A sustentabilidade deve ser buscada por todas as organizações, principalmente pelas Instituições de Ensino Superior (IES), em razão de seu grande alcance e influência sobre a sociedade e o mercado de trabalho, além da educação ser a principal ferramenta para o desenvolvimento sustentável. O Governo Federal determinou que as instituições vinculadas à administração pública federal, entre elas as IES, elaborem e executem Planos de Gestão de Logística Sustentável (PLS) que sirvam como guias para práticas sustentáveis em pelo menos sete eixos temáticos, dentre os quais está a energia elétrica. Este insumo é o que apresenta maior impacto socioambiental em IES multicampi, sendo necessário ações que visem minimizar seu consumo e indicadores que permitam seu melhor gerenciamento. Uma das medidas para a eficiência energética é a etiquetagem das edificações, obrigatória desde 2014 para os prédios construídos ou reformados com recursos da União e possível através do atendimento aos Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Comerciais, de Serviço e Públicas (RTQ-C), classificando-as do nível A (mais eficiente) ao E (menos eficiente). Estes requisitos focam na melhoria da infraestrutura das edificações, mas não consideram o uso dos ambientes. Este trabalho tem, assim, como objetivo geraldesenvolver um índice que considere o uso do ambiente na avaliação da eficiência energética de salas de aula de IES, utilizando a Universidade Federal do Piauí (UFPI) como objeto de estudo. Para tanto, levantou-se as legislações vigentes que exigem a aplicação de eficiência energética em instituições de ensino e os PLS publicados por IES Federais, a fim de verificar as boas práticas adotadas por elas. Elaborou-se a Taxa de Utilização das Salas de Aula (TUSA), ferramenta que permitiu comparar o tempo de uso com o de disponibilidade das salas. Desenvolveu-se o Indicador de Uso do Ambiente (IUA), baseado no RTQ-C, que avalia a ocupação das salas a partir da quantidade de usuários, e relacionou-o com a eficiência energética dos sistemas de iluminação e climatização dessas salas, criando-se o Índice de Consumo Médio Relativo de Energia (ICMRE), o qual permite que a IES classifique suas salas, permitindo a identificação de quais ambientes precisam mais de intervenção para que possa priorizar seus investimentos. Além disso, definiu-se uma amostra probabilística das salas de aula da UFPI com 95% de precisão e estratificada por Centro de Ensino, na qual foram coletados dados que permitiram validar os indicadores e índice criados por sala, Centro e para a IES como um todo. Na UFPI, identificou-se baixos índices de eficiência com o ICMRE, com grande influência do IUA, refletindo a necessidade de serem executadas ações que visem a melhoria do índice de eficiência energética da IES. Sugeriu-se então, intervenções nas salas de aula utilizando como base as que apresentaram o melhor e o pior ICMRE, as quais permitiriam uma redução estimada de até 17% na energia consumida pelos sistemas de iluminação e climatização das salas e de 718,86 kg na emissão de dióxido de carbono resultante da geração e consumo de eletricidade, além de uma redução de até 60% no consumo per capita. Propôs-se, então, que estes indicadores e índice sejam inseridos no PLS e no Sistema Acadêmico das IES, para que possam ser acompanhados pela comunidade acadêmica, visando melhorar os índices de sustentabilidade das instituições e minimizar os impactos socioambientais resultantes do uso da energia. Ademais, sugeriu-se que trabalhos futuros foquem na viabilidade econômica das melhorias apresentadas, na validação dos índice e indicadores a partir da medição de energia e em índices semelhantes para outras áreas das IES, bem como outras organizações, uma vez que a melhoria do desempenho ambiental deve ser objetivo de todos.