SOARES, T. C. Biomarcadores do selênio e sua relação com
parâmetros do controle glicêmico em mulheres obesas. 2021.
Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Alimentos
e Nutrição, Universidade Federal do Piauí, Teresina-PI.
O acúmulo excessivo de tecido adiposo contribui para o
desenvolvimento de diversas alterações metabólicas e fisiológicas
importantes, a exemplo da resistência à insulina. Nesse sentido, tem
sido verificada a participação de alguns nutrientes em vias de
sinalização da ação da insulina. O selênio, em particular, por exercer
papel antioxidante, anti-inflamatório e insulino-mimético tem sido
alvo de diversas pesquisas. Assim, o objetivo desse estudo foi avaliar
biomarcadores do selênio e sua relação com parâmetros do controle
glicêmico em mulheres obesas. Foi conduzido estudo transversal
envolvendo 213 mulheres distribuídas em grupo caso (mulheres
obesas, n=84) e controle (mulheres eutróficas, n=129). Foram aferidas
medidas de peso corporal, estatura e circunferência da cintura, bem
como realizado o cálculo do índice de massa corpórea. O consumo de
energia, macronutrientes e selênio foi obtido a partir do registro de
consumo alimentar de três dias e a análise utilizando o software
Nutwin, versão 1.5. A avaliação do selênio no plasma, eritrócito e
urina foi realizada por espectrometria de emissão óptica com plasma
acoplado indutivamente. As concentrações séricas de glicose foram
determinadas segundo o método enzimático colorimétrico. A insulina
de jejum e a hemoglobina glicada foram analisados segundo os
métodos de quimioluminescência e cromatografia de troca iônica,
respectivamente. Os índices HOMA-IR (Homeostasis Model
Assessment of Insulin Resistance) e HOMA-β (Homeostasis Model
Assessment of Beta Cell Function) foram determinados por meio de
cálculo matemático. Os dados foram analisados utilizando o software
estatístico SPSS for Windows 20.0. Os valores médios de ingestão
dietética de selênio (µg/kg/dia) pelas mulheres obesas foram inferiores
quando comparados ao grupo controle (p<0,001). As concentrações
plasmáticas e eritrocitárias tiveram valores reduzidos nas mulheres
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com obesidade quando comparadas ao grupo controle (p<0,001), já as
concentrações de selênio urinário estavam superiores (p<0,001). Não
houve diferença estatística entre os grupos em relação à glicose,
insulina de jejum, hemoglobina glicada, HOMA-IR e HOMA-β
(p>0,05). Houve correlação entre a ingestão dietética de selênio diária,
insulina de jejum, hemoglobina glicada e HOMA-β, bem como entre a
ingestão dietética por quilograma por dia, insulina de jejum e HOMA-
β (p<0,05). A partir dos resultados desse estudo, pode-se concluir que
as mulheres com obesidade avaliadas apresentam alterações no estado
nutricional relativo ao selênio. Além disso, evidencia relação positiva
entre o selênio da dieta e marcadores do controle glicêmico (insulina
de jejum, hemoglobina glicada, HOMA-β), o que pode refletir a
possível ação negativa do selênio sobre a sinalização da ação da
insulina.