Os inquéritos populacionais de saúde permitem a vigilância de doenças
crônicas não transmissíveis e seus determinantes. Sendo assim, este
trabalho teve como objetivo abordar os aspectos metodológicos do
“Inquérito de Saúde Domiciliar no Piauí - ISAD-PI”, assim como,
avaliar o consumo de feijão como fator protetor para a presença de
doenças crônicas não transmissíveis na população adulta de Teresina e
Picos, no Piauí. Os dados deste estudo são provenientes do ISAD-PI”,
um estudo de base populacional, transversal, que objetivou analisar
determinantes e condições de saúde da população residente nas áreas
urbanas dos municípios de Teresina e Picos, no Piauí. A presente tese é
composta por três capítulos, em que cada capítulo é redigido em
formato de artigos científicos, sendo um capítulo para cada objetivo
específico definido nesta tese. O primeiro capítulo trata sobre a
descrição do ISAD-PI, com ênfase na população do estudo,
procedimentos de amostragem e de coleta de dados. Além disso, a
conformidade do plano amostral foi avaliada. No segundo capítulo, foi
verificada a associação entre a frequência semanal do consumo de
feijão com a obesidade e o risco cardiovascular em indivíduos adultos,
de ambos os sexos. No terceiro capítulo foi avaliada a associação entre
o consumo de feijão com componentes da Síndrome Metabólica (SM),
bem como com a presença de SM diagnosticada em indivíduos adultos,
de ambos os sexos. No primeiro capítulo, foi demonstrado que o plano
de amostragem do ISAD-PI foi adequado. Além disso, o número de
indivíduos na amostra final foi considerado apropriado para estudos em
saúde pública, pois possibilitou a obtenção de estimativas com precisão
adequada. No segundo capítulo, foi verificado que mais da metade da
população estudada consome feijão pelo menos 6 vezes na semana. A
prevalência de obesidade e de risco cardiovascular foi de 25,6% e
31,6%, respectivamente. A maior frequência semanal de consumo de
feijão foi associada ao local de residência no interior do estado, ao sexo
masculino, a baixa escolaridade, ao consumo de salada crua e ao estado
nutricional não obeso. Além disso, foi constatado que indivíduos que
consomem feijão mais frequentemente possuem menores medidas de
prega cutânea tricipital e circunferência do braço. As razões de
prevalência de obesidade e risco cardiovascular foram respectivamente
38% e 23% menores no grupo que consome feijão com mais frequência.
No terceiro capítulo, a prevalência de SM identificada foi de 31,2%,
sendo mais predominante em indivíduos com menor nível educacional.
O consumo de feijão não esteve associado aos componentes da SM.
Entretanto, os indivíduos que consumiam mais feijão por dia
apresentaram razão de prevalência de SM 48% menor comparados aos
indivíduos que consumiam menos. Concluiu-se que dados gerados a
partir do ISAD-PI poderão contribuir para a avaliação das condições de
saúde e morbidade na população. Além disso, aspectos metodológicos
empregados nesta pesquisa poderão servir de base para estudos
realizados em outras cidades (capítulo 1). Ademais, os resultados
obtidos apoiam a recomendação do consumo regular de feijão,
importante por apresentar uma associação inversa com a obesidade,
risco de doenças cardiovasculares e síndrome metabólica (capítulos 2
e 3).