RESUMO
Introdução: A hesitação vacinal é um dos maiores riscos mundiais de saúde. No Brasil, a cobertura vacinal infantil diminuiu de forma preocupante, exigindo políticas eficazes baseadas em inquéritos populacionais. Objetivo: Analisar a hesitação vacinal em crianças nascidas em 2017 e 2018 residentes na área urbana de Teresina, Piauí. Método: Trata-se de um estudo analítico e transversal, avaliando a cobertura vacinal em crianças nascidas em 2017 e 2018 em Teresina, Piauí, a partir de um inquérito populacional. Com amostra de 899 crianças, os dados foram coletados entre dezembro de 2020 e junho de 2021, por meio de visitas domiciliares, e analisados no programa estatístico STATA versão 15.0. As variáveis dependentes foram atraso vacinal e as independentes incluíram hesitação vacinal, fatores socioeconômicos e uso de serviços privados e, posteriormente associados aos cinco determinantes de hesitação vacinal de confiança, complacência, conveniência, comunicação e contexto. Foi realizada análise descritiva das variáveis categóricas e associações foram verificadas pelo teste Qui-Quadrado de Pearson. A magnitude das associações foi avaliada pelo Odds Ratio com Intervalo de Confiança de 95% usando regressão logística binária, com nível de significância de 5%. Resultados: A maioria utilizou o serviço público de vacinação, enquanto o serviço privado foi predominante no estrato socioeconômico mais elevado (40,65%); e 99,44% das crianças receberam vacinas, com hesitação maior no estrato socioeconômico intermediário e no mais baixo. Foi observado atraso vacinal nos intervalos de vacinas, em períodos que terminam esquemas e iniciam os reforços, aumentando à medida que os meses avançam, com variação significativa entre os estratos. Os motivos para hesitação incluíram desconfiança nas vacinas, medo de reações adversas e barreiras logísticas como falta de materiais e horários inadequados. Ademais, foram encontradas associações significativas entre a hesitação vacinal e os determinantes de conveniência e comunicação. Conclusão: O estudo indica que barreiras logísticas e desinformação aumentam a hesitação vacinal, destacando a necessidade de campanhas educativas e políticas públicas que melhorem o acesso e a confiança na vacinação, visando reduzir desigualdades e aumentar a cobertura vacinal.