O presente estudo visa examinar alguns aspectos atinentes à cultura política brasileira contemporânea, relacionados à juventude. Nesse ensejo, elementos como confiança, formas e mecanismos de participação e socialização política podem servir como indicadores de cultura e comportamento político entre os cidadãos de um país. Destarte, nos últimos anos, observa-se entre os brasileiros, especialmente os jovens, comportamentos diversos em relação à política: apatia e desinteresse com os mecanismos tradicionais de se fazer política e com as instituições, alternado com momentos de forte mobilização, envolvimento e participação. Assim, a presente dissertação pretende analisar em que medida elementos como a queda na confiança institucional e interpessoal, aliada à expansão do uso internet via massificação do uso de mídias e redes sociais pelos jovens brasileiros, têm influenciado no comportamento e na cultura política destes. Para a realização desse estudo, foi desenvolvida uma análise quantitativa descritiva, a partir do banco de dados do Latinobarómetro e da Pesquisa Juventude Conectada, referentes a levantamentos feitos no Brasil, nos anos 2013 e 2015. A partir da análise de variáveis ligadas à confiança (confiança no governo, no congresso nacional, nos partidos políticos) – e variáveis de participação e socialização (participação pelo voto; por meio de partidos; em manifestações; por meio de redes e mídias digitais; relação entre a internet e participação política; e uso da internet para obtenção de informações sobre política), foi possível deduzir que a relação entre juventude brasileira e política tem se modificado nos últimos anos. Com efeito, nota-se que a crescente desconfiança dos jovens brasileiros em relação às instituições e aos mecanismos tracionais de participação política tem levado a um distanciamento de formas convencionais, como o voto, os partidos, a representação por meio do congresso nacional, além das greves. Como alternativa a esse ambiente de desconfiança e insatisfação, a juventude brasileira tem recorrido a novas formas de participação e engajamento político, a partir das redes sociais e mídias digitais, a chamada participação on-line ou digital, revelando o potencial desses mecanismos como instrumentos indutores e complementares, capazes de fomentar a participação e a socialização política entre a juventude brasileira.