SOUSA, M. P. S. Relação entre marcadores da inflamação crônica de baixo grau e estado
nutricional relativo ao cobre em mulheres com obesidade. 2022. 63 f. Dissertação (Mestrado)
- Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição, Universidade Federal do Piauí,
Teresina, PI.
INTRODUÇÃO: A disfunção do tecido adiposo presente na obesidade contribui para a
manifestação de complicações metabólicas com repercussões clínicas relevantes, a exemplo da
inflamação crônica de baixo grau. Nesse sentido, tem havido interesse crescente em identificar
a possível influência de citocinas inflamatórias na homeostase de micronutrientes em
indivíduos com obesidade, sendo que o cobre, em particular, por sua ação pró-oxidante,
constitui um dos minerais alvo de diversas pesquisas. Assim, o objetivo deste estudo consiste
em analisar a relação entre marcadores da inflamação e o estado nutricional relativo ao de cobre
em mulheres com obesidade. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo transversal, com
mulheres na faixa etária entre 20 e 50 anos de idade, as quais foram distribuídas em dois grupos:
caso (mulheres com obesidade, n = 80) e controle (mulheres eutróficas, n = 122). Foram
realizadas aferições do peso corporal, estatura e circunferência da cintura, conforme
metodologia descrita pelo Ministério da Saúde. A análise da ingestão de cobre foi realizada
utilizando o programa Nutwin versão 1.5, após aplicação do registro alimentar de três dias. As
concentrações de cobre plasmático e eritrocitário foram determinadas segundo o método de
espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente, enquanto que a
atividade da enzima Superóxido Dismutase (SOD) nos eritrócitos foi avaliada em analisador
bioquímico automático. A determinação das concentrações séricas de Interleucina (IL)-6, IL-8,
IL-12, IL-10, IL-1β e Fator de Necrose Tumoral-Alfa (TNF-α) foi conduzida por meio do kit
Cytometric Bead ArrayTM Human Inflammatory Cytokines (BD Biosciences, United States),
procedimento realizado em citômetro de fluxo. Os dados foram analisados por meio do
programa estatístico SPSS for Windows 26.0. RESULTADOS: As mulheres com obesidade
apresentaram concentrações séricas superiores de IL-6 quando comparadas ao grupo controle
(p < 0,05). De forma semelhante, o estudo revelou consumo do mineral superior pelas mulheres
com obesidade (p < 0,05). O grupo caso apresentou concentrações de cobre superiores no
plasma e inferiores nos eritrócitos quando comparado ao grupo controle. Além disso, a
atividade da SOD nos eritrócitos das participantes com obesidade apresentou-se inferior quando
comparada às mulheres eutróficas (p < 0,05). O estudo identificou correlação moderada
negativa significativa entre as citocinas TNF-α e IL-10 e a atividade da SOD nos eritrócitos no
grupo de mulheres com obesidade (p < 0,05). CONCLUSÃO: A partir dos resultados deste
estudo, pode-se concluir que as mulheres com obesidade apresentam concentrações séricas de
IL-6 elevada, o que caracteriza a inflamação crônica de baixo grau. Além disso, as mulheres
com obesidade apresentam alterações no estado nutricional relativo ao cobre, caracterizadas
por concentrações elevadas no plasma e reduzidas nos eritrócitos quando comparadas às
eutróficas. As concentrações de TNF-α e IL-10 apresentam associação negativa com a atividade
da SOD eritrocitária nas mulheres com obesidade do estudo. Tal dado sugere a possível
influência da inflamação crônica na distribuição do cobre em indivíduos com obesidade.