BIOMARCADORES DO SELÊNIO E SUA RELAÇÃO COM O METABOLISMO DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS EM MULHERES OBESAS
Obesidade. Selênio. Hormônios tireoidianos.
INTRODUÇÃO: Estudos têm mostrado a participação de micronutrientes na função da glândula tireoide e no metabolismo dos hormônios tireoidianos na obesidade. O selênio, em particular, por ser componente estrutural das enzimas deiodinases exerce papel importante na função dessa glândula. Além disso, têm sido evidenciado concentrações plasmáticas reduzidas desse mineral em indivíduos obesos. OBJETIVO: O estudo avaliou a relação existente entre marcadores do estado nutricional relativo ao selênio e as concentrações séricas dos hormônios tireoidianos em mulheres obesas. MÉTODOS: Estudo transversal, envolvendo 75 mulheres, com idade entre 18 e 50 anos, sendo distribuídas em dois grupos: grupo caso (obesas, n=38) e grupo controle (mulheres eutróficas, n=37). Foram realizadas medidas do índice de massa corpórea e da circunferência da cintura, bem como analisadas a ingestão de selênio, as concentrações plasmáticas, eritrocitárias e urinárias desse mineral, e as concentrações séricas dos hormônios tireoidianos (TSH, T3 e T4 livres) e anticorpos antitireoidianos (TPOAb e TgAb). A análise da ingestão de selênio foi realizada por meio do registro alimentar de três dias, utilizando o programa Nutwin versão 1.5. As concentrações do selênio plasmático, eritrocitário e urinário foram determinadas segundo o método de espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente. Os hormônios tireoidianos e anticorpos antitireoidianos foram determinados por meio de quimioluminescência. Os dados foram analisados no programa estatístico SPSS for Windows 20.0. RESULTADOS: Os valores médios da ingestão dietética de selênio estavam adequados segundo as recomendações, sem diferença estatística entre os grupos estudados (p>0,05). As mulheres obesas possuíam concentrações plasmáticas e eritrocitárias de selênio reduzidas quando comparadas ao grupo controle (p<0,05). Não houve diferença significativa entre as concentrações de selênio urinário nas mulheres avaliadas, entretanto o clearance do mineral estava elevado no grupo de obesas (p<0,05). As concentrações médias dos hormônios tireoidianos séricos não apresentaram diferença estatística significativa entre os grupos (p>0,05). Houve correlação negativa entre o selênio eritrocitário e o T4 livre sérico (p<0,05). CONCLUSÃO: A partir dos resultados deste estudo, pode-se concluir que as mulheres obesas apresentam comprometimento no estado nutricional relativo ao selênio, constatado pelas concentrações reduzidas no plasma e maior clearance. Entretanto, as concentrações desse mineral prioritariamente mantidas adequadas nos eritrócitos favoreceram a conversão de T4 em T3 a fim de induzir o gasto energético e controlar a adiposidade, em especial, nas mulheres com obesidade grau II.