Papel das células dendríticas no direcionamento da resposta dos linfócitos T a peptídeos sintéticos derivados da proteína Hsp70 de Cryptococcus gattii
Criptococose, células dendríticas, peptídeos sintéticos, Hsp70, Cryptococcus gattii, linfócitos T.
A criptococose é uma micose sistêmica de significativa morbiletalidade caracterizada por afecções do trato respiratório e meningoencefalite. Diagnostica-se um milhão de casos novos anual, incidência que está associada a uma taxa de mortalidade em torno de 60% apesar das terapias antifúngicas. Cryptoccoccus neoformans e Cryptococcus gattii são os agente etiológicos da doença, e nos últimos anos C. gattii tem recebido notoriedade por surtos em regiões antes não reportadas como endêmicas. A sintomatologia da criptococose é confundida com aquela de outras patologias pulmonares mais comuns e, normalmente, o diagnóstico é impreciso ou tardio. Por conseguinte o tratamento ao qual o paciente é submetido se torna ineficaz. Assim, a prevenção é a maneira mais econômica e eficiente de resolução de uma problemática dessa magnitude. Não obstante, estudos objetivando o entendimento da resposta imune contra do patógeno e busca de alvos antigênicos para o diagnóstico precoce e imunoterapia vêm sendo desenvolvidos. Recentemente nosso grupo mostrou que pacientes com criptococose por C. gattii (genótipo VGII) desenvolvem anticorpos contra proteína Hsp70 desse patógeno, e que Hsp70 de C. gattii é uma proteína imunodominante e seus peptídeos são reconhecidos por anticorpos de pacientes. Aqui, investigamos se as células dendríticas estimuladas com peptídeos sintéticos derivados da Hsp70 de C. gattii (VGII) são capazes de induzir proliferação de células T, e se os linfócitos proliferados possuem fenótipo de células T reguladoras (CD4⁺ CD25alto Foxp3⁺). Para tanto, a estratégia experimental consistiu em avaliar a resposta proliferativa das células T (marcados com CFSE) direcionadas às células dendríticas autólogas previamente pulsadas com os peptídeos (H18, H21 e H26) da Hsp70 de C. gattii. Nossos resultados indicaram que os peptídeos H18 e H21, isoladamente ou conjugados, majoram a proliferação de células T autólogas e induzem predominantemente linfócitos T na ausência do fator de transcrição Foxp3. Os resultados apresentados neste estudo reforçam nossos achados prévios proporcionando o desenvolvimento de novas pesquisas utilizando esses peptídeos como antígenos promissores em imunodiagnóstico e/ou imunoterapia de criptococose, causada por C. gattii.