A leishmaniose visceral humana é considerada um grave problema de saúde pública por causar epidemias em larga escala e apresentar altas taxas de letalidade. A doença está relacionada com as modificações ambientais, causadas principalmente pela influência do homem no meio ambiente. Neste estudo objetivou-se analisar a associação dos fatores ambientais bióticos e abióticos, e a distribuição espaço-temporal da leishmaniose visceral no município de Teresina no período de 2007 a 2016. Inicialmente realizou-se uma caracterização da doença no Brasil e no Piauí, na busca pelo entendimento dos principais fatores que modulam a incidência da doença, que possam contribuir para as estratégias de controle e a redução do número de casos. Conforme observado, no Brasil, os casos não se encontram homogeneamente distribuídos entre os estados das regiões, e a região nordeste exibiu o maior número de casos (n=17708) durante o período de 2007 a 2015. O fator similar de incidência dos casos, foi o clima, pois os casos encontraram-se intensificados nas regiões de clima tropical e tropical semiárido. Nas regiões que apresentaram maior número de notificações de casos pode-se observar que outras espécies de flebotomíneos estariam participando possivelmente da cadeia de transmissão da leishmaniose visceral e também outros animais. No Piauí a doença é conhecida desde 1934, considerado um dos principais focos da doença no Brasil e perdura até os dias atuais, pois isso, estudar a ecologia da leishmaniose visceral nas cidades faz-se necessário. Também foi analisado as áreas de maior ocorrência da doença em Teresina-PI, durante os anos de 2007 a 2016 e analisado a incidência da mesma com as variáveis abióticas. Os dados sobre os casos notificados de LVH e as variáveis abióticas foram coletados, respectivamente, através do SINAN e do INMET. Durante o período de estudo 754 casos de LVH, 695 notificados em área urbana e 54 casos (7,2%) na área rural, sendo que as zonas norte e sul apresentam maior número dos residentes acometidos pela doença, notadamente em seus bairros mais periféricos. Sobre o efeito da distribuição dos casos sobre as variavéis abióticas, apenas a temperatua obtve correlação positiva (rs=0,8684; p=0,0051). Desta forma, além da investigação das variáveis ambientais que influenciam a ocorrência da LVH em Teresina, torna-se necessário a realização de inquéritos entomológicos e sorológicos que demonstrem a distribuição das populações de vetor e de reservatórios nas áreas de maior registro da doença, bem como, estudos de infecção natural por Leishmania infantum. Por isso, todos os possíveis reservatórios e as características intrínsecas ao vetor, são importantes para compreender sobre a ecoepidemiologia da doença.