Introdução: O câncer de mama (CM) é uma doença crônica não transmissível com
etiopatogenia complexa, que envolve mecanismos endócrinos, metabólicos, moleculares
e fatores ambientais. Nesse sentido, estudos têm evidenciado a influência do hábito
alimentar na carcinogênese, em particular a Dieta do Mediterrâneo (DM) e o potencial
inflamatório da dieta, não havendo consenso dessa relação no câncer de mama. Objetivo:
Analisar a associação do índice inflamatório da dieta (IID®) e adesão à dieta do
mediterrâneo com indicadores de agressividade tumoral em mulheres com CM.
Metodologia: Estudo caso-controle realizado em 181 mulheres distribuídas em dois
grupos: com CM (caso, n=90) e sem CM (controle, SCM; n=91). Os aspectos clínicos e
reprodutivos foram avaliados por meio de entrevista, e a classificação dos subtipos
moleculares para determinação da agressividade tumoral foi realizada segundo o Painel
Internacional de Especialistas na Conferência sobre Câncer de Mama St. Gallen (2011).
O consumo alimentar foi avaliado pelo questionário de frequência alimentar (QFA) e a
adiposidade corporal por bioimpedância, circunferência da cintura e razão cintura quadril.
A adesão à DM foi avaliada segundo o score da DM e o IID®, calculado pela metodologia
proposta por Shivappa (2014). Na análise estatística foi realizado o teste t independente
e o teste Mann-Whitney para comparação de médias de variáveis contínuas paramétricas
e não paramétricas, respectivamente. O Odds ratio (OR) e intervalos de confiança de 95%
(IC) correspondentes foram calculados usando modelos de regressão logística não
condicional, univariada e multivariada, considerando significativos valores de p<0,05.
Resultados: Os resultados mostraram que as mulheres com CM e as do grupo controle
consumiam dieta com potencial pró-inflamatório, sendo a média do IID® de 1,87 ± 1,27
e 2,18 ± 1,16, respectivamente, sem diferença entre os grupos. O principal tipo de
carcinoma mamário foi o ductal invasivo, positivo para receptor de estrogênio/ou
progesterona. Não foi evidenciada associação entre o IID® e os parâmetros de
agressividade tumoral nas mulheres com câncer. As médias dos scores da DM foram de
4,08 ± 1,61 e 4,22 ± 1,69 nas mulheres com e sem CM, respectivamente, sem diferença
entre os grupos (p=0,563). O estudo não mostrou relação entre o risco de CM e os
diferentes níveis de adesão à DM, após ajustes nos modelos de regressão logística, OR=.
Conclusão: A dieta consumida pelas mulheres com CM possuia potencial pró-
inflamatório, porém não apresentou associação com a agressividade tumoral e
composição corporal. A “média adesão à DM foi identificada nas mulheres com e sem
CM, sem diferença entre as mesmas. Além disso os diferentes níveis de adesão à essa
dieta não demonstraram efeito no risco para o CM.