Introdução: O acesso a uma alimentação segura, em qualidade e quantidades adequadas é um direito fundamental do ser humano para garantir a sua qualidade de vida, entretanto com a pandemia da COVID-19 a situação de Insegurança Alimentar e Nutricional, que já vinha sendo pauta de atenção com seu aumento nos últimos anos, tomou maiores proporções. E os idosos fazem parte de um subgrupo da população que estão mais vulneráveis às consequências da alimentação inadequada. Objetivo: Avaliar a prevalência de insegurança alimentar e fatores associados em domicílios com idosos. Método: Trata-se de um estudo transversal e analítico, com participação de 335 idosos cadastrados no território de abrangência das Unidades de Saúde da Família na zona urbana de um município do Piauí. Para a coleta de dados foram realizadas visitas domiciliares e aplicados questionários com variáveis socioeconômicas, condições de moradia e saneamento, produção de alimentos e participação em programas socioassistenciais. Foi realizada também avaliação antropométrica e da prevalência de insegurança alimentar a partir da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar na versão curta, com 5 questões sobre preocupação, acesso e redução da alimentação nos últimos três meses. Para a análise descritiva foi utilizado o software SPSS (Versão 26) com análises de associação e razão de chances e intervalo de confiança ao nível de 5%. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com o parecer de número 4.859.579. Resultados: Houve predomínio de idosos do sexo feminino (66,6%), com idade entre 70 e 79 anos (42,1%), renda familiar mensal de um a dois salários mínimos (61,2%), com média de 1,98 (Dp= 3,26) anos de escolaridade, cor parda (62,7%) e média de 2,98 (Dp= 1,55) pessoas morando no domicílio, maioria casados (55,8%), sem ocupação (92,5%), nível de escolaridade do responsável financeiro pela família analfabeto ou fundamental incompleto (64,5%), não moram sozinhos (89,6%) e estão classificados economicamente em D-E (42,7%), estão com obesidade (47,2%), possuem água encanada (98,8%) e residem em rua pavimentada (93,7%). Verificou-se a prevalência de insegurança alimentar em 36,7% dos domicílios com idosos e foi possível observar associação estatística significativa entre a insegurança alimentar e as seguintes variáveis: renda total familiar (p-valor=0,002), a escolaridade do responsável financeiro pela família (p-valor=0,003), a classe econômica (p-valor=0,003) e a condição de não residir em rua pavimentada (p-valor=0,045). Conclusão: Foi possível identificar a presença da Insegurança Alimentar nos domicílios investigados, assim como associação com fatores sociais e econômicos. Essas condições impactam diretamente na qualidade de vida da pessoa idosa, sendo acentuados os riscos dos que vivem em situação de vulnerabilidade social, principalmente durante uma pandemia. Necessita-se, portanto, de maior atenção na promoção do acesso pleno e permanente a alimentos de forma adequada, segura e sustentável.