Relação entre as Concentrações de Cortisol e o Metabolismo do Zinco em Mulheres Obesas Mórbidas.
Obesidade Mórbida. Zinco. Cortisol. Metalotioneína.
INTRODUÇÃO: O tecido adiposo é considerado um órgão endócrino que quando em excesso compromete a resposta imune, o metabolismo de hormônios e de alguns nutrientes, entretanto os mecanismos envolvendo a atuação desse tecido na biodisponibilidade de minerais, em particular, ainda são bastante controversos. Nesse sentido, o acúmulo de gordura visceral contribui para o aumento da síntese do cortisol, que por sua vez induz a expressão da metalotioneína, proteína que favorece a redução de zinco no plasma. Portanto, este estudo avaliou a relação entre as concentrações séricas e urinárias de cortisol e o metabolismo de zinco em mulheres obesas mórbidas. MÉTODOS: Estudo transversal, caso-controle, envolvendo 80 mulheres, com idade entre 20 e 59 anos, sendo distribuídas em dois grupos: grupo caso (obesas mórbidas, n=40) e grupo controle (mulheres saudáveis, n=40). Foram realizadas medidas do índice de massa corpórea e da circunferência da cintura, bem como analisados a ingestão de zinco, concentrações plasmáticas, eritrocitárias e urinárias desse mineral, além do cortisol sérico e urinário. A análise da ingestão de zinco foi realizada por meio do registro alimentar de três dias, utilizando o software Nutwin versão 1.5. As concentrações de zinco plasmático, eritrocitário e urinária foram determinadas segundo o método de espectofotometria de absorção atômica de chama (λ= 213,9). A determinação do cortisol sérico e urinário foi realizada pelo o método de quimioluminescência. Os dados foram tratados no programa estatístico SPSS for Windows 15.0. RESULTADOS: Os valores médios da circunferência da cintura foram de 114 ± 9,20 cm para as pacientes obesas e de 72,08± 4,03 cm para o controle (p<0,05). Quanto à ingestão de zinco, verificou-se diferença estatística significativa entre os grupos estudados (p<0,05). Os valores médios do zinco plasmático foram de 65,97 ± 12,30 μg/dL para as obesas e de 76,39 ± 13,18 μg/dL para o controle. A média de zinco eritrocitário foi de 44,52 ± 7,84 μg/gHb e de 40,17 ± 6,71 μg/gHb para as obesas e para o controle, respectivamente. A excreção urinária deste mineral foi significativamente maior nas mulheres obesas quando comparadas ao controle (p<0,05). Os valores médios do cortisol sérico foram de 9,58 ± 4,86 μg/dL para as obesas e de 9,89 ± 5,61 μg/dL para o controle. As médias do cortisol urinário foram de 163,00 ± 100,35 μg/dL e de 109,71 ± 34,88 μg/dL para as pacientes obesas e para o grupo controle, respectivamente, sendo que não foi verificada diferença significativa (p>0,05). CONCLUSÕES: As pacientes obesas avaliadas nesse estudo apresentam alterações no metabolismo de zinco, sendo essas caracterizadas pela hipozincemia e elevada concentração no eritrócito. Além disso, a análise da correlação entre os parâmetros bioquímicos do zinco e as concentrações séricas e urinárias de cortisol não demonstra a influência desse hormônio sobre o metabolismo desse mineral.