a análise das características dos casos produzidos segundo os parâmetros de um bom caso segundo Herreid (1998). A análise demonstrou que as narrativas foram bem elaboradas, uma vez que quase todas as características para um bom caso foram identificadas, exceto por não trazerem generalizações e a inclusão de diálogos. Ficaram também bastante evidentes as dificuldades no processo de escrita, corroborando a importância de se trabalhar mais efetivamente a escrita e a expressão oral na graduação em química. Foi também observado que todos os casos possuíam caráter sociocientífico, revelando seu potencial em discutir temas relevantes para a sociedade por meio do ensino de química. A proposta, portanto, mostrou-se relevante em propiciar a professores em formação a possibilidade de planejar metodologias de ensino e a desenvolverem habilidades como seleção de conteúdo, pensamento crítico-reflexivo e tomada de decisão.