BRITO, J.S.A. Prevalência de excesso de peso em crianças e
adolescentes e fatores individuais e parentais associados. 2022.
89f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Piauí,
Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição, 2022.
Introdução: O aumento da prevalência global da obesidade infantil e
juvenil é um problema de saúde pública de crescente preocupação. Uma
interação complexa entre fatores genéticos não modificáveis e fatores
ambientais modificáveis são sugeridos como a causa da mudança na
composição corporal. Diante disso, a atuação familiar por meio das
práticas alimentares e outras variáveis comportamentais representam
um ponto-chave para o desenvolvimento do excesso de peso. Dessa
forma, o objetivo deste estudo consistiu em verificar a prevalência de
excesso de peso em crianças e adolescentes e analisar fatores
individuais e parentais associados. Metodologia: Estudo de corte
transversal com dados do “Inquérito de Saúde de Base Populacional nos
municípios de Teresina e Picos (PI) – ISAD/PI”, realizado por meio de
visitas em domicílios, no período de setembro de 2018 a fevereiro de
2020. Participaram 507 indivíduos de 2 a 19 anos de idade. Foram
incluídos dados demográficos e socioeconômicos das crianças e
adolescentes: sexo, idade, cor da pele autorreferida, composição
familiar e renda familiar. Também se avaliou a atividade física e aferiu-
se medidas antropométricas de peso e altura. Foram considerados os
seguintes dados dos respectivos pais de cada criança e adolescente:
sexo, idade, cor da pele autorreferida, escolaridade, trabalho, situação
conjugal, situação domiciliar, consumo de bebida alcoólica, tabagismo
e atividade física. A aferição das medidas antropométricas de peso e
altura dos pais também foi realizada, além da aferição da circunferência
da cintura (CC). Calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC) e
classificou-se segundo as recomendações para cada faixa etária; e
estimou-se o risco cardiometabólico a partir da CC. Para a análise
estatística foi utilizado o programa Stata (for Windows ® versão 13.0).
Realizaram-se os testes Qui-quadrado de Pearson, Regressão de
Poisson e Análise Multivariada. Foi adotado o nível de significância de
5%, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa, sob no 84527418.7.0000.5214.
Resultados: Participaram do estudo 507 indivíduos, sendo 207
(40,83%) crianças e 300 (59,17%) adolescentes, com média (desvio-
padrão) de idade igual a 10,6 anos (±5,1 anos) e mediana (intervalo
interquartil) igual a 11 anos (6-15), dos quais, a maioria era do sexo
feminino, parda, com renda familiar entre 1 e 2 salários-mínimos, que
residiam apenas com a mãe biológica e que praticavam algum tipo de
atividade física. A prevalência de excesso de peso foi 25,05%, sendo
mais frequente nos adolescentes (26,7%) do que nas crianças (22,7%).
As variáveis associadas ao excesso de peso na análise ajustada por sexo
e idade foram a faixa etária paterna, a renda familiar, trabalho,
escolaridade e estado nutricional maternos e risco cardiometabólico
materno e paterno. Por meio da análise multivariada, verificou-se que
somente a renda familiar apresentou-se associada ao excesso de peso
das crianças e adolescentes (p<0,05). Conclusão: Este estudo mostrou
prevalência elevada de excesso de peso em crianças e adolescentes,
sendo a renda familiar o fator de maior influência no sobrepeso e
obesidade infantil e juvenil.