A complexidade que envolve o uso prejudicial de substâncias psicoativas por mulheres,
demonstra a necessidade de compreensão desse fenômeno considerando as intersecções
entre gênero, classe, raça, bem como a atuação intersetorial de diversas políticas
públicas como estratégia essencial para a efetivação da assistência e cuidado de maneira
integral, equitativa e comprometida com a defesa dos direitos humanos e os princípios
da Reforma Psiquiátrica. Dessa forma, o presente trabalho objetivou analisar como se
configuram a assistência e o cuidado direcionado às mulheres que fazem uso prejudicial
de substâncias psicoativas no município de Teresina – PI, a partir da intersetorialidade
entre as Políticas de Saúde Mental, Assistência Social, Sócio Jurídico e Políticas
Públicas para as Mulheres. A pesquisa é de natureza qualitativa, com método dialético e
tem como cenário, 11 serviços que compõem as políticas públicas objeto desse estudo.
O estudo contou com a participação de 14 profissionais, 04 gestores, e 06 mulheres
usuárias do CAPS AD de Teresina/PI. Os instrumentos privilegiados para construção
das informações foram análise de prontuários, entrevista semiestruturada e grupo focal.
Os resultados obtidos apontam, através do perfil das usuárias, que estas são em maioria,
mulheres negras, moradoras de territórios periféricos, pobres, mães solo, que enfrentam
o estigma, a desigualdade e a exclusão social. O cuidado e a assistência direcionados às
mulheres usuárias a partir das ações intersetoriais ocorrem para atender a cada caso, “no
calor da emoção”, sem um maior planejamento de ações e definição de fluxos, não
havendo um olhar unívoco quanto às demandas dessas usuárias para as políticas
públicas estudadas.