INTRODUÇÃO: Apesar de vários fatores influenciarem na decisão de consumo de alimentos
(concentração de açúcar no sangue, variações hormonais, disponibilidade de alimentos, estado
emocional e memória), todas estas informações convergem para as redes neurais associadas à
decisão. OBJETIVO: Avaliar os efeitos da neuromodulação no desejo alimentar, nas funções
executivas cerebrais e em marcadores de inflamação/ atividade antioxidante.
METODOLOGIA: Ensaio clínico randomizado, paralelo e duplo cego. Participaram
profissionais de saúde, com idade entre 20 e 59 anos. Não participaram indivíduos que
possuíssem critérios que contraindicassem: o uso da neuromodulação, ou impedissem a
realização da fonoterapia para a mastigação. Foram aplicados os seguintes instrumentos:
questionários de Desejos Intensos por Comida – Traço e Estado; AMIOFE para avaliar a
função
e eficiência mastigatórias; teste de span de dígitos; Teste Stroop de Cores e Palavras (TSCP),
versão Victoria; Trial Making Test. Realizadas também as determinações das espécies
reativas ao ácido tiobarbitúrico e biomarcadores de peroxidação lipídica. Os participantes
receberam tDCS real e tDCS sham durante 10 sessões no período de tratamento.
RESULTADOS: Foi encontrada redução estatisticamente significativa no valores de QDIC-T
(p<0,0074**); Span de dígitos (ordem direta: p<0,007**; ordem inversa: p<0,01**); TSCP
(condições 1: p<0,003**; 2: p<0,006** e 3: p<0,008**); Trail Making Test (A: 0,05* e B:
0,007**), em mulheres com a idade média predominantemente entre 31 e 40 anos; renda
compatível com a classe média; alto grau de escolaridade; com sobrepeso e sem contágio
prévio por Covid-19, no grupo tDCS quando comparado ao grupo sham. DISCUSSÃO: Os
fatores idade e nível de
escolarização além de serem considerados como determinantes biológico e econômico;
respectivamente, impactam nas condições de saúde e diretamente no desempenho geral das
funções executivas não só quanto no acesso e na escolha dietética dos alimentos que otimizam
a atividade antioxidante e demais escolhas saudáveis, mas também na percepção do processo
saúde-doença. Os mecanismos neurais subjacentes à interferência emocional no controle
inibitório à decisão alimentar estão existentes a partir da ativação encefálica para diferentes
níveis de conflitos sensoriais/ distratores, foram simulados na TSCP nas três condições.
CONCLUSÃO: O uso da tDCS influencia na redução dos desejos alimentares, na redução do
tempo de reação das funções executivas, apesar de não haver alterações significativas nos
parâmetros bioquímicos de inflamação.