O estudo desta tese atravessa o campo de investigações acerca do envelhecimento e velhices da classe trabalhadora, dos sistemas de proteção social e das políticas de cuidado no domicílio, relacionado às análises acerca do imbricamento de demarcadores de desigualdades sociais como a classe, o gênero e a raça/etnia, a partir do método materialista histórico dialético, de base crítica, ele que é ainda quantiqualitativo, teórico, bibliográfico e documental, com o uso de técnicas do núcleo de ignificações. O debate sobre o envelhecimento e velhices esteve orientado pela perspectiva de totalidade social que considera as condições materiais de existência nesse processo e que são atinentes no modelo capitalista de produção no cenário contemporâneo. Seguiu se com as discussões acerca das políticas de cuidado em domicílio para a pessoa idosa dependente de cuidados e suas famílias no Brasil e Portugal. O objetivo da presente pesquisa foi analisar de forma comparativa, as configurações das políticas de cuidados em domicílio, para pessoas idosas com dependência da classe trabalhadora, no Brasil e em Portugal, a partir da lógica do desenho normativo dos serviços de atendimento em domicílios das políticas públicas de saúde e de assistência social desses países, o contexto dos seus modelos ou regimes de bem-estar social e ainda o imbricamento das desigualdades de classe, gênero e raça/etnia. As conclusões do estudo, aproximaram se d os principais “resultados” da realidade investigada, a partir das referências tidas diante das contribuições teóricas que orientaram o processo de formatação da pesquisa e consequentemente com a p ropositura para estudar direções que viabilizem para “horizontes” de implementação de políticas públicas para a população idosa de caráter universalizantes, sobretudo políticas de cuidados, dentre elas as que demandam cuidados no domicílio, tendo em vista a condição de dependência para o exercício das atividades básicas da vida diária desse segmento populacional expressivo no cenário mundial. Tanto no Brasil como em Portugal, as referências no debate acerca dos serviços no domicílio, sobretudo como prevalência deste como espaço de proteção e cuidados, tem sido direcionados por meio da perspectiva de organismos internacionais de que as pessoas idosas e ainda outros segmentos populacionais devem viver em família, recebendo os suportes necessários para esse convívio, a fim de tornar o domicílio um lugar de proteção e não de violação de direitos, na perspectiva da centralidade na família, direção essa dada pela lógica neoliberal. Os cuidados oferecidos no âmbito do domicílio, dão-se eminentemente na perspectiva da “gestão social dos riscos” em que o foco está nas orientações, informações e capacitações dos serviços, onde as famílias são ensinadas a gerir os riscos, inclusive do envelhecimento com dependência, em que as equipes, sejam no âmbito das políticas de saúde e/ou da assistência social, realizam esse trabalho de orientação, do repasse de informações, da observação, sobretudo com papel fiscalizatório sobre as famílias para gerenciar se as mesmas estão cuidando como orientadas, e que na maioria das situações, não existem espaços para o atendimento das necessidades dos que cuidam, como se pode observar na realidade brasileira.