O objetivo desta tese foi verificar a associação entre o consumo de AUP com a deficiência de
vitamina D, composição corporal e risco cardiovascular em adultos e idosos. A tese compreende
três capítulos em formatos de artigos científicos, todos com delineamento transversal, utilizando
dados da pesquisa de base populacional ―Inquérito de Saúde Domiciliar no Piauí. O capítulo 1
mostrou uma associação entre o consumo de AUP com deficiência de vitamina D, no qual utilizou-
se dados sociodemográficos, de estilo de vida, antropométricos, vitamina D sérica e consumo
alimentar de 229 indivíduos (≥20 anos), de ambos os sexos. O capítulo 2 mostrou a associação
entre o consumo de AUP com indicadores antropométricos, compreendendo uma amostra de 490
indivíduos (≥20 anos) utilizando-se dados sociodemográficos, estilo de vida, antropométricos e
consumo alimentar. A associação entre o consumo de AUP e as DCV e os índices de
aterogenicidade foi analisada no capítulo 3, no qual foram utilizados dados sociodemográficos,
estilo de vida, antropométricos, bioquímicos e consumo alimentar de 490 indivíduos (≥20 anos).
Os resultados do capítulo 1 mostram que a maioria dos indivíduos de 20 a 39 anos apresentava
deficiência de vitamina D (52,1%). Ademais, os AUP contribuíram com 19,9% da ingestão calórica
da dieta, sendo essa contribuição maior para os indivíduos com deficiência de vitamina D (22,5%).
O maior consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e ingredientes culinários foi
associado a deficiência de vitaminia D (OR: 0.45, IC:0.21/0.96). Além disso, alta ingestão de AUP
foi associada ao dobro do risco de deficiência de vitamina D em comparação com o baixo consumo
de AUP (OR: 2,05; IC: 1,06/4,50). Nos resultados do capítulo 2 foram observados que indivíduos
de 20 a 35 anos apresentaram associação positiva entre consumo de AUP e prega cutânea triciptal
(ß: 0,04; IC: 0,03/0,09), demonstrando aumento desse marcador de gordura corporal subcutânea
com maior consumo de AUP. Ademais, em participantes de 36 a 59 anos, observou-se associação
inversa entre consumo de AUP com circunferência do braço (ß: - 0,02; IC: -0,03/-0,01). A área
muscular do braço também foi associada inversamente a esse grupo de alimentos (ß: -0.02; IC: -
0.03/-0.00), assim como a área muscular do braço corrigida (ß: -0,07; IC: -0,12/-0,02), indicando
menor massa muscular naqueles indivíduos com elevado consumo de AUP. No capítulo 3, o
consumo de AUP apresentou maior contribuição calórica para aqueles com diagnóstico de doença
cardiovascular (DCV) e também foi observada associação entre a prevalência de DCV e maior
consumo de AUP (RP: 2,71; IC: 1,31/5,60). O elevado consumo de AUP também esteve associado
ao índice aterogênico plasmático (ß: 0.10; IC: 0.003/0.20), bem como ao coeficiente aterogênico (ß:
0,20; IC: 0,01/0,39) e a relação TG/HDL-c (RP: 1,47; IC: 1,06/2,05). Portanto, a partir dos
resultados obtidos é possível concluir que os AUP estão associados à deficiência de vitamina D,
redução de massa muscular, aumento de massa gorda e elevado de risco cardiovascular, tendo o
potencial de influenciar negativamente a saúde humana.