INTRODUÇÃO: A sarcopenia é caracterizada pela perda de força e massa muscular e está associada
à pior prognóstico em pacientes com câncer de mama. A deficiência de selênio tem sido apontada
como um fator contribuinte para o desenvolvimento da sarcopenia, por promover hipoatividade
de selenoproteínas, comprometendo a proteção dos miócitos contra espécies reativas de oxigênio,
além de que, baixas concentrações desse mineral, pode favorecer o aumento de citocinas pró-
inflamatórias, e assim a ocorrência de fraqueza muscular. Portanto, o objetivo desse estudo foi
investigar a relação entre parâmetros de selênio e sarcopenia em mulheres com câncer de mama.
METODOLOGIA: Estudo transversal realizado com 40 mulheres com câncer de mama e 40
mulheres saudáveis. Foram realizadas medidas de peso corporal, estatura, circunferência da
cintura e cálculo do índice de massa corporal. A análise da ingestão de selênio e de
macronutrientes foi realizada por meio de dois recordatórios de 24h, utilizando programa Nutwin,
versão 1.5. A determinação das concentrações plasmática e eritrocitária do selênio foi realizada
segundo método de espectrometria de emissão atômica. O risco de sarcopenia foi avaliado
utilizando o Escore SARC-CalF e para o diagnóstico de sarcopenia as participantes deveriam
apresentar força de preensão palmar inferior a 16 kg e índice de músculo esquelético menor que
5, 75 kg/m2. Os dados foram organizados em planilhas do Excel e exportados para o programa SPSS
for Windows®, versão 25.0, para análise estatística. RESULTADOS: A maioria das mulheres com
câncer eram pardas, moravam na zona urbana, tinham bom nível de escolaridade, viviam com
companheiro, tinham renda entre 1 a 5 salários mínimos e eram sedentárias. Mais da metade
dessas mulheres tinham tempo de diagnóstico inferior a um ano, foram submetidas a algum tipo
de tratamento, não possuíam história prévia de lesão benigna da mama e nem história familiardessa neoplasia, estavam na pós menopausa, com idade da menopausa inferior ou igual a 55 anos,
não tiveram menarca precoce, faziam uso de anticoncepcional, tiveram filhos, com idade da
primeira gestação ≤30 anos e amamentaram por tempo ≥6 meses. Houve predominância de
mulheres com carcinoma ductal invasivo e subtipo luminal B, com grau histológico 2, no estádio 1
ou 2 da doença. Houve diferença significativa entre os grupos em relação a idade e parâmetros
antropométricos, com exceção da altura. O grupo caso apresentou consumo significativamente
inferior de energia, carboidrato, lipídio e selênio, quando comparado ao grupo controle. Houve
diferença estatística significativa entre os grupos em relação as concentrações eritrocitárias de
selênio. Nenhuma participante com câncer de mama teve diagnóstico de sarcopenia, mas 7,5%
apresentavam risco de sarcopenia, 12,5% e 25% tiveram baixa força muscular e baixo índice de
músculo esquelético, respectivamente. Não houve correlação significativa entre os parâmetros de
selênio, força de preensão palmar e índice de músculo esquelético. CONCLUSÃO: O estudo mostra
que as mulheres com câncer de mama apresentavam parâmetros de selênio inadequados, mas
não apresentavam diagnóstico de sarcopenia, todavia a baixa força muscular e baixo índice de
músculo esquelético foi identificado nessas participantes.