A Fadiga Crônica-FC é uma patologia que interfere diretamente na qualidade de vida de seus portadores. Distúrbios de ansiedade, alterações do sono, fadiga excessiva e comprometimento da capacidade funcional e cognitiva são queixas frequentes que culminam em mudanças na rotina para realizar atividades cotidianas, podendo inclusive interferir no comportamento alimentar desses indivíduos. O trabalho teve por objetivo investigar modificações na ingestão e percepção alimentar de portadores de Fadiga Crônica residentes em área coberta pela Estratégia Saúde da Família de Teresina, PI. Foram entrevistados 6595 indivíduos, dos quais 104 foram diagnosticados com Fadiga Crônica. Foi aplicado questionário para identificar os portadores da Fadiga Crônica e depois um questionário abordando temas como situação do apetite, mudanças na ingestão alimentar, modificações do peso corporal, percepção da influência da alimentação sobre a patologia e capacidade para o preparo da alimentação. Para tanto os participantes assinaram termo de consentimento livre e esclarecido. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Piauí. Para análise estatística dos dados utilizou-se o Programa SPSS versão 21.2. Os testes estatísticos utilizados foram o t de Student para média de idade e sexo, qui-quadrado para variáveis nominais e Kruskal-Wallis para proporções. O nível de significância adotado foi p<0,05. Dos 104 casos de FC verificou-se que a maioria eram mulheres com média de idade de 40,7 anos. Para a maioria dos entrevistados o acometimento da doença não interferiu na situação do apetite, permanecendo esse inalterado, assim como a ingestão alimentar que não sofreu mudanças em decorrência da patologia. Ansiedade foi o sintoma mais citado pelos pesquisados como fator determinante para o aumento no consumo alimentar habitual de alguns entrevistados sendo que os grupos mais citados nesse aumento foram os dos doces e frituras, enquanto que a fadiga excessiva foi associada à redução da vontade de se alimentar resultando em restrição do consumo por outros. Os grupos alimentares mais restringidos foram os das carnes vermelhas, doces, frituras, e álcool. O ganho de peso foi mais prevalente nesses indivíduos quando analisado alterações ponderais após o aparecimento dos sintomas. Na percepção da maioria dos pesquisados a alimentação influencia na melhora ou piora dos sintomas relativos à fadiga e a maior parte deles apesar dos sintomas apresentados ainda eram capazes de preparar a própria alimentação. Concluiu-se que a FC pode influenciar na ingestão e percepção alimentar dos indivíduos diagnosticados, entretanto, para a maioria dos pesquisados não houve alteração na situação do apetite, mudanças no hábito alimentar e comprometimento acentuado de tarefas como preparo de refeições.