CARDOSO, B. E. P. Biomarcadores do selênio e sua relação com
parâmetros do risco cardiovascular em mulheres obesas. 2021.
Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Alimentos e
Nutrição, Universidade Federal do Piauí, Teresina-PI.
A disfunção do tecido adiposo, presente na obesidade, está associada à
repercussões metabólicas importantes, a exemplo das doenças
cardiovasculares. Nesse sentido, verifica-se um interesse crescente
sobre a participação do selênio no metabolismo dos lipídeos, por ser um
nutriente capaz de atuar na defesa antioxidante e na regulação do
metabolismo lipídico. Assim, o objetivo desse estudo foi avaliar
biomarcadores do selênio e sua relação com parâmetros do risco
cardiovascular em mulheres obesas. Foi conduzido estudo transversal
envolvendo 210 mulheres distribuídas em grupo caso (mulheres obesas,
n=84) e controle (mulheres eutróficas, n=126). Foram aferidas medidas
de peso corporal, estatura e circunferência da cintura, circunferência do
quadril e circunferência do pescoço, bem como realizado o cálculo do
índice de massa corpórea, relação cintura quadril e índice de
conicidade. O consumo de energia, macronutrientes e selênio foi obtido
a partir do registro de consumo alimentar de três dias e a análise
utilizando o software Nutwin, versão 1.5. A avaliação do selênio no
plasma, eritrócito e urina foi realizada por espectrometria de emissão
óptica com plasma acoplado indutivamente. A determinação da
atividade da GPx eritrocitária foi realizada em analisador bioquímico
automático Labmax 240. As concentrações séricas de colesterol total,
HDL-c e triacilgliceróis foram determinadas segundo o método
enzimático colorimétrico. Realizou-se o cálculo do índice de Castelli I
e II e a aferição da pressão arterial sistólica e diastólica. Os dados foram
analisados utilizando o software estatístico SPSS for Windows 20.0. Os
valores médios de ingestão dietética de selênio (µg/kg/dia) pelas
mulheres obesas estavam inferiores quando comparados ao grupo
controle (p<0,001). As concentrações plasmáticas e eritrocitárias
apresentaram valores reduzidos nas mulheres com obesidade quando
comparadas ao grupo controle (p<0,001), já as concentrações de selênio
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urinário estavam superiores (p<0,001). Houve diferença estatística
entre os grupos em relação os parâmetros de risco cardiovascular:
circunferência da cintura, circunferência do pescoço, relação cinturaquadril, índice de conicidade, triacilgliceróis e VLDL-c (p>0,05). O
estudo revelou correlação negativa entre as concentrações plasmáticas
de selênio e o colesterol total, não-HDL, LDL-c e pressão arterial
sistólica. O selênio urinário apresentou correlação negativa com
circunferência da cintura, circunferência do quadril e correlação
positiva com circunferência do pescoço, colesterol total, triacilgliceróis,
HDL-c, não-HDL e VLDL-c. Além disso, verificou-se correlação
negativa entre o selênio dietético e circunferência da cintura, relação
cintura-quadril, circunferência do pescoço, índice de conicidade,
colesterol não-HDL, LDL-c, índice de Castelli I e II, bem como positiva
com HDL-c e pressão arterial diastólica. As mulheres com obesidade
avaliadas nesse estudo apresentam alterações no estado nutricional
relativo ao selênio, bem como aumento dos parâmetros do risco
cadiovascular. Além disso, pode- se inferir que a correlação obtida entre
os biomarcadores do selênio (plasma, eritrócitos e urina) e alguns
parâmetros do risco cardiovascular, reflete a possível atuação positiva
do selênio na proteção do risco de doenças cardiovasculares.