Introdução: O início do ano de 2020 foi marcado pelo surgimento e posterior surto de uma
doença, uma pneumonia até então desconhecida, chamada de Coronavirus Disease 2019
(COVID-19), causada pelo novo vírus, denominado Severe Acute Respiratory Syndrome
Coronavirus 2 (SARS-CoV-2). Mesmo sendo uma doença infecciosa que causa inflamação
respiratória, extremamente contagiosa e de rápida disseminação, alguns pacientes infectados
desenvolvem a doença de forma leve ou moderada, sem sintomas ou com sintomas leves.
Todavia, há um grupo tido como de maior risco, a saber, os idosos, sobretudo os portadores
de doenças crônicas, que pode ser justificado devido a imunossenescência, que é referente ao
declínio natural do sistema imunológico gerado pelo envelhecimento, que maximiza a
vulnerabilidade às doenças infectocontagiosas e ocasiona piores prognósticos para os
portadores de doenças crônicas não transmissíveis. Objetivo: Caracterizar o perfil
epidemiológico do paciente idoso internado por COVID-19 no Hospital Universitário da
Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI). Método: Realizou-se um estudo epidemiológico
observacional envolvendo 137 prontuários clínicos de pacientes idosos internados por
COVID-19 no HU durante o período de abril a dezembro de 2020. Os dados foram coletados
nos meses de agosto e setembro de 2021. Foi utilizado um formulário estruturado formado
por questões equivalentes aos dados sociodemográficos e epidemiológicos dos pacientes
idosos. Os dados foram analisados utilizando o software estatístico SPSS versão 25. O projeto
de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa do HU-UFPI e obteve parecer
favorável, sob número 4.795.883. Resultados: Sobre a análise dos dados sociodemográficos,
houve associação estatística significativa entre as variáveis desfecho e estado civil (p=0,009).
Quanto as características clínicas, os dados que apresentaram diferença estatística
significativa demonstraram maiores valores percentuais no sexo feminino, das quais 47,3%
apresentaram três manifestações clínicas, 64,4% utilizaram ventilação mecânica e 66,1%
foram a óbito. Ressalta-se que a média de idade dos pacientes que evoluíram para óbito foi
superior (m=76,72 e p=0,000) e que o tempo de internação em dias foi maior nos casos de alta
hospitalar (m=13,00 e p=0,018). Observou-se que o “tipo de leito de internação” (Odds Ratio:
38,830 [14,561-103,547]) e “uso de ventilação mecânica” (Odds Ratio: 9,40 [2,69-32,82])
foram as variáveis que melhor explicam os óbitos sendo preditoras independentes para esse
desfecho. Houve associação estatisticamente significativa entre a quantidade de comorbidades
(p=0,007), a presença de manifestações clínicas (p=0,003), a quantidade de manifestações
clínicas (p=0,003) e óbito. O menor tempo de sobrevida foi associado a internação em UTI e
uso de ventilação mecânica (p=0,000). Conclusão: Observa-se que os idosos que
compuseram a população do estudo apresentavam em sua maioria comorbidades/fatores de
risco para a COVID-19, manifestações clínicas da doença, estavam internados em leitos de
UTI, em uso de ventilação mecânica e os que apresentavam idade superior tiveram piores
desfechos.