Introdução: As doenças inflamatórias intestinais (DII), doença de Crohn (DC) e retocolite ulcerativa (RCU) são caracterizadas por inflamação crônica do trato gastrointestinal. Fatores como deficiência de vitamina D e o potencial inflamatório da dieta (PID) podem influenciar o quadro clínico desses pacientes, com alterações na composição corporal, nos marcadores inflamatórios, no estresse oxidativo e na expressão gênica do receptor da vitamina D. Objetivo: Este estudo investigou a relação entre as concentrações séricas da vitamina D e o PID com a composição corporal, marcadores inflamatórios, estresse oxidativo e a expressão gênica do VDR em pacientes com DII. Metodologia: Estudo transversal envolvendo 62 pacientes com DII e 24 controles saudáveis. A composição corporal foi realizada por bioimpedância elétrica e o consumo alimentar avaliado por três recordatórios alimentares. O PID foi realizado conforme proporção e peso para cada grupo alimentar. As concentrações séricas da vitamina D e a expressão gênica do receptor da vitamina D foram realizadas por eletroquimioluminescência e por amplificação por reação em cadeia da polimerase quantitativa em tempo real (qrt-PCR), respectivamente. Os marcadores de estresse oxidativo, superóxido dismutase (SOD), glutationa (GSH), malondialdeído (MDA), mieloperoxidase (MPO) e nitrito foram avaliados por espectrofotometria. Os marcadores inflamatórios PCR, VHS e RDW foram obtidos dos prontuários médicos dos pacientes. Resultados: O estágio de remissão da doença foi prevalente, com 82,76% na DC e 59,26% na RCU. O estado nutricional variou entre eutrofia e sobrepeso, com alterações nos parâmetros de composição corporal dos pacientes com DII, como área de gordura visceral, percentual de gordura corporal e massa magra em relação aos controles (p<0,05). Os pacientes com RCU mostraram maior PID relação aos controles (p=0,044). As concentrações séricas da vitamina D estavam mais altas na DC em relação aos controles (p = 0,005). Não houve diferenças significativas nos marcadores inflamatórios entre DC e RCU (p>0,05) e na expressão gênica do VDR entre DC e CTL (p=0,092). Com relação aos marcadores do estresse oxidativo, os pacientes com DII apresentaram maior atividade da GSH, e menor concentração de MDA, em relação ao grupo controle (p<0,05). Pacientes com RCU apresentaram correlações negativas entre vitamina D e IMC (r=-0,799, p<0,05), percentual de gordura corporal (r=-0,578, p>0,05), AGV (r=-0,655, p<0,05) e circunferência da cintura (r=-0,657, p<0,05). Houve associação positiva entre vitamina D e expressão gênica do VDR (r=0,502, p=0,028). Não houve correlações entre o PID e marcadores inflamatórios ou de estresse oxidativo. Conclusão: Pacientes com DII, em estágio de remissão da doença, têm concentrações adequadas de vitamina D e expressão gênica do VDR semelhante aos controles, bem como perfil inflamatório e do estresse oxidativo sem alterações. No estágio de remissão, os pacientes tendem a reduzir o medo de comer, fato que pode ter contribuído para uma dieta com potencial anti-inflamatório. A relação entre vitamina D e parâmetros de composição corporal em pacientes com RCU sugere uma possível influência dessa vitamina na saúde metabólica desses pacientes. Nesse contexto, enfatiza-se a importância da manutenção do estágio de remissão da doença, assegurando melhores condições clínica e nutricional dos pacientes.