As relações entre família e poder político no Piauí tem se mostrado atemporal, um
fenômeno renitente que se metamorfoseou sem alterar sua substância. Desta imbrincada
relação emerge a configuração que deu contorno à elite política estadual. Desde os
tempos coloniais determinadas famílias piauienses desenvolvem arranjos que garantem
a sua continuidade no domínio do poder político, não obstante a significativa
competição eleitoral; a ampliação dos espaços democráticos e a entrada de novos atores
na arena política piauiense. Suscita então investigar como determinadas famílias
políticas permanecem hegemônicas na ocupação do espaço do poder político no
legislativo estadual, quais estratégias e mecanismos possibilitam a apropriação
patrimonial deste espaço, comutando-o em um tipo específico de Herança Política. O
presente trabalho visa compreender o processo de reprodução da elite política no
legislativo piauiense por meio da descendência parental, sua genealogia e manutenção,
engendrando, por consequência, uma Herança Política.