BRAZ, A. F. Efeitos da caquexia associada ao câncer sobre o balanço energético. 2019.
Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição, Universidade
Federal do Piauí. Teresina – PI.
A caquexia é definida como uma síndrome multifatorial resultante da perda contínua e involuntária
de músculo, com ou sem depleção de gordura. Acomete 80% dos pacientes com câncer avançado e
é a principal causa de morte em 30% desses indivíduos. A progressão da caquexia está associada a
alterações metabólicas significativas, resultando em aumento do gasto energético, catabolismo e
prejuízo na funcionalidade das células. A depleção de tecido adiposo branco (TAB) e sua
concomitante mudança para tecido adiposo marrom (browning), representam uma má adaptação
fisiológica, que agrava a perda de peso e a disfunção metabólica decorrentes da caquexia associada
ao câncer. Apesar do crescente número de estudos focados na relação entre caquexia e desordens
metabólicas, os mecanismos envolvidos permanecem complexos e pouco elucidados. Assim,
investigou-se os efeitos deletérios da caquexia associada ao câncer sobre o balanço energético. A
caquexia foi induzida pela inoculação intraperitoneal de células tumorais Yoshida AH-130 em ratos
Wistar. Os animais do grupo controle receberam substância veículo. Peso corporal e consumo de
ração foram avaliados diariamente durante sete dias de protocolo. A captura das imagens
termográficas para determinação da temperatura do tecido adiposo marrom (TAM) ocorreu nos
tempos 0, 4 e 7 dias. Tumor, TAB (epididimal, retroperitoneal e mesentérico), TAM e músculo
gastrocnêmio foram coletados e pesados. Em seguida, procedeu-se a análise histológica das
amostras de TAB epididimal e de TAM, bem como, avaliação da expressão de genes relacionados
ao balanço energético no TAB epididimal. Foi observado progressão tumoral, redução do peso
corporal, juntamente com o índice de caquexia, e depleção de gastrocnêmio nos animais do grupo
tumor. A caquexia determinou redução do consumo de ração e da eficiência metabólica. No TAB
epididimal houve incremento do peso e aumento do tamanho dos adipócitos, enquanto os depósitos
retroperitoneal e mesentérico não foram alterados. Por outro lado, observamos redução do TAM. Os
animais caquéticos também manifestaram aumento da expressão dos genes FAS e LPL no TAB
epididimal e redução na temperatura do TAM ao final do protocolo. Logo, o modelo de caquexia
associada ao câncer foi bem estabelecido e caracterizado. A caquexia promoveu expressiva redução
no consumo alimentar e respostas heterogêneas entre os depósitos de tecido adiposo, evidenciado
pelo tecido adiposo epididimal que apresentou incremento da lipogênese e pela depleção de tecido
adiposo marrom.