A capsaicina é um fitoquímico bioativo encontrado principalmente nas pimentas, o qual é um forte agonista do potencial receptor transitório vanilóide-1 (TRPV1). Apesar de diversos estudos terem demonstrado os benefícios da CAP na redução do peso corporal, os potenciais efeitos ergogênicos, como aumento do desempenho aeróbio e resistido, bem como, redução de gordura corporal, ganhos de massa livre de gordura e respostas inflamatórias, principalmente em humanos, não estão claros na literatura. Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo: 1- Revisar os efeitos da capsaicina na composição corporal (massa de gordura, massa livre de gordura) e desempenho físico de ratos e humanos com e sem exercício e discutir os potenciais mecanismos envolvidos na suplementação da capsaina; 2- Verificar os efeito de 6 e 10 semanas da suplementação com capsaicina combinado ao treinamento resistido no desempenho físico, composição corporal, apetite, respostas inflamatórias e hormônios do tecido adiposo em adultos jovens. A composição corporal e o desempenho foram avaliados pré-treinamento e após 6 e 10 semanas de treinamento resistido. Uma sessão aguda foi realizada pré-treinamento, após 6 e 10 semanas, a qual consistia de 3 séries no leg press e 3 séries no supino horizontal com 70% de 1RM e 90 segundos de intervalo, realizadas até a falha muscular concêntrica. Durante essas sessões foram realizadas coletas sanguíneas para a análise das respostas inflamatórias (IL-6, IL-10, TNFα e receptor de TNFα) após 6 semanas e para as análises de leptina e adiponectina após 10 semanas. A ingestão alimentar foi avaliada no dia da sessão aguda e a escala de percepção subjetiva de fome foi aplicada (Jejum, pós-café da manhã, pré-exercício, imediatamente após o exercício, pós 30 min e pós 1 hora). Após 6 semanas de suplementação, houve aumento da massa livre de gordura e diminuição da razão IL-6/IL-10 e aumento no receptor solúvel de TNFα apenas para o grupo CAP. Houve uma correlação significativa entre ∆% de IL-10 e ∆% de ganho de massa livre de gordura (r = 0,57, p = 0,011). Em relação a 10 semanas de suplementação, houve aumento significativo da massa corporal (p <0,001), massa livre de gordura (p <0,001) e força máxima aos 45 leg press (p <0,001) e supino (p <0,001) nos dois grupos após o treinamento, no entanto, sem diferença entre os tratamentos. Para classificações subjetivas da fome, ingestão de energia, concentração de leptina e adiponectina, não houve efeito significativo da capsaicina, mas houve uma correlação negativa, forte e significativa entre as alterações relativas da massa livre de gordura e as concentrações de leptina após 10 semanas de intervenção apenas no grupo capsaicina (rho = -0,66, p = 0,026), mas não para o placebo (rho = 0,16, p = 0,651). Pode-se concluir que, 6 semanas de suplementação de CAP combinada com treinamento resistido aumentaram a massa livre de gordura e promoveram uma menor resposta inflamatória pós-exercício e 10 semanas de treinamento resistido aumentaram a massa livre de gordura e a força muscular em homens saudáveis e sem treinamento, sem efeitos adicionais de Capsaicina. Além disso, os ganhos de massa livre de gordura parecem induzir uma diminuição na concentração de leptina.