As Leishmanioses são doenças parasitárias graves, com ciclos zoonóticos e
antroponóticos, que podem levar à morte, chegando ao seu hospedeiro pela picada
de flebotomíneos, e, ao afetarem o Sistema Fagocitário Mononuclear (SFM),
apresentam duas manifestações clínicas a saber: a leishmaniose tegumentar,
caracterizada por manifestações cutâneas, mucocutâneas ou cutânea difusa; e a
Leishmaniose visceral, que podem levar a alterações cutâneas (GRIMALDI JR;
TESH, 1993). Segundo a Organização Mundial de Saúde, tais enfermidades são de
grande preocupação para a Saúde Pública, classificadas como doença não
contagiosa negligenciada, ocupando o segundo lugar em mortalidade e o quarto em
morbidade entre as infecções tropicais (BRASIL, 2017). Conforme informações de
Gonçalves e segundo dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação
– SINAN-Net, foram registrados no ano de 2017 no Brasil cerca de 4.456 casos
confirmados de LV, distribuídos nas cinco regiões, sendo que o Nordeste ficou com
2.212, o Sudeste com 1.101, o Norte com 858, o Centro-Oeste com 264, o Sul com
17, Ignorado/ Exterior. Assim, concebermos a necessidade de estudos
epidemiológicos mais consistentes, a fim de compreendermos como se dá a
disseminação, prevenção e controle dessa zoonose no Nordeste e especificamente
nos estados do Piauí e Maranhão. Com isso fomos motivados pela seguinte
problematização: Até que ponto o perfil do portador pode contribuir na elaboração de
medidas de prevenção, controle, diagnósticos, análise de riscos e assim permitir a
elaboração de um planejamento de ações para as leishmanioses nos referidos
Estados do Piauí e Maranhão no ano de 2017? Diante do exposto, na possibilidade
de procurar respostas a essa problematização, é que norteamos nossa investigação
a partir dos seguintes questionamentos: qual é o perfil dos pacientes, considerando
as variáveis escolaridade, faixa etária, sexo e raça, com Leishmaniose Visceral nos
estados do Piauí e do Maranhão? Como se identificam os casos confirmados de
Leishmaniose Visceral segundo o tipo diagnóstico no estado do Piauí e do
Maranhão? Na Leishmaniose visceral, existe co-infecção com HIV? Existem
diferenças entre os casos de pacientes com Leishmaniose Visceral no Piauí
diagnosticados e notificados no ano de 2017? Para responder a esses
questionamentos, utilizamos o Sistema de Informação de Agravos de Notificação –
SINAN-Net, do Ministério da Saúde, para o ano de 2017, que foi atualizado em
04/02/2019, com intuito de mapear a LV no estado do Piauí e do Maranhão e, assim,
fornecer subsídios aos Programas de prevenção, controle, promoção e proteção da
saúde da população nas Vigilâncias Sanitárias desses estados. Apesar da existência
de inúmeros estudos sobre a Leishmaniose Visceral humana e canina, muitas
lacunas ainda precisam ser preenchidas. Esperamos, com este estudo, contribuir
para um melhor entendimento da complexidade do problema da LV no Piauí e
Maranhão e, assim, valorizar e incentivar novas investigações e pesquisas aplicadas
como fontes importantes de informações para subsidiar o Programa de Controle da
LV no Brasil.