A disfunção do tecido adiposo favorece alterações no
metabolismo do cortisol, o que pode contribuir para a hipozincemia, hiposelenemia e
hipamagnesemia em indivíduos com obesidade. No entanto, ainda não existem dados na
literatura sobre a relação entre o cortisol, o metabolismo do zinco, selênio e magnésio e sua
repercussão na resistência à insulina e estresse oxidativo em indivíduos com obesidade. Assim,
esta tese teve como objetivos: 1) Apresentar os mecanismos envolvidos na estrutura do tecido
adiposo, expansibilidade do tecido, disfunção dos adipócitos, bem como o impacto desses
eventos na manifestação de importantes distúrbios metabólicos associados à disfunção do tecido
adiposo; 2) Atualizar aspectos constantes na literatura sobre a participação do cortisol no
desenvolvimento da resistência à insulina, e ainda, a relação desse fato na distribuição do zinco
em organismos com obesidade, e 3) Verificar a associação entre parâmetros do metabolismo do
cortisol, marcadores dos minerais (magnésio, zinco e selênio) e sua repercussão sobre a
resistência à insulina e o estresse oxidativo em mulheres com obesidade. No primeiro estudo, foi
conduzida busca nas bases de dados PubMed, Scopus, Web of Science e Cochrane Library, sendo
incluídos artigos que apresentavam foco na estrutura e remodelação do tecido adiposo,
principais mecanismos relacionados a disfunção desse tecido e as implicações metabólicas
resultantes desse processo. O terceiro estudo de natureza transversal, envolveu 174 mulheres
com idade entre 18 e 50 anos, que foram distribuídas em dois grupos de acordo com o IMC:
grupo obesidade (n = 90) e grupo eutrofia (n = 94). Nesse estudo foram avaliadas as
concentrações séricas de cortisol, ACTH e CGB, urinárias de cortisona, THF e THE, atividade das
enzimas GPx, SOD e catalase e as concentrações plasmáticas de TBARs, marcadores do controle glicêmico e as concentrações plasmáticas, eritrocitárias e urinárias de zinco, selênio e magnésio.
Os resultados revelaram diferenças significativas entre todos os parâmetros do metabolismo do
cortisol, exceto o ACTH. As mulheres com obesidade apresentaram redução nas concentrações
plasmáticas e eritrocitárias de zinco, selênio e magnésio e elevada excreção urinária. Quanto aos
marcadores do estresse oxidativo, verificou-se GPX e TBARs e reduzidos de SOD nas mulheres
com obesidade quando comparadas o grupo controle. Houve correlação positiva entre os
parâmetros de adiposidade e marcadores do metabolismo do cortisol, bem como do cortisol com
marcadores dos minerais avaliados. A correlação canônica entre marcadores do metabolismo do
cortisol, minerais e marcadores do controle glicêmico e estresse oxidativo das participantes do
estudo não revelou resultado significativo. As mulheres com obesidade avaliadas neste estudo
apresentam desordens no metabolismo do cortisol, bem como alterações na homeostase dos
minerais avaliados, como hipozincemia, hiposelenemia e hipomagnesemia. Além disso, os dados
obtidos sugerem a presença de estresse oxidativo nas mulheres com obesidade avaliadas. No
entanto, o estudo de associação não permite identificar que o impacto do cortisol sobre a
homeostase dos minerais avaliados compromete o sistema de defesa antioxidante e na
sensibilidade à insulina.