SANTOS, L. R. Parâmetros de Magnésio e sua Relação com Marcadores do Risco Cardiovascular em Mulheres Obesas. 2019. Dissertação – Mestrado em Alimentos e Nutrição, Universidade Federal do Piauí, Teresina-PI.
INTRODUÇÃO: O excesso de tecido adiposo, característica da obesidade, tem sido associado às alterações endócrino-metabólicas que contribuem para a manifestação de dislipidemias, caracterizadas pelo aumento nas concentrações plasmáticas de triacilgliceróis, colesterol total e LDL-c e redução do HDL-c. Alguns nutrientes exercem funções importantes no metabolismo lipídico, a exemplo do magnésio, mineral que atua regulando a atividade das enzimas HMG-CoA redutase, lecitina-colesterol aciltransferase e a lipase de lipoproteína. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar as concentrações de magnésio e sua relação com marcadores do risco cardiovascular em mulheres obesas. METODOLOGIA: Estudo caso-controle, desenvolvido com mulheres, distribuídas em dois grupos: caso (obesas com índice de massa corpórea ≥35 kg/m²) e grupo controle (eutróficas com índice de massa corpórea entre 18,5 e 24,9 kg/m²), recrutadas a partir da demanda espontânea de ambulatórios da cidade de Teresina – PI. Foram realizadas medidas do peso corporal, estatura, circunferência da cintura, pescoço e do quadril conforme metodologia descrita pelo Ministério da Saúde. A análise da ingestão de magnésio foi realizada por meio do registro alimentar de três dias, utilizando o programa Nutwin versão 1.5. As concentrações de magnésio plasmático, eritrocitário e urinário foram determinadas segundo o método de espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente. As frações lipídicas foram analisadas segundo o método enzimático colorimétrico, utilizando um analisador bioquímico automático COBAS INTEGRA. RESULTADOS: Os valores médios do teor de magnésio encontrados nas dietas estavam inferiores às recomendações, sem diferença estatística entre os grupos estudados (p>0,05). As concentrações médias de magnésio plasmático e eritrocitário estavam reduzidas nas mulheres obesas em relação ao grupo controle (p<0,05). A excreção urinária deste mineral apresentou diferença significativa entre os grupos (p<0,05), sendo que as obesas excretavam quantidade superior de magnésio na urina. Sobre o risco cardiovascular, as mulheres obesas apresentaram parâmetros elevados quando comparadas ao grupo controle, segundo os valores encontrados para circunferência da cintura, circunferência do quadril, relação cintura-quadril, circunferência do pescoço, índice de conicidade, colesterol total, triacilglicerois, não-HDL, LDL-c, VLDL, HDL-c e índices de Castelli I e II (p<0,05). O estudo mostrou correlação negativa entre o magnésio dietético e o HDL-c, o magnésio urinário e a circunferência da cintura e do quadril (p<0,05). Além disso, os dados mostram correlação positiva entre o magnésio dietético e o Índice de Castelli I e II nas mulheres obesas (p<0,05). CONCLUSÃO: A partir dos dados deste estudo pode-se concluir que as mulheres obesas apresentam alterações na situação nutricional relativa ao magnésio, com concentrações reduzidas no plasma e eritrócitos e ainda elevadas na urina. Associado a isso, os resultados não sugerem a participação do magnésio na proteção contra o risco cardiovascular nas pacientes avaliadas.