Estado nutricional relativo ao selênio e sua relação com marcadores do estresse oxidativo em mulheres obesas
Obesidade. Selênio. Estresse oxidativo.
INTRODUÇÃO: Estudos têm mostrado concentrações séricas reduzidas de selênio em obesos, o que parece comprometer a defesa antioxidante nesses indivíduos e, consequentemente, acentuar a produção de espécies reativas de oxigênio. OBJETIVO: O estudo avaliou a relação entre o estado nutricional relativo ao selênio e marcadores do estresse oxidativo em mulheres obesas. MÉTODOS: Estudo transversal, envolvendo 89 mulheres, com idade entre 18 e 50 anos, sendo distribuídas em dois grupos: grupo caso (obesas, n=44) e grupo controle (mulheres eutróficas, n=45). Foram realizadas medidas do índice de massa corporal e da circunferência da cintura, bem como analisadas a ingestão de selênio, concentrações plasmáticas, eritrocitárias e urinárias desse mineral, além das concentrações plasmáticas das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico e da atividade da enzima glutationa peroxidase. A análise da ingestão de selênio foi realizada por meio do registro alimentar de três dias, utilizando o programa Nutwin versão 1.5. As concentrações do selênio plasmático, eritrocitário e urinário foram determinadas segundo o método de espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente. O estresse oxidativo foi analisado pelo método das concentrações plasmáticas das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico. A determinação da atividade da enzima glutationa peroxidase eritrocitária foi realizada em analisador bioquímico automático, utilizando kit Ransel 505. Os dados foram analisados no programa estatístico SPSS for Windows 22.0. RESULTADOS: Os valores médios da quantidade de selênio nas dietas estavam adequados segundo as recomendações, sem diferença estatística entre os grupos estudados (p>0,05). As concentrações médias de selênio plasmático das mulheres obesas estavam reduzidas em relação ao grupo controle (p<0,05). Os valores médios do selênio eritrocitário nas mulheres obesas estavam reduzidos em relação ao grupo controle (p<0,05) e adequados segundo os valores de referência. A excreção urinária deste mineral não apresentou diferença significativa em ambos os grupos (p>0,05). No entanto, o clearance de selênio apresentou diferença significativa, com valores elevados nas mulheres obesas (p<0,05). A concentração média das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico estava elevada nas mulheres obesas em relação ao grupo controle (p<0,05). Os valores médios da atividade da enzima glutationa peroxidase estava elevada nas mulheres obesas em relação ao grupo controle (p<0,05). O estudo também mostra correlação positiva significativa entre o selênio eritrocitário e a atividade da glutationa peroxidase. Entretanto, a análise de correlação entre os biomarcadores do estado nutricional relativo ao selênio e as concentrações plasmáticas das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (p>0,05) não revelou resultado significativo. CONCLUSÃO: A partir dos resultados deste estudo pode-se concluir que a ingestão adequada de selênio parece contribuir para manter as concentrações eritrocitárias do mineral. Associado a isso, os dados dessa pesquisa mostram a importância do selênio como nutriente antioxidante, por meio de sua influência sobre a atividade da enzima glutationa peroxidase nos eritrócitos.